Revelação II

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Ele se aproximou lentamente, ainda exibindo os dentes afiados enquanto eu lutava contra o pânico. Os olhos dele brilharam na penumbra, e, por um momento, eu não sabia se ele ia me matar ou se continuar brincando com meu medo. Ele sorriu, mas não era um sorriso reconfortante. Era o tipo de sorriso que fazia meu estômago revirar de pura ansiedade.

— Caralho, você realmente acha que isso aqui é uma piada? — ele disse, com uma voz cheia de ironia. — Achou que estava vivendo num conto de fadas, hein?

Eu fiquei em silêncio, tentando manter a compostura, mas minhas mãos tremiam.

— Relaxa, princesa. — Ele deu mais um passo à frente, inclinando-se para que seu rosto ficasse na mesma altura do meu. — Eu sou Adrian, o líder dos Antigos. E acredite, meu nome vai fazer você cagar de medo antes de tudo isso acabar.

— Líder dos Antigos? — perguntei, minha voz quase falhando, tentando processar a ideia de que eu estava mesmo diante de um vampiro, e agora com esse nome. — Isso é surreal, você sabe, né?

— Claro que sei. — Ele deu de ombros, como se estivéssemos discutindo sobre o tempo. — A humanidade esqueceu que monstros como nós existem. E, sinceramente, até prefiro assim. Menos drama. Mas você, Celina... — Ele riu de novo, um som cruel e debochado. — Ah, você não é só uma humana qualquer. Você tem algo de especial. E, porra, Sebastián sabe disso. Só não contou porque é um covarde.

Meu coração disparou ao ouvir o nome de Sebastián. Ele sabia? E que porra era essa de eu ser especial?

— Você é um babaca — eu cuspi, sentindo a raiva crescendo dentro de mim. — O que você quer comigo?

Adrian arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com o meu desespero.

— Você vai descobrir logo, logo. — Ele deu mais um passo, tão perto que eu podia sentir o cheiro de algo metálico no ar, provavelmente sangue. — E quanto ao Sebastián... você realmente acha que ele é o mocinho nessa história? — Ele balançou a cabeça, como se estivesse prestes a me contar um segredo muito sujo. — Acha que ele foi sempre assim, esse protetorzinho bonitinho? Não. Ele foi um maldito estripador. O cara rasgava pessoas como se fosse hobby. Mas, claro, agora ele se faz de santo. Patético.

Meus olhos se arregalaram. Estripador? Isso não fazia sentido. Sebastián jamais seria capaz disso... Ou seria?

— Você tá mentindo — sussurrei, mas a dúvida já começava a se instalar.

— Mentindo? — Adrian gargalhou, sua voz ecoando pelas paredes úmidas. — Eu sou um monte de coisas, mas mentiroso não é uma delas. Você vai ver. E quando tudo isso vier à tona, vai se perguntar quem é o verdadeiro monstro dessa história.

Eu tentei manter a calma, mas era impossível. Estava presa com um psicopata que afirmava que Sebastián tinha um passado sanguinário, e de repente, nada parecia certo.

Adrian sorriu, satisfeito com a minha expressão de choque. O silêncio na sala era sufocante. Eu me mexia desconfortavelmente na cadeira, tentando processar o que acabara de ouvir. Sebastián... um estripador? Isso parecia impossível. Ele era controlado, cheio de regras, sempre evitando qualquer coisa que pudesse machucar alguém. Como alguém assim poderia ter um passado tão horrível?

— Você tá pensando que eu sou louco, né? — Adrian disse, seus olhos brilhando com diversão. — Mas se eu fosse você, pararia de pensar que o Sebastián é o mocinho da história.

— Não pode ser verdade — murmurei, balançando a cabeça. — Ele nunca faria algo assim.

— Claro que faria, e ele fez — Adrian respondeu com uma risada sarcástica. — Ah, as épocas de ouro... Sebastián era o nosso melhor. Um verdadeiro artista quando se tratava de arrancar tripas. — Ele se inclinou mais perto, como se fosse me contar um segredo sujo. — E vou te dizer mais: ele gostava. Cada maldita parte disso.

Atração PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora