Medo e Desejo

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Clara e eu entramos apressadas em seu apartamento. Meu coração ainda batia descompassado enquanto tentava processar a porra do que tinha acabado de acontecer. A presença daquele homem no parque não saía da minha cabeça, e a sensação de ser observada continuava me assombrando. Clara trancou a porta e me olhou com os olhos arregalados.

- Que merda foi aquilo? - ela perguntou, ainda ofegante.

Eu balancei a cabeça, sem conseguir formular uma resposta.

- Não sei, mas aquilo não parecia... normal - minha voz estava trêmula. - Eu senti que ele estava ali por mim.

- Talvez tenha sido só um maluco qualquer, não sei - Clara tentou racionalizar, mas o tom da sua voz mostrava que ela também estava assustada.

- Clara, isso tá acontecendo há dias. Eu sinto que tô sendo seguida, mas não sei por quem ou por quê. Isso tá me deixando doida.

Sentamos no sofá, tentando encontrar algum consolo em nossa própria companhia. Conversamos por mais alguns minutos, mas a tensão não diminuía. Eventualmente, acabei indo para casa. Mas aquela noite seria longa, e o medo de que aquele homem reaparecesse não me deixaria dormir em paz.

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No dia seguinte, voltei ao trabalho tentando me distrair, mas a lembrança do maldito homem no parque ainda estava viva na minha mente. Enquanto organizava alguns arquivos, recebi uma mensagem de Sebastián:

"Preciso que venha até minha sala, temos coisas para discutir."

Engoli em seco, meu coração acelerando de leve, como sempre acontecia quando precisava falar com ele. Fui até a sala dele e bati levemente na porta antes de entrar. Ele estava concentrado em alguns papéis, mas levantou os olhos assim que entrei, com aquele olhar que sempre me deixava nervosa.

- Celina, entre - ele disse com um leve sorriso, e eu obedeci.

Começamos a discutir algumas questões sobre o trabalho, mas em algum momento, Sebastián fez uma brincadeira. Talvez tenha sido o cansaço ou o nervosismo, mas antes que eu percebesse, deixei escapar:

- Bom, pelo menos você não tá sendo perseguido por ninguém...

Sebastián franziu o cenho, sua expressão curiosa.

- O que você quis dizer com isso? - perguntou, inclinando-se levemente sobre a mesa, claramente interessado.

Eu vacilei, percebendo a merda que tinha falado.

- Ah, não foi nada, só uma sensação boba, esquece... - tentei desconversar, mas Sebastián não parecia disposto a deixar o assunto morrer ali.

- Tá sendo seguida, Celina? - ele perguntou com mais seriedade, seus olhos analisando cada movimento meu.

Senti um nó na garganta. Não sabia o que responder. Não queria parecer paranoica, mas algo dentro de mim dizia que talvez Sebastián soubesse mais do que estava deixando transparecer.

- Não tenho certeza... - finalmente admiti, torcendo as mãos nervosamente. - Só sinto que alguém tá me observando.

A expressão de Sebastián mudou na hora. Ele parecia profundamente pensativo, como se tivesse acabado de entender algo.

- Eu não vou deixar nada acontecer com você - ele afirmou de repente, seus olhos cravados nos meus.

- Por que você quer se meter nisso? - perguntei, desconcertada.

Ele não respondeu de imediato, apenas desviou o olhar por um momento, como se estivesse ponderando algo. O silêncio entre nós foi interrompido quando ele disse que me protegeria, e que, se eu quisesse, ele poderia contratar segurança para ficar comigo.

Atração PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora