Limites Perigosos

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A tarde se arrastou enquanto eu tentava me concentrar em meu trabalho. A reunião com Sebastián ainda reverberava em minha mente. Aquela troca de olhares, a forma como ele parecia se importar com as minhas ideias... tudo isso me deixou confusa e animada ao mesmo tempo. Eu não podia negar que havia algo entre nós, mesmo que fosse apenas uma fração do que eu desejava.

Quando o dia finalmente terminou, eu me despedi de Clara, que me lançou um olhar cúmplice. Ela estava ciente de tudo o que estava acontecendo, e seu sorriso indicava que achava tudo muito excitante.

- Não se esqueça de me contar tudo mais tarde! - ela exclamou, antes de sair.

Fiquei sozinha no escritório, organizando alguns papéis. O silêncio era quase palpável, e a luz suave do final do dia criava uma atmosfera íntima. Foi quando ouvi passos firmes se aproximando da minha mesa. Levantei os olhos e, para minha surpresa, era Sebastián.

- Celina, você tem um momento? - sua voz grave cortou o silêncio, e meu coração disparou.

- Claro, Sebastián. O que você precisa? - tentei manter a calma, mas a tensão no ar era inegável.

Ele hesitou um momento, como se estivesse ponderando suas palavras, e eu me perguntei se ele estava lutando contra suas emoções como eu.

- Eu gostaria de discutir um projeto que você mencionou mais cedo. Podemos fazer isso em meu escritório? - ele propôs, seu olhar fixo em mim.

Assenti, e enquanto seguíamos em direção ao escritório dele, uma mistura de ansiedade e excitação me envolveu. Ao entrar, fechei a porta atrás de mim, sentindo a mudança na atmosfera. O escritório era elegante, com uma vista deslumbrante da cidade. Sebastián se virou para mim, e o momento parecia carregado de possibilidades.

- Sente-se - ele indicou, e eu me acomodei na cadeira oposta à mesa dele.

Enquanto ele falava sobre o projeto, não pude deixar de notar a maneira como seus olhos se fixavam nos meus, como se estivesse tentando decifrar algo mais profundo. O magnetismo entre nós era quase palpável. De repente, ele parou de falar, sua expressão mudando para uma mais séria.

- Celina, você é uma funcionária valiosa - começou ele, a voz baixa. - Suas ideias são brilhantes, mas precisamos ter cuidado com o que fazemos.

Meu coração disparou ao ouvir aquelas palavras. Eu também sentia isso, mas sabia que as circunstâncias eram complicadas. Ele era meu chefe, e essa linha que estávamos prestes a cruzar poderia trazer consequências.

- Sebastián, eu... - comecei, mas ele me interrompeu.

- Quero que saiba que sempre estarei aqui para apoiar suas ideias. Mas precisamos ser profissionais. Você entende? - ele disse, seu olhar intenso fazendo meu estômago revirar.

Aquela tensão aumentava, e a distância entre nós parecia diminuir. Ele se inclinou para frente, os olhos brilhando com uma determinação que me deixou intrigada.

- É difícil manter essa linha, especialmente quando vejo como você se destaca. - Ele passou a mão pelo cabelo, uma expressão de frustração cruzando seu rosto. - E eu não quero que você se machuque.

Aquelas palavras pairaram no ar, e eu podia ver a luta dentro dele. Mas, ao mesmo tempo, a presença de Dante e o desejo que ele tinha por mim me deixavam confusa. Eu queria entender Sebastián, mas não sabia se estava pronta para abrir essa porta.

- Eu só... não quero que isso afete o nosso trabalho, Sebastián - falei, minha voz tremendo levemente.

Ele assentiu, mas havia uma frustração visível em seu olhar.

- Olha, só não quero que você se envolva com Dante. O que ele deseja de você é divertido, mas não sério. E eu não quero isso pra você - a intensidade nas palavras de Sebastián era palpável, e eu não sabia como reagir.

- O que você está insinuando? - retruquei, com um tom desafiador. Eu sabia que era um assunto delicado, mas a possessividade dele me incomodava.

- Você não entende! - ele explodiu, levantando-se e começando a andar de um lado para o outro, sua frustração evidente. - Não quero que você se machuque.

- E você acha que eu não consigo cuidar de mim mesma? - respondi, com raiva. A adrenalina estava crescendo, e a tensão entre nós se tornava cada vez mais intensa.

Ele parou e se virou para mim, os olhos ardem de emoção.

- Celina, você não sabe o que ele realmente quer. Ele pode parecer legal, mas o que ele deseja é apenas diversão, e eu não quero isso pra você.

Aquelas palavras soaram verdadeiras, e eu podia ver a luta dentro dele. Mas, ao mesmo tempo, a presença de Dante e o desejo que ele tinha por mim me deixavam confusa.

- Então, vamos parar com isso! - ele disse, quase sussurrando, seus olhos fixos nos meus.

A tensão era tão intensa que parecia que o ar estava prestes a se romper. Um momento de impulso me fez me aproximar, e nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância.

- Sebastián, não podemos! - minha voz tremia de emoção.

Ele estava tão perto, e eu poderia ver a batalha em seus olhos.

- Eu sei, mas... - ele começou, mas foi interrompido por um toque na porta.

Era Clara, que entrou com um sorriso malicioso, mas logo percebeu a tensão no ar.

- O que está acontecendo aqui? - ela perguntou, arqueando a sobrancelha.

- Nós estávamos apenas discutindo... - tentei me justificar, mas minha voz soava vazia.

Sebastián estava rígido, olhando para Clara como se estivesse tentando recuperar o controle. A tensão no ar era tão densa que eu podia cortá-la com uma faca.

- Desculpe interromper! - Clara disse, piscando para mim. - Mas a sala de reuniões está vazia se você precisar de um espaço mais reservado.

- Obrigada, Clara. Apenas uma conversa de trabalho - respondi, tentando manter a compostura.

Quando Clara saiu, eu olhei para Sebastián, o silêncio entre nós era desconfortável. A intensidade do momento ainda pairava no ar, mas eu sabia que precisávamos recuar.

- Vamos apenas focar no trabalho - disse, quebrando o silêncio.

Ele assentiu, mas a expressão em seu rosto era uma mistura de frustração e compreensão. Não era hora de cruzar linhas que podiam nos queimar.

Continua...

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