15 - Diálogos e vinho

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Dormi por algumas horas. Não sei ao certo quanto tempo, mas sei que foi revigorante. Eu não queria dormir. Por algum tempo, pensei que não conseguiria graças a toda a merda que aconteceu, porém, meu corpo não aguentava mais. Eu precisava descansar.

Acordei no que parecia ser o dia seguinte. Incrivelmente me sentia limpa, mesmo estando suja e nua. Olhei para a cama; o lençol havia sido trocado e minhas pernas não estavam meladas de porra. Deduzi que Samael havia me limpado e arrumado a cama enquanto eu dormia.

Sai da cama. Me levantei e caminhei até o banheiro. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Entrei debaixo da água. Meu corpo relaxou com a água quente. Puta merda, isso era tudo o que eu precisava. Me sentia morta. Tudo doía, principalmente minha virilha. Ele me fodeu tão forte que me machucou. Merda.

Esfreguei minha pele, tentando tirar o cheiro de Samael e falhando. Seu cheiro fazia parte de mim. Seu gosto. E agora, sua porra. Caralho. Ele gozou dentro de mim. Suspirei pesadamente. De mim, ia nascer um mini demônio com meu rosto e olhos azuis. Uma criaturinha qual eu serei obrigada a conviver, é claro. Samael não parece gostar de crianças e, uma tentativa de aborto, com certeza irá falhar porque é um demônio. É óbvio. Sem saída.

Encostei a testa na parede fria.

— Cacete... — murmurei pra mim mesma. Samael fodeu minha vida e, com essa criança, estaremos ligados para sempre.

Não tinha energia pra me debater agora, ou chorar, esmurra... Não tinha energia para nada. Estava cansada e suja.

Me afundei na água novamente. Lavei meus cabelos, minha pele, tudo. Com cuidado, lavei minha virilha dolorida. Fiz minha higiene bocal e saí do banheiro, enrolada numa toalha limpa. Vesti uma calça moletom e uma blusa de frio gola alta, cobrindo meus pulsos marcados e machucados e meu pescoço e colo cobertos por chupões e marcas de mordidas. Assim, sai do quarto.

A casa estava estranhamente limpa e cheirosa. Tudo cheirava a desinfetante. Caminhei até a sala e a encontrei arrumada. Pela janela, consegui ver que  era de manhã (quase madrugada). Na mesa da sala, encontrei quatro garrafas de vinho. Ignorei e fui até a cozinha. Lá, encontrei uma mesa farta: frutas, bacon, ovos fritos e o forte cheiro de café. Uau... Nem consigo imaginar quem fez isso tudo e porquê.

De repente, sinto braços envolta da minha cintura, me agarrando por trás.

— Bom dia — disse num ronronar sobre o meu ouvido. Depois, aproximou os lábios até minha bochecha e depositou um beijo. Ele me abraçou. — tá com fome?

— Não — menti. — Você tá?

— Nah — ele sorriu, inabalável.

— Quantas horas?

— Sete e quarenta e um. Tem compromisso?

Teria, se Bev estivesse viva, ou Chloe, ou qualquer um que se importasse comigo.

— Não — respondi.

Samael soltou o meu corpo assim que me sentiu começar a andar. Me sentei do outro lado da mesa.

Ele me serviu ovos e bacon. Depois, se sentou próximo a mim. Ele estava radiante, diferente de mim. Desviei o olhar para o prato servido.

— Come. Sei que está com fome — ele sorriu. Pegou o garfo e cortou um pedaço de bacon e outro de ovo. Espetou e guiou até minha boca. — você dormiu um dia inteiro. Acredita?

Filho da puta. Me machuca e agora me trata com carinho, pensei, me impedindo de falar.

Abri a boca, dando passagem ao garfo. Ele o tirou da minha boca e pegou um pouco mais do café da manhã. Samael nunca precisou perguntar o que eu gostava; ele sempre parecia saber. Me serviu café após me dar outra garfada.

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (CANCELADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora