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Amélia Thornton

— Você tem que me prometer que não vai me olhar com outros olhos. - Rafe diz me olhando atentamente e eu me pergunto se poderia prometer isso e realmente cumprir.

Eu já sabia que coisas ruins tinham acontecido, coisas tão ruins que nem Topper tinha coragem de me contar, mas eu precisava saber.

— Eu prometo. - coloco minha mão em cima da dele para que ele fale.

— Quando você foi embora eu me perdi, comecei a me drogar, beber e viver em festas todos os dias das férias. Isso só fez minha relação com o meu pai ficar mais conturbada. - ele conta devagar enquanto observava minha reação atentamente. — E então Sarah começou a se envolver com John B, de primeira meu pai fingiu aceitar, mas depois tentou matar ele. - o olho surpresa. — Se lembra da policial que trabalhava com o Shoupe? - faço que sim com a cabeça. — Quando meu pai tentou fugir com o ouro ela descobriu e foi até ele. Nesse dia eu tinha me drogado e brigado com meu pai, ele nem sequer prestava atenção em mim, tudo se tratava sobre fugir com Sarah e o ouro. - os olhos de Rafe se encheram de lágrimas. — Quando eu vi que ela estava com a arma apontada pro Ward eu... Eu não sei eu só surtei e atirei, tentei proteger ele.

Eu poderia imaginar tudo, menos isso. Senti como se meu chão caísse. Minha respiração estava alterada, meus olhos cheios de lágrimas e minhas mãos suando.

— Eu fiquei paralisado e a única coisa que meu pai fez foi me tirar dali, porque se eu ficasse poderia ser preso. No final quem levou a culpa da morte dela foram os Pogues, eu saí ileso e meu pai também.

— Você não se sente culpado? - pergunto incrédula e ele coloca as mãos no meu rosto quando percebe que mal consigo o olhar.

— Eu me sinto culpado todos os dias Mélia. - o olho por uma fração de segundos e quando vejo o arrependimento em seu rosto faço questão de desviar o olhar. — Ei, você prometeu que não ia fazer isso... - ele parecia estar tão chateado quanto eu.

— É difícil, tá legal? - afasto rafe de mim e suspiro com as mãos no rosto.

Ele bate com a mão na direção do carro parecendo estar irritado mas eu não me assusto.

— Não deveria ter te contado. - afirma com a cabeça baixa e eu limpo algumas lágrimas que teimavam em cair do meu rosto.

— É por isso que a Sarah nem sequer olha pra você?

— Não, tem mais algumas coisas que eu fiz. - o olho na mesma hora o esperando falar. — Eu piorei cada vez mais. Até que um dia eu me droguei e fui procurar a Sarah, eu via nos olhos dela o medo e pavor que ela tinha de mim. Ela tentava falar comigo, tentava me fazer mudar de idéia mas se não fosse Topper eu teria afogado minha própria irmã até a morte. - dessa vez ele não segurou as lágrimas, Rafe estava chorando que nem um bebê.

— Você realmente se arrepende de tudo isso? - pergunto totalmente sem reação, não conseguia mais chorar.

— Eu acho que me perdi tanto porque não tinha você aqui comigo, eu já estava arrependido, mas quando você voltou eu só pensava em como iria me olhar quando soubesse. Talvez se você não tivesse ido embora eu estaria ocupado com você e não com a porra do meu pai.

— Rafe, você tá me culpando? - pergunto alterada e ele me olha negando na mesma hora.

— Não! O que eu quero dizer é que você me faz querer ser uma boa pessoa, eu me perdi completamente sem você aqui Amélia. Por favor, não me deixa de novo. - quase implora e eu suspiro antes de abraçá-lo.

— Eu prometo que se você mudar eu nunca mais te deixo sozinho. - afirmo nos separando e olhando em seus olhos que ainda tinham algumas lágrimas caindo.

— Eu prometo que vou mudar. - seus olhos encontram os meus, seus lábios ficam entreabertos e sua íris fica mais clara.

Rafe se aproxima de mim enquanto entrelaça os dedos por dentro do meu cabelo e eu faço o mesmo juntando nossos lábios. Foi inevitável.
Seu beijo era exatamente como eu me lembrava, continuava sendo o melhor e o que mais me deixava feliz.

Percebi que estava na hora de parar quando me vi no colo do Cameron.

— Rafe... Estamos na frente da minha casa. - falo tímida, ele me ignora completamente e desce os beijos pelo meu pescoço enquanto aperta a minha bunda.

— Eu não sei como aguentei tanto tempo longe de você. - diz se separando de mim e olhando no meu olho. Sou surpreendida com um selinho seguido do sorriso mais lindo que o Cameron poderia me dar.

(...)

Depois que eu e Rafe nos beijamos o loiro me deu tchau e foi embora, passei o resto da noite tentando digerir tudo o que aconteceu mas mesmo assim não sinto nem um pingo de arrependimento de ter feito o que fiz com Audrey.

— Mélia, posso entrar? - Topper bate na porta do meu quarto assim que eu me deito para dormir.

Respiro fundo, abro a porta e dou passagem para o mais velho entrar.

— Olha Topp, se você vai me xingar... - ele me interrompe.

— Terminei com ela. - meu irmão parecia estar completamente perdido.

— Por que? - sento na cama com boquiaberta.

— Odiei o que ela fez com os Pogues.

— Você se sentiu mal por eles? Logo você?

— Sim Amélia, eu tenho sentimentos. - diz irônico e também se senta na cama.

— Eu e Rafe nos beijamos. - solto de uma vez e meu irmão me olha incrédulo.

— Vou matar vocês dois.

— Topper... Por que você não me contou as coisas que o Rafe fez? - pergunto receosa.

Ele abre a boca várias vezes mas não diz nada então suspira passando as mãos no rosto.

— Ele que te contou? - pergunta com o cenho franzido e eu assinto com a cabeça. — Não te contei porque fiquei com medo de você o olhar com outros olhos.

— De primeira eu fiquei assustada, pensei que ele tinha virado um assassino ou até mesmo um psicopata. Mas, Topper, ele ainda é o mesmo Rafe de quando éramos crianças. Ele chorou tanto que eu acho que nunca o olharia diferente, mesmo que ele fizesse a maior merda do mundo. O Rafe é só um garoto que teve um pai de merda, igual a gente. Isso só não aconteceu com a gente porque o nosso pai vive viajando e não para em casa. Eu me sinto tão culpada de ter ido embora sem nem avisar ele, eu poderia ter evitado isso.

— Você não pode se culpar pelo erro dos outros, não é só o Rafe que tem problemas, você foi por um motivo. - assinto e Topper deixa um beijo no topo da minha cabeça antes de sair do quarto.

 𝑰𝒏𝒆𝒗𝒊𝒕𝒂́𝒗𝒆𝒍, 𝖱𝖺𝖿𝖾 𝖢𝖺𝗆𝖾𝗋𝗈𝗇.Onde histórias criam vida. Descubra agora