Capítulo 22

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- Karina, onde você estava? - meu pai pergunta assim que atravesso a porta da minha casa. Meu coração acelera e minha mão começa a soar.

- Ah, pai... Eu queria conhecer mais o bairro. Fiquei andando por ai - tropeço nas minhas palavras.

- Andando com quem?

Esse questionário está cada vez pior.

- Sophia! Ela veio aqui, daí a gente saiu. Sabe como é, né? - rio meio desesperada rezando para ele parar com as perguntas. Mas ele continua:

- Hã... Sophia? Aquela do cabelo colorido?

- O cabelo dela é só rosa nas pontas - tento desviar de assunto. - Estou cansada. Vou subir, tá?

- Não vai jantar?

Me lembro do panelão de brigadeiro que comi na casa de Vithor. Nunca mais quero pensar em comida de tão cheia que estou.

- Nós comemos no caminho - sorrio para ele e tento controlar meu nervosismo. - Boa noite.

Subo rápido no modo Flash e me jogo na cama. Um balde de lembranças inundam a minha mente da tarde que tive...

- Você lembra do Ivo? - Sophia me perguntou.

- Aff Sophia! - Carla reclamou. - Pra que mexer no passado, vei?

Sophia riu.

- É exatamente isso que a gente veio fazer aqui! - indagou Vini fazendo todo mundo rir, inclusive eu.

- Pois é... Me falem desse tal Ivo - eu disse olhando para todos ao meu redor. Ao centro da nossa roda, estava uma panela hiper gigante de brigadeiro. Estávamos no quarto de Vithor, com as luzes apagadas e algumas velas espalhadas (ideia do Gustavo).

Carla revira os olhos.

- Ivo era o ex da Carla - Vithor disse, me olhando fixamente. - Por isso que ela fica toda boladinha. - ele zombou e os meninos caíram na gargalhada.

- Conseguiu lembrar de algo? - perguntou Sophia.

Suspirei e falei:

- Nada.

- Calma gente, tamo só começando. - Afirmou Gustavo.

- É, bora lá. - Incentivou Vithor, me dando vontade de beijá-lo.

- Relaxa Ka, inspira e expira - Sophia gesticulou com as mãos me fazendo respirar devagar e depois me deu uma colher de brigadeiro. Encarei a colher, e foi ai que ela enfiou na minha boca e todos riram.

- Ai! - reclamei.

Todos atacaram a panela e continuaram a me perguntar uma série de coisas:

- Você se lembra daquela vez que fomos ao clube? Foi nesse dia que eu te conheci. A gente se simpatizou de cara, por não gostar das mesmas coisas. Daí... - Sophia fez uma pausa e olhou para Vithor. Analisei a expressão dos dois, e eles estavam trocando uma carreta de olhares com duplo sentido. Fiquei meio confusa e incentivei:

- Daí...?

- Você lembra daquela vez em que estávamos no cinema e foi ai que você me conheceu? - Gustavo falou de repente.

- Vocês estão me deixando confusa! - bufei enterrando a cabeça nas minhas mãos com a maior vontade de chorar. Levanto o olhar e todos estão meio espantados, talvez chateados pelo meu mau humor. Resolvi me explicar: - Desculpa gente... Sério. Vocês estão fazendo o maior esforço e eu...

- Tá tudo bem Ka - fala Vithor me lançando um olhar meio preocupado. - A gente te entende. - E então ele olhou para todo mundo que fizeram a mesma expressão. Foi aí que eu chorei. Chorei que nem uma criança mimada que perdeu o doce no parquinho. Eles se aproximaram de mim e me deram um abraço apertado em grupo, e eu relaxei. Me senti segura depois do meu acidente. Me senti protegida. Me senti guardada à sete chaves. Me senti única.

KarinaWhere stories live. Discover now