4

15 0 0
                                    

Os dias que seguiram após o incidente no baile funk e foram complicados para Laura e para Ingrid.
Laura com os dias corridos, com assuntos da faculdade, e a correria do estágio, estava deixando a garota louca. Sem contar o ódio de ver Henrique todos os dias na delegacia. Embora ambos tentassem seguir suas vidas normalmente, o ressentimento que Laura sentia por ele continuava latente. Ela estava furiosa por ele tê-la levado até a delegacia, expondo-a diante da mãe, que já era tão rígida. No jantar daquele dia, com todos já sabendo do acontecido, Heloísa não poupou sermões, e Laura sabia que agora teria que lidar com a vigilância ainda mais intensa de sua família. Mas o que realmente a incomodava era o jeito como Henrique a tratou naquela noite. Ele havia tomado uma decisão por ela, como se ela fosse incapaz de cuidar de si mesma.

Tudo ficou ainda pior quando Laura que teve que digitar um relato de uma operação, e quem iria relatar seria o capitão do BOPE. A ironia entre eles era nítida, mas naquela sala minúscula, e só os dois juntos uma tensão se instalou na sala, quando sem perceber ( ou não) Henrique para no tempo e começa a admirar Laura, deixando a mesma tímida. Henrique terminou o que tinha pra fazer e saiu da sala, mas a garota não saía da cabeça do mesmo, e ele até então não entendia porque.

A tensão entre os dois estava clara em cada encontro, especialmente quando Henrique visitava a casa de Laura para ver o avô da garota, por quem o mesmo tinha uma grande admiração e respeito. Ele tentava manter-se distante, mas sempre acabava trocando olhares furtivos com ela. Laura, por sua vez, fingia ignorá-lo, mas não podia negar que, de alguma forma, ele sempre estava em seus pensamentos.

Algum tempo depois, teve um evento da delegacia, e todos que trabalhava na mesma, inclusive a família deles estariam presentes.

O evento era em um salão enorme e glamuroso do Rio de Janeiro. A festa estava repleta de pessoas do meio jurídico e super elegantes, com músicas clássicas, comidas e bebidas de todos os tipos.
Henrique já se encontrava na festa com sua irmã, e o mesmo estava ansioso, e não entendi por que. Mas quando a "família da delegada" chegou, ele entendeu o porque da sua ansiedade, e percebeu que todo aquele nervosismo era pra ver ELA, Laura.
Quando seus olhos bateram no dela, seu coração se encheu como algo que ele não sabe explicar, e como um ímã os olhares deles se encontraram. Laura estava linda em um vestido longo azul claro, chamando atenção de todos naquele lugar. 
Todos foram de encontro com a família de Laura, os cumprimentaram e a festa seguiu.
Laura percebeu alguns olhares de Henrique sobre a mesma, mas tentou desfaçar.

Depois de longas horas de festa, Laura quis ir para casa, mas pelo o horário sua mãe não iria permitir que a mesma fosse sozinha. Então Henrique aproveitou a deixa, e jogou no ar que já estava se retirando da festa, então o avô de Laura que sempre desejou que a mesma ficasse com Henrique ou encontrasse alguém como o rapaz, deu a indireta para que Laura fosse com Henrique. A garota relutou de início, mas acabou cedendo por perceber que a família não iria embora tão cedo.
Ingrid teria pedido pra ficar, e os pais de Laura falaram que cuidaria da garota, então assim foi feito.
Laura e Henrique saíram juntos da festa, e seguiram em direção a BMW azul marinho do mesmo.
Dentro do carro a tensão se instalava, e o silêncio desconfortável também. Até que Henrique resolve puxar assunto com a garota.

Henri- Ainda me odeio por ter te entregado de bandeja pra sua mãe no pós baile ?
L- sim! Você foi um idiota.
Henr- Você não pode me odiar para sempre. Vocês foram loucas de ir para aquele lugar.
L- olha  que eu posso. E nem vem de sermão, já ouvi um monte da minha mãe, até do meu pai e do meu avô. Guarda esses sermões pra sua irmã.
Henr- ( o rapaz rir sem humor, e então dispara) — você sempre foi assim, com a resposta na ponta da língua ? Não é possível.
L- você não vai querer saber.

Henrique olha pra o lado pra observar Laura, e quando direciona o olhar pra frente freia bruscamente ao quase bater em um carro.
Na hora o mesmo coloca a mão na frente da garota como uma proteção e os dois ficam trocando olhares. Até serem despertados  por uma busina atrás dos mesmos, os despertando.
Henr- Você tá bem, se machucou ?
L- estou bem. Só um susto. Só presta atenção no caminho por favor.

Os dois seguem o percurso em silêncio, e depois de um tempo chegam na casa de Laura. Henrique para o carro, e quando olha pra o lado Laura está dormindo, o mesmo solta o cinto da mesma e tenta acordar-lá , mas sem sucesso! Ele chega mais perto da garota, e mais uma vez a tenta acordar, ela acorda e está a centímetros de distância do rosto de Henrique. Ambos trocam olhares profundos, e Henrique direciona o olhar para os lábios de Laura, e então a mesma receosa corta o clima perguntando se já chegaram.
Henrique sai de perto da mesma e confirma, Laura se arruma no banco e se prepara para sair, enquanto Henrique dá a volta no carro para abrir a porta para a mesma.
Ele abre a porta e Laura sai, e então ela olha para o mesmo e diz "—Obrigada. E boa noite." Quando Laura dá as costas, Henrique puxa seu braço, gruda a mesma nele e diz "—Me desculpe" e então beija a garota. De início ela relutou, mas então se entregou pois sabia que ela queria tanto quanto ele. A faltar de ar chegou, e os dois se separaram. Laura encarava o rapaz a sua frente sem entender muita coisa, e então o mesmo diz "por nada, e boa noite Laura Shineider". A garota apenas se vira de costas e sai sentido a porta de casa, tentando entender o que aconteceu, enquanto Henrique segue pra casa com a cabeça pensando no beijo de Laura, e agradecendo por ela não ter reagido com um tapa no seu rostos, mas também sem entender porque tomou tal atitude. Ele nunca tinha feito nada por impulso, e agir assim e não ter controle sobre seu corpo era novo pra o mesmo.

Entre linhas e fardas Onde histórias criam vida. Descubra agora