Capítulo 03 - O braço direito

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Naquele dia, Pam terminou com meu irmão, como eu a aconselhei.

Meu irmão não conseguia comer nem dormir. Ele chorava todos os dias. Ele deixava mamãe e papai preocupados porque ficava bêbado com frequência. Ele entrou em depressão, uma doença mental sobre a qual eu tinha lido no feed do Facebook. Eu me senti culpada olhando para ele como se eu mesmo tivesse lhe dado esse julgamento:

«Se eu fosse você, terminaria com ele.»

Já se passaram seis meses desde então, Kawee recebeu tratamento com medicamentos e aprendeu a aceitar a verdade. Ele sentiu como se finalmente tivesse recuperado sua vida. Fui eu quem sempre me sentia culpada. Eu o empurrei para essa situação. Eu queria ficar longe de casa quando estivesse na universidade, então pedi para ficar em um dormitório. Eu disse que queria um trajeto mais curto e secretamente queria ser livre.

Após o rompimento, Pam não voltou a entrar em contato comigo, embora tenhamos concordado em não bloquear uma a outra no LINE. Pode ter sido por causa da minha pergunta suja sobre a calcinha dela. Acho que ela queria manter distância porque ficou brava e eu senti vergonha, então não mantive contato com ela.

Por que manteríamos contato? Nós já estávamos separadas

- O que está em sua mente? - Preme, meu superior na cafeteria onde eu trabalhava meio período, perguntou curioso depois de me ver distraída, olhando pela janela. Eu sorri embaraçosamente.

- Desculpe.

- O gerente vai repreender você se vir isso.

De repente, me senti deprimida ao ouvir a palavra

«Gerente». Nunca entendi meu pai quando ele se estressava com seu chefe ou com pessoas acima dele. Fui ingênua o suficiente para pensar que todo mundo apenas faz o seu trabalho porque no final são todos funcionários.

Mas percebi agora que a vida profissional era muito mais do que isso. As pessoas se esfaqueavam pelas costas e queriam ser estrelas em ascensão. O dinheiro era apenas um fator. Os seres humanos são animais sociais. Sempre discutíamos sobre alguma coisa, mesmo no meu trabalho de meio período.

Eu ganhava 45 baht por hora, seis horas por dia, e ainda tinha que ouvir meu gerente severo reclamar o dia todo.

Ele criticou minha posição em pé e meu foco no trabalho.

Ele gostava de me fazer sentir menor, só para que ele se sentisse maior.

- Não entendo por que ele sempre reclama de mim e somente de mim - eu disse com raiva.

- Bem, você não vale nada. - Preme riu brincando e me deu um tapinha consolador nas costas. - Mas não acho que você será criticada.

- Por que é que?

- Hoje é o dia que ele precisa manter a calma. Você é nova e ainda não entende. Mas veja o que vai acontecer.

- O que é aquilo? Não obtive resposta e nós dois voltamos ao trabalho.

Não muito depois disso, o gerente entrou com uma expressão renovada no rosto, não com a cara de monstro normal. O grande homem de rosto severo parou bem na minha frente.

- Parar.

Olhei nervosamente para seu rosto sério. Achei que deveria ser um bom dia.

- Olá, gerente.

- Você esqueceu seu crachá - ele disse sombriamente e balançou a cabeça. - Mas seja o que for, vou deixar isso passar hoje.

Ah, sim, foi um bom dia.

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