Acordei com um cheiro estranho no ar, algo queimado. Franzi o cenho, sentindo o corpo ainda meio dormente. Me levantei devagar, calcei os chinelos e fui em direção à cozinha, onde vi uma cena quase cômica: Sebastián, segurando uma frigideira, claramente frustrado.— Que porra você tá fazendo? — perguntei, não conseguindo segurar a risada.
Ele olhou pra mim com aquela expressão de quem não sabe se ri ou se se irrita.
— Tentando fazer café da manhã, mas acho que sou uma merda na cozinha.
— Uma merda? — Fui até ele e olhei a bagunça. — Isso aqui é praticamente um incêndio esperando pra acontecer.
Sebastián suspirou, largando a frigideira de qualquer jeito na pia.
— Talvez a gente deva ir a uma cafeteria. Antes que eu cause um desastre maior.
— Concordo totalmente. Vamos sair antes que você queime a casa toda.
Pouco tempo depois, estávamos sentados numa cafeteria, o cheiro de café fresco preenchendo o ar, me acalmando. A conversa fluía, leve, até eu decidir tocar em um assunto que estava me incomodando.
— Falei com o Dante ontem — comecei, mexendo distraída na minha xícara de café. — Pedi pra ele se afastar de mim.
Sebastián não pareceu surpreso, nem um pouco. Ele apenas ficou em silêncio por um momento antes de responder.
— Isso foi o melhor pra você — disse, como se fosse óbvio.
Eu o olhei, confusa. Como ele podia ter tanta certeza?
— Como assim? Você sabia disso?
Ele me encarou com aqueles olhos intensos, um olhar que parecia sempre saber mais do que deixava transparecer.
— Claro que sabia. Eu vejo o que acontece ao meu redor, Celina. Eu sinto as coisas.
— E por que diabos você não me disse nada? — Minha irritação começou a crescer. — Você me faz sentir como se estivesse sempre escondendo algo.
Ele suspirou, como se esse assunto o cansasse.
— Eu não queria me intrometer. Achei que você sabia o que estava fazendo.
— E eu sabia, mas é irritante pra caralho que você soubesse e ficou calado. — Me levantei, pronta pra sair. Não ia ficar ali sendo tratada como uma peça de algum jogo que ele parecia estar jogando sozinho.
Antes que eu pudesse dar um passo, ele agarrou meu braço, com força, mas sem machucar. Seu olhar estava cravado no meu, cheio de uma intensidade quase sufocante.
— Não vai embora assim.
Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para perto e colou seus lábios nos meus. O beijo foi feroz, urgente, como se ele estivesse tentando apagar qualquer distância entre nós. Tentei resistir, mas meu corpo logo se rendeu. O calor do beijo me envolveu, me deixando tonta, sem fôlego.
Quando finalmente nos separamos, eu estava ofegante, tentando processar tudo.
— Passa o dia comigo — ele pediu, a voz rouca.
— Eu... eu preciso ir trabalhar.
Ele sorriu daquele jeito perigoso, o sorriso que sempre me fazia sentir um frio na espinha.
— Eu sou o seu chefe, lembra? Tô te dando o dia de folga.
Não consegui segurar a risada. Claro que ele ia usar isso contra mim.
— Ok, não posso discutir com isso. O que você quer fazer?
Ele me olhou por um momento, como se estivesse decidindo se ia ou não me contar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Atração Perigosa
Ma cà rồngCelina Morrow é uma jovem talentosa que vive sozinha em Nova Iorque, onde trabalha em uma das maiores corporações da cidade, a Valmont Enterprises. A empresa, controlada pelo enigmático Sebastián Valmont, é rodeada de mistérios que despertam a curio...