Chapter Four

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Maria observou a porta se fechar atrás de Katherine, o eco suave dos passos dela se afastando pelo corredor. Ela sabia que permitir a presença de Katherine novamente em sua vida era como abrir uma ferida que ela já havia tentado cicatrizar inúmeras vezes. Ainda assim, ali estava ela, estendendo a mão para o calor que só Katherine conseguia oferecer.

Suspirando, ela levantou da cama e se dirigiu ao espelho, encarando o reflexo cansado que a olhava de volta. As olheiras eram profundas, uma sombra persistente de noites mal dormidas e decisões pesadas.

— Por que você sempre volta para mim? -  murmurou para o reflexo, sabendo que a resposta era simples e ao mesmo tempo complexa demais para ser admitida. Porque, por mais que tentasse fugir, Katherine era um pedaço de seu passado que ela não conseguia abandonar, uma âncora que a prendia às memórias que tanto desejava esquecer.

Quando Maria desceu as escadas, o cheiro familiar de café e pão fresco a recebeu. Ao entrar na cozinha, ela viu Katherine de costas, movimentando-se com a mesma leveza e precisão de sempre. Era como se ela pertencesse àquele espaço, como se nunca tivesse ido embora.

— Eu não pedi isso, você sabe — Maria comentou, tentando manter o tom indiferente.

Katherine virou-se, segurando uma xícara de café. Seus olhos brilharam com uma mistura de suavidade e provocação.

— Eu sei que não pediu, mas eu gosto de cuidar de você, mesmo quando você não deixa — respondeu, colocando a xícara na frente de Maria.

Maria hesitou, mas aceitou o gesto. Sentou-se à mesa e envolveu a xícara quente com as mãos, deixando o aroma amargo invadir seus sentidos.

— Você vai ficar mais tempo dessa vez? — perguntou, a voz mais baixa, quase temendo a resposta.

Katherine deu um sorriso enigmático, e por um momento, parecia que a luz do sol iluminava sua pele de uma forma quase sobrenatural.

— Isso depende de você, Maria — ela sussurrou, os olhos fixos nos dela. — Estou aqui enquanto você me permitir.

Maria sentiu um aperto no peito. Ela sabia que permitir Katherine ficar significava reabrir portas que deveriam permanecer fechadas. Mas, ao mesmo tempo, a necessidade de tê-la ali, mesmo que fosse temporário, era forte demais para ser ignorada.

— Por enquanto, eu quero que você fique — admitiu, baixando o olhar para o café, tentando esconder a vulnerabilidade que escapava por suas palavras. — Mas saiba que... não sei quanto tempo consigo segurar isso.

Katherine assentiu, aproximando-se e depositando um beijo suave na testa de Maria.

— Eu vou ficar até você não precisar mais.

E com isso, o silêncio voltou a tomar conta da casa. Elas sabiam que a calmaria era temporária, mas, por ora, estavam dispostas a aproveitar o momento.

Depois do café da manhã, Maria decidiu permanecer na mansão, ainda sentindo o efeito da ressaca que lhe causava uma leve dor de cabeça. O silêncio acolhedor da casa oferecia um conforto efêmero, mas também trazia consigo uma sensação de vazio que a deixava inquieta. Caminhou até a sala de estar, pegou um livro antigo que estava sobre a mesinha e se sentou no sofá, abrindo-o com cuidado. Seus olhos escanearam as primeiras palavras, buscando no texto uma fuga temporária da realidade.

Katherine apareceu na porta, encostando-se no batente enquanto observava Maria com um sorriso malicioso nos lábios. Ela a observou em silêncio por alguns instantes, como se absorvesse cada detalhe da cena antes de interromper a concentração de Maria.

— Você fica sexy quando está lendo — disse Katherine, com um tom suave, mas carregado de uma provocação que só ela sabia fazer.

Maria ergueu os olhos por um momento, mantendo uma expressão neutra e indiferente. Ela sorriu de leve, mas seus olhos continuavam frios.

Redimir laços ➳ Katherine Pierce Onde histórias criam vida. Descubra agora