A Curiosidade de Celina

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A semana mal tinha começado, e eu já sentia a tensão no ar. A empresa Valmont Enterprises sempre exigia o melhor de todos os funcionários. E, sinceramente, isso me deixava em alerta o tempo todo. Eu me sentia grata por estar ali, mas a constante sensação de que qualquer deslize poderia ser o último me consumia em silêncio.

Sebastián Valmont, o fundador e CEO, nunca estava presente nas reuniões de rotina, mas sua presença era sentida em cada decisão. Um homem de poucas palavras e menos ainda sorrisos. O escritório inteiro parecia funcionar sob uma nuvem de respeito e, talvez, de medo. Eu mal sabia o que pensar dele, além do fato de que nunca tinha trabalhado para alguém tão distante e inacessível.

No entanto, sua ausência física não diminuía o poder de sua figura. As poucas vezes que o vi passar pelo escritório, sua postura fria e controlada o separava de todos. Era como se ele estivesse à parte do mundo que o cercava.

Era hora do almoço quando Clara, minha colega do departamento de marketing, apareceu. Ela tinha aquele sorriso despreocupado que sempre me fazia sentir um pouco mais leve em meio ao clima pesado do escritório.

- Celina, já decidiu o que vai almoçar hoje? - perguntou, inclinando-se sobre minha mesa com familiaridade.

Deixei meu caderno de anotações de lado e sorri de volta.

- Não faço ideia. Estou com a cabeça nas nuvens - admiti, levantando-me.

- Alguma novidade? - ela perguntou enquanto saíamos do prédio em direção ao nosso restaurante habitual.

Eu hesitei por um momento, considerando o quanto deveria revelar sobre o que me passava pela mente. Desde que comecei a trabalhar na Valmont Enterprises, não pude evitar a sensação de que havia algo mais naquele lugar, algo que eu não conseguia compreender. E a figura de Sebastián Valmont parecia ser o centro desse mistério.

- Sabe, às vezes fico me perguntando sobre o nosso chefe... - soltei, finalmente, enquanto caminhávamos pelas ruas movimentadas de Nova Iorque.

Clara deu uma risada curta.

- Sebastián Valmont? Todo mundo se pergunta sobre ele, Celina. O cara é uma lenda no mundo dos negócios, mas ninguém sabe quase nada sobre ele. Só o que circula pelos corredores... e, francamente, isso é bem pouco.

Eu a observei por um segundo, sentindo uma pontada de curiosidade ainda maior. Ela parecia relaxada, mas eu não podia evitar a vontade de perguntar mais.

- O que exatamente você ouviu sobre ele? - perguntei casualmente, embora minha mente estivesse atenta a cada detalhe.

- Bom, dizem que ele raramente sai do escritório depois do expediente. E que, fora as reuniões de alto nível, ele nunca participa de eventos sociais da empresa. É como se ele vivesse em um mundo completamente à parte, sabe? Meio... inatingível - disse Clara, dando de ombros.

Isso confirmava o que eu já suspeitava. Ele era inacessível de uma forma quase sobrenatural. Mas o que me intrigava mais era o porquê. Pessoas como ele sempre tinham uma história, uma motivação. E eu estava determinada a descobrir qual era.

Enquanto almoçávamos, Clara continuava divagando sobre fofocas de outros colegas, mas eu mal prestava atenção. Minha mente estava ocupada demais. Havia algo de estranho e perturbador sobre Sebastián Valmont, e eu não sabia ao certo por que aquilo estava me afetando tanto.

Quando voltei ao escritório, aquela inquietação não me deixava em paz. No fim do dia, enquanto recolhia minhas coisas para ir embora, notei que as luzes do andar superior ainda estavam acesas. Era o andar de Sebastián. As sombras projetadas pelas janelas mostravam que ele ainda estava lá, trabalhando sozinho.

Aquela noite, enquanto me jogava no sofá do meu apartamento em Nova Iorque, tentei afastar os pensamentos sobre ele. Mas não consegui. Havia algo mais naquele homem, algo que parecia me chamar. Mas o que exatamente? Eu ainda não sabia.

Continua...

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