Oficial

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Aproveito enquanto o Pran estaciona para olhar no espelho retrovisor e colocar a minha gravata, estou tentando dar o nó, mas como não tenho muito espaço para me mover estou com dificuldade, quando se irrita o Pran segura o meu ombro me fazendo virar pra ele.

— Não entendo porque você quer usar isso, nós só vamos registrar o casamento.

— Casamento é casamento, não posso entrar vestido de qualquer jeito, a sua mãe te levaria pra longe de mim se fizesse isso.

— Ela não faria isso.

Eu tenho que rir, ela com certeza pegaria ele pelo pescoço, como uma leoa carrega o seu filhote, para o levar embora e se alguém tentasse impedir seria picado em pedacinhos.

— Para de se mexer, Pat!

Tento ficar parado enquanto ele faz o nó da gravata, quando termina eu tiro outra gravata do bolso e coloco no seu pescoço.

— Sai pra lá, eu não vou usar isso!

— É o nosso casamento, Covinhas...

— Nós já casamos, Pat!

Meu Deus, ele é muito cabeça dura!

Eu desisto e puxo a gravata, quando estou abrindo a porta ele segura a minha mão e ajuda a colocar a gravata no seu pescoço novamente, eu me surpreendo, mas amarro ela feliz.

Entramos no cartório e a dona Dissaya vem na nossa direção com o senhor Pakorn atrás.

— Porque vocês demoraram tanto?

— Mãe, eu já avisei que nós só vamos registar o casamento, não precisava vir.

Ela ignora o que o Covinhas disse e desfaz o nó da sua gravata, por um momento fico com vergonha achando que ficou feio, mas quando ela começa dar varias voltas em um nó todo elaborado eu percebo que nem o meu melhor trabalho a agradaria. Quando termina ela vem até mim e faz o mesmo, fico feliz que nem o Pran está a sua altura, deve ter sido difícil ser filho de alguém tão perfeccionista, talvez isso também tenha contribuído para o TOC dele.

Nós preenchemos os formulários do casamento, ou melhor, eu assinei, o Pran preencheu os dois depois que eu cansei de ouvir ele dizendo que eu estava fazendo tudo errado, depois disso esperamos, esperamos, esperamos, se eu soubesse que ia demorar tanto teria contratado um salão, juiz de paz e tudo mais.

— Senhores Parakul Siridechawat e Napat Jindapat.

— Finalmente!

— Pat!

— O que? Estava demorando!

O Pran me olha irritado e eu acho melhor ficar quieto antes que ele decida manter o meu status de solteiro.

Nós vamos até o balcão, um atendente coloca na nossa frente alguns papéis e um livro pra gente assinar, o Pran assina e me entrega a caneta eu seguro ela e encosto no papel, mas não consigo fazer nada.

— Pat?

Eu respiro fundo, começo a assinar, mas paro mais uma vez, o Pran se aproxima e fala baixo.

— O que você está fazendo?

— Eu...

— Assina isso de uma vez!

Olho para onde devia estar a minha assinatura e solto a caneta, quando viro para o Pran vejo o pânico no seu olhar. Ficar feliz com essa reação faz de mim uma pessoa ruim? O Pran sempre foi bom em esconder o que sente, os seus tiques o entregavam, mas com o tratamento ele está se controlando mais, então ver o seu olhar assim me deixa feliz, porque, assim como eu, ele tem medo de me perder.

— Covinhas...

— Pat?

Eu seguro a sua mão, respiro fundo e sorrio.

— Primeiro, eu quero dizer que sinto muito. Você preparou o casamento perfeito, fez os votos perfeitos, foi perfeito, mas eu acabei estragando tudo.

— Tudo bem...

— Não, me escuta...

Eu beijo a sua mão e tiro a sua aliança.

— Covinhas... Pran, meu amor... Um dia, de algum jeito, eu cai no mar e fui parar nos seus braços. Sabe... Até aquele dia a minha vida não era minha e eu não era eu. Eu seguia regras, fazia o que queriam e era o que diziam que eu devia ser. Sei que a nossa história foi difícil e quanto ela nos machucou, mas se pudesse voltar para aquela primeira noite, eu mesmo me entregaria ao mar apenas para que ele me levasse até você. Eu quero que você saiba, Covinhas, que até mesmo os momentos de dor e tristeza são preciosos pra mim, porque eles fazem parte de nós, são parte da nossa história. Pela primeira vez na minha vida eu posso dizer que sou realmente feliz e não é porque sou o melhor em algo, porque tenho um bom emprego e dinheiro, coisas que eu cresci ouvindo que são sinônimos de felicidade. Eu sou feliz porque todas as manhãs quando acordo você sorri para mim, sou feliz porque você prepara as minhas refeições, porque cuida de mim, porque briga comigo. Eu sou feliz porque todas as noites quando vou dormir a última coisa que eu vejo é o seu olhar apaixonado, porque você faz eu me sentir especial, porque você me ama. Cada segundo ao seu lado é repleto de felicidade, Covinhas, e o seu amor é o bem mais valioso que eu poderia ter. Então obrigado, meu amor, obrigado por me salvar, obrigado por cuidar de mim, obrigado por me ensinar a ter coragem, obrigado por me amar. Hoje eu prometo que vou cuidar de você e te proteger para sempre, ao meu lado todos os seus sonhos vão se tornar realidade, os grandes e os pequenos, não importa o que você queira nesse mundo eu vou dar a você. Eu te amo, Covinhas, amei desde a primeira vez que vi o seu sorriso e vou te amar para sempre!

Seguro a sua mão que está tremendo e coloco a aliança nela novamente, seguro o seu rosto com duas mãos vendo as suas lágrimas que descem sem parar, quando o beijo o mundo parece parar, tudo fica em silêncio , nada mais importa, porque ele é tudo o que importa.

Depois de um tempo o atendente tosse algumas vezes chamando a nossa atenção e o senhor Pakorn bate no meu ombro, eu me afasto assustado e a dona Dissaya me olha sorrindo, mas ela também estava chorando.

— Não é necessário fazer isso senhor, é só assinar registro de casamento.

— Claro, me desculpe!

Pego a caneta e assino sem vacilar dessa vez, o rapaz sai com o livro e pede pra aguardar, voltamos para os bancos e esperamos mais uma vez.

Seguro a mão do Pran que continua tremendo, se eu mesmo não estivesse tão ansioso teria ficado preocupado, mas não importa o quanto ele diga que já somos casados, só agora é oficial.

Dez minutos se passam até nos chamarem novamente, o atendente entrega as nossas certidões de casamento e eu leio o nome do Pran ao lado do meu várias vezes, mas ainda não consigo acreditar, ele finalmente é meu!

— Pat? Está tudo bem?

Olho para o Pran que parece realmente preocupado, quando ele toca o meu rosto e limpa as lágrimas que eu nem percebi que estavam ali eu só consigo dizer.

— Eu te amo, Covinhas!

Apesar da surpresa ele responde daquele jeito único que eu tanto amo.

— Eu também te amo, Olhos Ferozes!

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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