Capítulo 10 - Pandemônio

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Tudo acontece muito rápido. Desdemona grita para que Lurch pegue Wenesday nos braços. Sem hesitar, ele levanta o corpo pequeno e ensanguentado da jovem com facilidade, carregando-a como se fosse uma boneca de pano. "Vamos! Precisamos encontrar o carro mais próximo!" A voz de Desdemona mostra todo seu desespero, enquanto eles correm em direção ao veículo estacionado.

Pugsley e Mãozinha chegam logo atrás, visivelmente frustrados. "Xavier escapou! O maldito sumiu antes que a gente conseguisse pegá-lo!", esbraveja Pugsley, com os punhos cerrados de raiva. "Esqueça ele por enquanto", responde Desdemona friamente. "Mande os capangas arrumarem tudo aqui. Não podemos deixar rastros antes que a polícia ou os reforços de Thorpe cheguem." Ela aponta em direção ao cenário da batalha, e os capangas rapidamente se dispersam, limpando qualquer evidência da luta.

Quando Lurch coloca Wenesday cuidadosamente no banco traseiro do carro, Desdemona ordena, "Para o hospital. Agora." "Não!", Pugsley rebate quase imediatamente. "Temos que levá-la para a mansão. Ela vai sobreviver com a gente, não com médicos que vão fazer perguntas demais." Desdemona vira-se bruscamente para ele, os olhos brilhando de frustração.
"Ela está à beira da morte! Precisa de cuidados médicos. Não podemos arriscar!""Ela é Wenesday Addams! Ela não precisa de hospital, precisa de nós!" Pugsley interrompe, a voz grave e rouca, misto de preocupação e raiva. "Você quer que eles a percam de vista por um segundo? Quer arriscar isso?"

Antes que a discussão possa continuar, Mãozinha gesticula desesperadamente, apontando para Wenesday, que solta um gemido fraco, o rosto pálido e coberto de sangue. O silêncio entre eles se rompe com a realidade cruel.

Desdemona suspira, derrotada. "Tudo bem! Para a mansão, então!", ela cede, e Lurch acelera o carro pelas ruas escuras.
Ao chegarem na mansão, Lurch e Mãozinha rapidamente tiram Wenesday do carro e a deitam numa mesa improvisada. Enquanto isso, Desdemona e Pugsley começam o embate verbal, os nervos à flor da pele.

"Ela não vai aguentar muito tempo assim", Pugsley diz,  "Temos que fazer algo logo.""Eu sei!" Desdemona passa as mãos pelo cabelo, os olhos fixos no corpo inerte de Wenesday. Então, como se uma lâmpada acendesse em sua mente, ela se vira bruscamente para Pugsley. "Cheryl! Ela pode nos ajudar, está no hospital. Vá buscá-la, é nossa única chance!"Pugsley hesita por um segundo,"No meio de todo aquele caos? Como vamos tirá-la de lá?", ele não faz ideia de quem é essa Cheryl, mas se Desdemona diz que vai ajudar, ele vai dar um jeito de acha-lá. "Não temos escolha. Vá com Mãozinha. Ela é a única que pode salvar Wenesday agora", diz Desdemona, a voz firme.

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No hospital, está um verdadeiro pandemônio. Pacientes ensanguentados e feridos por todos os lados, alguns gritando, outros já inconscientes. Enid e Cheryl trabalham freneticamente, tentando estabilizar as pessoas ao seu redor. "Segure esse curativo, Nid!", lutam para manter o controle de um paciente que está perdendo sangue rapidamente.

Em instantes , Pugsley e Mãozinha entram correndo na recepção, o olhar desesperado de ambos, suas vestes cheias de sangue e a aparência atraindo olhares desconfiados. "PRECISAMOS DE UMA ENFERMEIRA!", Pugsley grita para a recepcionista, a mulher visivelmente cansada e irritada rebate, "Enfermeiras? Aqui temos de sobra, querido. Escolha a que quiser."Sem paciência, Pugsley avança e a agarra pelo colarinho. "Não estou brincando. Me diz onde ela está, agora!" O tom de voz dele deixa claro que a paciência já havia acabado.

Antes que os seguranças possam intervir, um novo grupo de feridos entra na sala, aumentando ainda mais o tumulto. Mãozinha, sempre observador, vê Enid ao longe. Ele cutuca Pugsley e aponta para ela, que, em meio à confusão, está concentrada em seu trabalho. Ambos deduzem que aquela era a tal de Cheryl, já que era a única enfermeira que pelo conhecimento deles, tinha qualquer relação com Desdemona.

{É ela!} gesticula Mãozinha, correndo em direção a Enid.Sem que ela perceba, Mãozinha se aproxima silenciosamente, e num movimento rápido e preciso, a puxa para longe de sua paciente. Surpresa, Enid tenta lutar, mas é rapidamente levada para fora do pronto-socorro.

"Me soltem! O que vocês estão fazendo?!", grita ela, tentando se desvencilhar. Pugsley, vendo de relance Mãozinha arrastando-a, assume que encontraram a pessoa certa."No carro, agora!", ordena ele, empurrando Enid para dentro."Mas o que está acontecendo?!", ela protesta, furiosa. "Fica quieta! Wenesday está morrendo!", grita Pugsley, sem tempo para explicações detalhadas.Enid, ao ouvir o nome de Wenesday, para de lutar. O choque rapidamente se transforma em preocupação genuína. "Wenesday?", ela pergunta, incrédula, olhando de um para o outro. A fúria de antes desaparece num instante. "Deixa eu ver ela, agora", exige, com a voz firme.Sem perder mais tempo, ela entra no carro e vão em disparada para a Mansão. 

O carro parou abruptamente em frente à imponente mansão dos Addams. Enid saltou do veículo, o coração acelerado, e mal teve tempo para processar o ambiente sinistro ao seu redor. A porta da mansão se abriu, e Pugsley e Mãozinha a conduziram rapidamente para dentro, onde o ar parecia denso e carregado de segredos.

"Wenesday está ali!" Pugsley apontou para uma mesa improvisada, onde a jovem estava deitada, seu rosto pálido contrastando com o vermelho do sangue que a manchava.

"Deixe-me passar!" Enid exigiu, empurrando Pugsley gentilmente. Ela se agachou ao lado de Wenesday, sentindo um aperto no peito ao ver a gravidade da situação. "Precisamos de materiais. Alguém me ajude a encontrar o que preciso!"

Desdemona se aproximou, a expressão carregada de tensão. "O que você precisa?" perguntou, a voz firme, mas com um toque de ansiedade.

"Compressas, ataduras, qualquer coisa para estancar o sangramento!" Enid respondeu, já examinando os ferimentos. "E um antisséptico, rápido!"

Enquanto Pugsley e Mãozinha corriam para buscar os materiais, Enid se concentrou em tratar os ferimentos de Wenesday, suas mãos tremendo de preocupação. O silêncio na sala era opressivo, quebrado apenas pelo som de passos apressados e a respiração contida de todos.

Assim que Pugsley e Mãozinha retornaram com o que conseguiram encontrar, Enid começou a trabalhar rapidamente. "Por favor, mantenham a pressão aqui," disse, enquanto se dedicava a estancar o sangramento. "Ela precisa ir para o hospital. Não posso fazer isso sozinha, ela precisa de atendimento especializado!"

Desdemona ficou ao lado da garota, a expressão inabalável. "Não podemos levá-la ao hospital. As autoridades já estão em alerta. Se ela for, a conexão com... com o que fizemos..."

Enid ergueu o olhar, confusa e indignada. "O que você quer dizer com isso?"

Pugsley, em um tom sombrio, interveio. "Essa noite, no hospital... os pacientes que chegaram? Fomos nós que mandamos pra lá. Aqueles que cruzam nosso caminho. Não podemos arriscar que Wenesday se torne um alvo, uma vítima."

O coração de Enid disparou. As peças começaram a se encaixar. "Vocês... vocês estão dizendo que matam pessoas?"

Desdemona se inclinou, a voz baixa e firme. "Nós não matamos. Nós limpamos. É um serviço, uma necessidade. O mundo é um lugar sombrio, Enid. E nós fazemos o que for preciso para proteger a nossa família."

Enid se afastou, horrorizada, sentindo o peso das palavras. O que ela viu essa noite no hospital, as consequências da batalha... tudo fazia sentido agora. "E se Wenesday morrer? Isso não será apenas mais uma vida perdida?" sua voz tremeu, a indignação misturada com a preocupação.

"Ela não vai morrer," Pugsley garantiu, a determinação em seus olhos. "Vamos cuidar dela. De um jeito ou de outro."

Desdemona acrescentou, "Precisamos ser rápidos. Os reforços de Thorpe podem chegar a qualquer momento. A única forma de garantir a segurança de Wenesday é mantê-la aqui, com a gente."

Enid, ainda lutando para processar a revelação, voltou sua atenção para Wenesday, que parecia cada vez mais frágil sob suas mãos. O dilema interno se tornava mais profundo: ela estava no meio de uma família que não apenas abraçava a escuridão, mas a alimentava.

"Então, o que eu faço?" ela perguntou, a voz quase um sussurro.

"Continue o que você está fazendo," Desdemona respondeu, a expressão suavizando um pouco. "Você é a única que pode salvá-la. E, se tudo der certo, talvez você descubra o que significa ter a gratidão dos Addams."

Enid respirou fundo, focando em Wenesday, enquanto a verdade da situação a cercava. Naquele momento, ela não era apenas uma enfermeira tentando salvar uma vida; ela estava prestes a se envolver em uma situação perigosa, onde o sangue e o poder dançavam em uma valsa macabra, e onde suas escolhas poderiam definir não apenas seu futuro, mas também o de Wenesday Addams.

WenClair & Os Addams na MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora