Entre linhas e fardas

12

O tempo passou, e a rotina na vida de Laura estava se estabilizando. Após a grande operação que havia desmantelado a facção criminosa, as coisas estavam mais tranquilas. A facção havia sido severamente atingida, mas Laura sabia que o trabalho do BOPE nunca acabava. A pressão constante era uma parte da vida de Henrique, que se tornava cada vez mais um homem admirado por sua coragem e determinação.

Laura, por sua vez, estava dedicada a sua faculdade de Direito, mergulhando nos estudos e se preparando para os concursos que a esperavam. Contudo, a ausência de Henrique, que frequentemente se via envolvido em operações, começava a pesar sobre ela. Mesmo com os avanços em seu relacionamento, Laura não podia evitar a sensação de solidão, especialmente agora que sua mãe, Heloísa, estava intensamente focada em casos de grande importância na delegacia. Seu pai, que sempre a mimava, estava em uma viagem de trabalho, palestrando em um congresso fora da cidade.

Ingrid e André, por outro lado, estavam felizes em seu relacionamento, o que só fazia Laura sentir um pouco mais de saudade dos momentos com Henrique. Eles pareciam estar em um mundo à parte, cheios de planos e sonhos. Laura observava a felicidade dos dois, lembrando-se dos momentos em que passava tempo com Henrique, seus risos e as promessas feitas. Sentia que precisava de mais tempo com ele, especialmente agora que ele havia pedido oficialmente sua mão em namoro.

"Você acha que ele vai fazer algo especial?" Ingrid perguntou um dia, enquanto as duas estudavam juntas na biblioteca.

Laura sorriu, lembrando-se do olhar determinado de Henrique quando ele fez o pedido. "Eu espero que sim. Ele é do tipo que gosta de surpresas, mas ao mesmo tempo, é tão focado no trabalho..."

"Isso é verdade," Ingrid respondeu, balançando a cabeça. "Mas você sabe que ele realmente se importa com você, não sabe? Ele fala de você o tempo todo."

As palavras de Ingrid trouxeram um sorriso ao rosto de Laura, mas a preocupação ainda persistia. A cada dia que passava, ela notava o quanto estava sentindo a falta de Henrique. Ele era um suporte, um porto seguro, e agora que ele estava fora, sua insegurança começava a surgir.

Em uma manhã ensolarada, Henrique a chamou para um café antes de uma missão que o levaria a uma cidade vizinha. "O que você está fazendo hoje?" ele perguntou, seu tom era alegre, mas havia uma seriedade subjacente.

"Estudando, como sempre," Laura respondeu, tentando esconder a preocupação em sua voz. "O que está acontecendo?"

"Recebemos uma chamada sobre um sequestro. Eu e a equipe vamos ajudar a desmantelar a situação. É uma situação tensa," ele explicou.

Laura franziu a testa. "Você vai ficar bem, não vai?"

Henrique sorriu, segurando a mão dela. "Claro que sim. Mas preciso que você se cuide também. Estou planejando algo especial para nós assim que eu voltar."

O coração de Laura se aqueceu com a promessa. "Eu vou esperar. Apenas cuide-se."

Após a despedida, Laura voltou para casa com uma sensação de ansiedade. A tarde se arrastava lentamente, e a ausência de Henrique fazia seu coração se apertar. Ela sabia que ele estava fazendo um trabalho importante, mas o medo de perder alguém que amava estava sempre à espreita.

Nos dias que se seguiram, a faculdade se tornou uma distração, mas a solidão era difícil de ignorar. Laura tentava se concentrar, mas frequentemente se pegava olhando para o celular, esperando por mensagens de Henrique. Ele estava em contato, mas a pressão do trabalho deixava-o exausto.

Com o tempo, Laura percebeu que precisava lidar com seus próprios sentimentos. "Você precisa se distrair, Laura," ela disse para si mesma. "Talvez sair com Ingrid e André, ou fazer algo para animar."