OS 3J's e o Lobo

𝟼| 𝙵𝚁𝙰𝙽𝙺 𝚁𝚄𝙶𝙶𝙸𝙴𝚁𝙸

𝚏𝚛𝚊𝚗𝚔 𝚁𝚞𝚐𝚐𝚒𝚎𝚛𝚒 - Lobo

Estava no celeiro, atolado com as entregas do dia seguinte. Eu e o Alberto sempre planejamos nossas operações com cuidado, porque cada uma delas carrega seu risco. Meu nome é respeitado em várias máfias, e eu tenho uma reputação a zelar. O que fazemos aqui não é apenas ilegal; é um jogo de poder e respeito. Cada vez que piso em um lugar, deixo claro quem manda. Então, que se danem os outros.

Minha família, os Ruggieri, é bem vista entre as famílias da região. Mas, por conta da nossa história, nunca podemos nos estabelecer em um só lugar. O legado da família traz respeito, mas também muito perigo. Dominamos cada espaço que conseguimos, conquistando respeito e, claro, arrumando brigas. Porque, convenhamos, os porquinhos não são os únicos que se sentem desrespeitados. Como eu sempre digo, meu trabalho é arriscado; então, eu e Alberto sempre revisamos cada detalhe das entregas. Temos que estar prontos para qualquer coisa que venha pela frente, porque na máfia, a surpresa é a última coisa que você quer.

-Lobo? permesso.

Vitale entrou no meu celeiro com uma expressão de desprezo, o cheiro não era muito agradável e o lugar também não era o mais organizado. Mas oh céus! que homem fresco, entrou como se fosse uma celebridade entrando em um bairro pobre.

— Vitale? a que devo a honra? - como sempre sínico, nesse caso, eu sempre sendo sínico.
- Lembraste que quando conversamos te falei que talvez os Marchetti seriam um problema? te avisei que eles não aceitariam!

-Lembro-me, mas tenho certeza que vamos prosseguir com nossos negócios em plena paz! - Até queria sim uma briga com os Marchetti, competições me deixam excitado para trabalhar cada vez mais e sempre ser mais egoísta possível pois foi assim que meu pai me ensinou. Mas não estou inspirado e nem com paciência o suficiente pra brigar com os Marchetti! Mas é claro que a qualquer momento que eu quiser eu posso acabar com eles, eu simplesmente não quero. -E percebi que se não mexermos com eles, nos deixarão em paz.

-Ah claro que vão... mandei meu filho cuidar disso pessoalmente pra mim hoje a noite, e quis vim avisa-lo que eles realmente não serão um problema. Até logo,Lobo. - Vitale saiu de lá no mesmo instante, eu achei curioso ele vir até mim pra dizer uma coisa tão óbvia. Dei de ombros e continuei a terminar meu trabalho com Alberto.

Pegamos as coisas e saímos do celeiro. Nunca deixamos nada pra trás, seja documentos ou provas de qualquer coisa; só deixamos os ingredientes pra produção. Seguimos em direção ao meu apartamento de dois andares, bem no coração da cidade, onde a grana é alta. E sim, eu tenho muito dinheiro, bem mais que os Marchetti.

Acho que é porque trabalho duro, mas, se você me perguntar, eu diria que é porque sou o melhor no que faço. Sempre estou um passo à frente, acima de qualquer um que ouse me desafiar, e nunca deixo de conseguir o que quero. No fim das contas, é assim que o jogo rola na nossa vida, capisce?.

Alberto mora um apartamento abaixo ao meu, sempre deixei ele morar perto de mim pois se precisar resolver algo urgente sobre o trabalho ele está o mais perto possível! odeio esperar. Ele insiste em dizer que é por que me preocupo com ele! eu? me preocupar com alguém além de mim?.... ok, Alberto é uma exceção! mas nem é pra tanto também.

Cheguei no meu apartamento e, tirei meus sapatos Oxford, deixei a formalidade do dia para trás. Troquei por uma roupa confortável, aquela que me deixa à vontade, e me acomodei na poltrona com o jornal do dia. Enquanto as páginas amareladas sussurravam histórias de negócios e trapaças, pensei em cada movimento que fiz naquela jornada. Sempre me pergunto se deixei alguma brecha ou algum detalhe.

Na hora de me deitar, costumo mergulhar nas minhas reflexões sobre os negócios. É ali, no silêncio da noite, que a mente se acalma e as ideias fluem, como um bom vinho num copo de cristal. Mas, de repente, me peguei pensando no que Rinaldo Vitale me disse mais cedo. Ele tem um jeito de falar que faz o coração acelerar e a mente borbulhar, como se estivesse sempre jogando um jogo de xadrez, onde cada movimento conta.