minha memória inconsolável

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No lugar que horas atrás estava sendo preenchido por risadas doces e o calor aconchegante de dois corpos conectados, agora se via coberto por uma atmosfera cinza, triste e vazia. Minjeong ainda estava tentando processar tudo que acontecera. Havia perdido completamente o apetite, as panquecas e o café agora frios na mesa, permaneceram intocados como uma lembrança dolorosa do que era para ter sido e não foi.

Minjeong sabia da existência daquela conta no Twitter a muito tempo, e sinceramente, nunca se importou verdadeiramente com isso, muitas vezes até rindo com a criatividade que aquela pessoa por trás da tela tinha para ofendê-la. Imaginava que fosse algum pré-adolescente sem atenção o suficiente dos pais administrando o perfil, porém descobrir que a pessoa em questão era ninguém menos que Yu Jimin, atingiu seu coração como uma flecha. Desde de que se conheceram, a menor sabia do ódio de Jimin sobre ela, entretanto não imaginava que fosse naquele nível.

A garota decidiu fazer o que sabia que não deveria, mas não se conteve em olhar todos os tweets que Jimin já havia feito sobre ela. Seu peito doía mais a cada palavra lida e ao chegar ao último, seus olhos estavam cheios de lágrimas. O pior de tudo é que ela queria sentir raiva, queria odiar Jimin na mesma intensidade que a garota a odiava, queria gritar, jogar copos na parede e surtar como uma verdadeira mulher que se sente traída surta. Entretanto, Minjeong não conseguia.

Mesmo depois de tudo, depois da morena tê-la abandonado sozinha sem ao menos olha-la nos olhos e principalmente depois das coisas que leu, ainda sim Minjeong não conseguia odiá-la. Seria tão mais fácil se ela conseguisse, iria esquecer do que as duas tiveram e seguiria em frente. Entretanto, a loira sabia que nunca seria capaz de esquecer Yu Jimin. Nem se juntasse todas as forças do seu ser, seria capaz de apagar de sua memória a garota com uma pintinha do lado da boca. Kim Minjeong nunca fora uma pessoa religiosa, mas as vezes poderia jurar que Deus havia feito Jimin para ela.

Pelo resto daquele dia, Minjeong esperou por Jimin. Ela tinha esperanças de que a qualquer momento a morena apareceria em sua porta, dizendo que se arrependia, que tudo aquilo estava no passado, que ela a amava e que superariam aquilo juntas. Entretanto, o tempo passava, o mundo do lado de fora acontecia e a loira se via congelada esperando por algo que nunca acontecera, pois naquele e nem no dia seguinte, Jimin voltou para ela.

[...]

Semanas se passaram desde que Jimin fora embora. A mesma deletou todas as suas redes sociais, cortou contato com as poucas pessoas que mantinha relações e simplesmente parou de aparecer no trabalho. Passava os dias em seu quarto dormindo e vendo filmes. Falava pouco e comia menos ainda, havia praticamente se tornado um fantasma dentro de sua própria casa.

Sua mãe, Taeyeon, sabia de toda situação e se via incapaz de ajudar a filha. Ela nunca havia visto Jimin naquele estado e estava preocupada, porém todas as tentativas de fazer com que a garota se sentisse melhor eram em vão. Chegou em um ponto que a única forma de ajudar era oferecer colo e carinho quando o choro e a dor da garota eram grandes demais para serem enfrentados sozinhos.

Giselle também tentou de tudo, mandava mensagens, ligava e chegou ao ponto de aparecer na casa da morena, todavia nada funcionava, em todos os momentos a garota fora ignorada. Jimin se recusava a vê-la, tanto que ela não sabia o que de fato tinha acontecido naquele dia entre as duas, pois a maior nem ao menos havia lhe contado.

Jimin sentia como se tivesse afundado em um oceano profundo e não conseguia sair. Ao mesmo tempo que seu peito era preenchido por um vazio, a dor e a culpa permaneciam ali. Não havia um momento de seu dia cujo ela não pensava em Minjeong, era irônico o fato de que Jimin poderia fugir e correr desesperadamente para o mais longe possível da loira, mas ela nunca saia de seus pensamentos.

a princesa e a plebeia.Onde histórias criam vida. Descubra agora