Chapter One

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Maria estava organizando suas malas com movimentos precisos e mecânicos. Cada peça de roupa dobrada parecia carregar o peso de suas dúvidas e responsabilidades. Ela não estava animada para voltar a Mystic Falls, o lugar onde tantas memórias e dores estavam enterradas. Mas sabia que seus irmãos precisavam dela. Mesmo que não acreditassem nela, mesmo que a desconfiança os separasse, ela faria tudo para protegê-los.

A viagem para Mystic Falls não foi longa, mas, para Maria, cada quilômetro parecia uma lembrança voltando à superfície. O céu cinzento e as árvores altas ao longo da estrada criavam uma sensação de nostalgia, um aperto familiar em seu peito. Ao chegar em frente à sua mansão — uma construção antiga e imponente, escondida entre as sombras densas da floresta —, ela sentiu o ar pesado e úmido, como se o próprio lugar carregasse o peso dos segredos que guardava.

Afastada da cidade e da mansão Salvatore, sua casa era um refúgio, uma fortaleza isolada. Maria respirou fundo antes de abrir a porta e entrar. O silêncio a recebeu como um velho amigo, ecoando pelas paredes e corredores. Ela subiu as escadas até o seu quarto, cujas janelas davam vista para a floresta que a cercava.

No banheiro, ela deixou a água quente cair sobre seu corpo, sentindo a tensão se dissipar momentaneamente. Ao sair, secou-se devagar, como se precisasse de tempo para se recompor. Abriu o armário e escolheu uma camiseta preta de alças finas, que se ajustava ao corpo como uma segunda pele. Vestiu uma calça combinando, de tecido firme, botas de salto que ecoavam no chão de madeira e, por fim, um blazer preto, que completava o visual elegante, porém prático.

Depois de pronta, Maria pegou as chaves do carro e saiu da mansão. O motor rugiu, cortando o silêncio ao seu redor, e ela seguiu pela estrada sinuosa que a levaria à mansão Salvatore. Porém, no meio do caminho, avistou algo inesperado — um cachorro parado no meio da estrada. Com o reflexo rápido, ela pisou no freio, fazendo o carro derrapar um pouco antes de parar completamente.

Maria saiu do carro apressadamente, o coração ainda acelerado pela freada brusca. Correu até o cachorro, que a olhava com olhos assustados e parecia hesitar.

— Meu Deus, você está bem? — ela murmurou, agachando-se para verificar o animal. Suas mãos eram gentis enquanto ela o examinava.

Foi quando ouviu uma voz familiar, carregada de ironia e um tom quase provocador:

— Você continua bonita.

Maria levantou a cabeça rapidamente, sentindo um calafrio percorrer sua espinha ao reconhecer a figura que se aproximava. Katherine. Aqueles olhos intensos, o sorriso perigoso. Era como ver um fantasma do passado que nunca a deixava em paz.

— Katherine... — ela sussurrou, soltando o cachorro, que rapidamente se afastou para a floresta. Maria se levantou, os olhos fixos na figura à sua frente.

Katherine deu um sorriso enigmático, e seus passos eram graciosos, como de uma predadora se aproximando de sua presa.

— Está aqui por quê, Maria? Seus irmãos não conseguem fazer as coisas sozinhos, e... — ela deixou a frase no ar, seu olhar penetrante avaliando cada reação de Maria.

Maria cruzou os braços, tentando manter uma postura firme, mas seu coração acelerava.

— Você só dá trabalho...

Katherine riu, uma risada baixa e melodiosa.

— Eu? — ela arqueou uma sobrancelha. — E você também dá.

Maria respirou fundo, controlando a irritação crescente. A presença de Katherine sempre fora um misto de provocação e tensão.

— Olha, Katherine, meus irmãos precisam da minha ajuda, e eu vou ajudá-los — Maria disse, dando a volta e segurando a porta do carro, pronta para sair daquela situação antes que as coisas se complicassem ainda mais.

Redimir laços ➳ Katherine Pierce Onde histórias criam vida. Descubra agora