7- Águas da mente

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Voltamos, queridos. Coisas diferentes e a vida ocorrendo!! Mais pensamentos e aprofundamento, na nossa história.

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POV Billie Eilish

Olá, leitores de meus pensamentos. Sei que faz bastante tempo - indeterminado. - desde nossa última conversa tão próxima, tão particular, a ponto de estarmos cara a cara. Creio que muitas coisas mudaram, além do próprio curso dos anos; os lugares, os fatos, as atitudes. Eu mesma mudei e minha mente se despedaça e reconfigura para novas formas em diferentes dias.

Em meio a vontade de tornar-me pedra; a poeira cósmica indissociável no frio compressor do vácuo espacial, enquanto energizada pela radiação de todos os sóis e estrelas, não me torno, não sou, não existo. Desejo sumir... penso bastante nisso. Reflito se vilões como eu têm alguma paz, talvez o vazio confortável... algo que abafe as vozes em nossas mentes. Logo, o tornado avassalador e persistente, nas veredas da minha psique, pode cessar; essa dor sem causa, com origem na existência, tal qual respirar, para que em cada suspiro haja dor, embainhado em sofrimento.

A dor de existir parece perseguir-me, corroi minhas carnes, meu âmago, meu cérebro, meus pensamentos. Desde criança, essa penitência, esse julgo (como o peso do mundo) junto aos espinhos em meus pés, perseguem-me sobre meus ombros, encurvam e subjugam meu frágil espírito, meus sonhos esfumaçados, meus anseios infantis e tolos. Isso me persegue; em tempos,vivi sem senti-lo, como se tivesse sumido, como se tivesse me curado. Porém, a punição para um vilão nunca acaba, ela se disfarça, para que seu mundo pare de pegar fogo, para o conforto se infiltrar em seu peito e depois ser violentamente, tirado. Eu nunca o encontrarei... pessoas como eu não o encontram. Nós somos esquecidos... eu sou esquecida.

A vontade de encontrar a morte me envolve, para que nela eu possa encontrar alguma paz. Tantas vezes flertei, tantas vezes a vi num vislumbre, num breve piscar de olhos no aguardo que ela me leve nos braços, envolva-me e retire-me da minha miséria, da minha angústia.

Se há um criador, ele tem seus preferidos.

Se há Justiça, ela é incompetente.

Se há Salvação, ela se esconde.

Sádico!! Ele é sádico! Para alguns, incube esse sofrimento, que derrete nossas almas, implodindo e morrendo em si, sem chances de florescer, sem conhecer a paz e o amor, apenas o escárnio.

Vulnerável e solitária como na minha infância. Essa mesma sensação, esses mesmos sentimentos eram como ter medo do escuro novamente; como acreditar em monstros debaixo da cama. Uma criança, tão inexperiente, sem conhecimento, tendo que lidar com as novidades do mundo colossal, cruel, frio, indiferente. Sempre se sentindo inadequada, esquisita, sem lugar para se encaixar no Mundo. A cachoeira de escuridão me tomou com os anos, ao afogar meu ser e minhas experiências, para que a luz fosse sufocada, apagada então, no fim, apenas me sobraria o cinismo e a dor para lidar com o resto de existência que eu teria.

Procurando em cada fresta o acolhimento e a compreensão, alguém que me visse, que me tomasse para si, alguém que desejasse dividir o peso e a dor da Vida, no entanto, não encontrei... apenas as ilusões que sumiam como fumaça.

A Morte, o Fim , como certeza para levar os anos me confortam. É inevitável que tudo se consuma, que morra, que a destruição inerente à natureza humana supere toda forma de Esperança. As coisas ruins são mais marcantes que as boas; a destruição é mais forte que a criação; o egoísmo é mais forte que o altruísmo.

Após morrer, experimentei o frio e o vazio... foi incrivel ser nada. Isso me moldou para que, seja lá que fim ocorresse, eu poderia tornar minha casca externa o que eu pensasse. Já que essa destruição é inevitável, só me sobraria lutar para que as coisas externas fossem como eu quisesse. Tudo acabaria em fogo, dor e sangue de qualquer forma, então teria só o resto de futuro, sem nenhum passado relevante. Só sobra o agora, o caminho à frente, o agora, os sopros efémeros, a ilusão da vida.

Leviatã G!P - Billie Eilish IIOnde histórias criam vida. Descubra agora