Entre linhas e fardas

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Henrique passou dias sem descansar desde a última operação. Ele havia conseguido acabar com as ameaças a Laura e garantir que Luiz, Lucas, e Raquel estivessem a salvo, mas o custo foi alto. Embora o plano tivesse sido um sucesso e o líder da facção tivesse sido preso, Henrique sabia que estava em uma guerra muito maior do que uma única missão. A facção criminosa não iria deixar barato o que ele fez.

Logo após o resgate, ele começou a receber mensagens ameaçadoras. Primeiro eram vagas, como se os criminosos estivessem apenas tentando testá-lo, mas em poucos dias as ameaças se tornaram explícitas. Não era só ele que estava na mira; Ingrid, sua irmã, e Laura, seu amor, eram os principais alvos.

"Você vai pagar pelo que fez, Almeida. Sua cabeça já vale ouro. E vamos começar pelas suas mulheres. Vamos assistir você perder tudo antes de te pegar."

Henrique sentia o peso da ameaça. Ele sempre soube dos riscos de seu trabalho, mas dessa vez era diferente. A raiva dos traficantes não era apenas contra o BOPE ou contra a polícia; era pessoal. Ele tinha desafiado uma facção inteira, e isso o transformou em um alvo de alto valor. Sua própria vida, a de Laura e de Ingrid agora valiam fortunas no submundo criminoso.

Apesar de todo o treinamento, da frieza que ele conseguia manter em campo, algo em seu peito apertava cada vez mais. A simples ideia de que Laura ou Ingrid pudessem ser machucadas por sua causa era insuportável.

Uma noite, depois de receber uma dessas mensagens ameaçadoras, Henrique decidiu encarar a situação de frente. Ele pegou o celular e foi até o escritório da delegacia onde Laura estava estagiando. Precisava vê-la, protegê-la, e ao mesmo tempo contar o que estava acontecendo. Ele não queria esconder nada.

Quando entrou na delegacia, a encontrou concentrada nos papéis do estágio, um reflexo do seu compromisso e dedicação aos estudos. Por um momento, ele hesitou. Laura sempre foi forte, mas ele sabia o quanto essas ameaças podiam desestabilizá-la.

"Henrique?" Laura levantou o olhar, percebendo sua expressão fechada. "O que aconteceu?"

Ele suspirou, sentando-se ao lado dela, com as mãos firmes sobre as coxas. "Recebi mais mensagens. Agora estão ameaçando você, Ingrid e até... a mim. Minha cabeça vale ouro para esses desgraçados."

Laura sentiu o coração acelerar, mas manteve a postura firme. "Eles estão com raiva porque você os desafiou. Eles sabem que não vão conseguir vencer você, Henrique."

"Eu sou o melhor no que faço, Laura. Mas agora... não posso arriscar que algo aconteça com você. Eles não vão parar até conseguirem o que querem." Ele segurou a mão dela, sentindo o calor que vinha de Laura, uma lembrança de por que ele lutava tão ferozmente. "A cada operação, eu sei que estou mais próximo de acabar com eles, mas o preço... o preço pode ser alto demais."

Laura apertou sua mão com força. "Eu confio em você, Henrique. E sei que você vai nos proteger. Mas precisamos de um plano. Não vou me esconder ou fugir. Se estou ao seu lado, estou disposta a enfrentar o que vier."

Henrique admirava a coragem de Laura, mas o medo de perder alguém que amava ainda o consumia. Ele sabia que, para acabar com essa ameaça de uma vez por todas, teria que ir mais fundo do que antes, envolver forças que pudessem ajudá-lo a derrubar toda a estrutura criminosa por trás dessas ameaças.

Dias se passaram, e Henrique, junto com Heloísa, montou uma nova operação secreta. Desta vez, eles não iriam apenas atrás de líderes de favelas ou traficantes pequenos; iriam desmantelar toda a organização criminosa. O objetivo era capturar os financiadores e mandantes por trás das operações, os homens que colocavam preços nas cabeças de agentes como ele.

Enquanto isso, Henrique, ao mesmo tempo em que se preparava para essa nova missão, intensificou a proteção de Laura e Ingrid. Ele sabia que um ataque poderia acontecer a qualquer momento. Além disso, seu nome havia se espalhado pelas bocas dos criminosos. Ele era visto como um "afronte" — aquele que ousara desafiar o poder da facção.