Desejando ser o atrito

Capítulo 28

Eddie tenta ligar para Buck na manhã seguinte. 

E tenta.

E tenta.

E tenta.

Continua indo para o correio de voz. Se Eddie pensou que queria vomitar ontem, não é nada comparado ao quão violentamente embrulhado seu estômago está agora. Pelo menos a linha toca, então Eddie sabe que não está bloqueado. 

Buck está apenas ignorando ele. Porque ele percebeu o que Eddie disse, e agora ele não quer nada com ele.

É melhor do que ser bloqueado, no mínimo. Ele poderia consertar, poderia dizer a Buck que não significava nada, que eles poderiam voltar a ser apenas amigos e que tudo ficaria bem. Jesus, ele não consegue acreditar que foi lá e despejou seus sentimentos. Eddie quer bater a cabeça dele na parede. Nada disso teria acontecido se ele não tivesse se apaixonado pelo cara e depois contado a ele sobre isso no auge da paixão. 

Eles trabalham amanhã. Eddie debate ligar dizendo que está doente, trocar de turno, qualquer coisa, mas parte dele quer ver Buck e ver o estrago. Ver o que ele pode fazer para consertar.

Ele vai fingir ser hétero pelo resto da vida se for disso que Buck precisa. Faria qualquer coisa para garantir que não o perca. Uma parte dele se preocupa que ele possa estar um pouco atrasado para isso, com a fuga, mas ele não se deixa levar pelo pensamento. 

Shannon lhe enviou uma mensagem dizendo que traria Christopher para casa em uma hora, cerca de quarenta e cinco minutos atrás. Eddie se arrasta até o banheiro, faz o melhor que pode para parecer vivo, apesar do fato de que ele sente como se alguém tivesse colocado a mão em sua garganta e arrancado seu coração. 

Está tudo bem. 

Ele tem 27 anos e está passando por um nível de sofrimento que não imaginava ser possível. Isso o está deixando um pouco desconcertado. Ele é um homem adulto. Isso parece quase ridículo. 

Quando ele desbloqueia o telefone, ele está aberto para suas mensagens com Buck. Ele nem precisa rolar para cima para ver as mensagens da noite passada, as únicas recentes de hoje são uma mensagem de Eddie dizendo que sinto muito que Buck leu e não respondeu.

Dói. Muito mais do que ele pensou que doeria. 

A campainha toca e Eddie vai atender, pegando seu reflexo no espelho. Ele parece um pouco como se tivesse brigado com seus demônios interiores, mas não ruim o suficiente para que ele pense que Shannon ou Chris iriam perceber.

E está tudo bem, porque tem que ser. 

*

Eddie tem temido ir trabalhar. Chegou ao ponto em que ele nem conseguiu dormir ontem à noite, acordando de hora em hora, e está exausto ao entrar na estação. 

Ele pega Buck sentado no vestiário, sentado no banco. Ele está curvado sobre si mesmo, afundado em seu assento e olhando para seu telefone tristemente. Eddie quebra um pouco mais, uma lasca em uma pedra que alguém estava pegando uma picareta no último dia. Ela se desintegra ao vê-lo, passando de algo enorme, forte e resistente e se transformando na pedra que Eddie chuta desajeitadamente com a ponta de sua bota. 

A necessidade de correr até lá e beijá-lo até que ele esteja sorrindo novamente é quase insuportável. 

Chimney e Hen entram, dizendo algo a Buck que faz um sorriso tentar se formar, mas não dá certo. Eddie consegue perceber até mesmo de onde está enraizado em seu lugar do outro lado da estação, observando impotentemente enquanto Buck afasta suas preocupações.