Colérico

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O meu pai nos olha surpreso, pela sua expressão eu consigo ver o exato momento em que ele entende o que está acontecendo e de repente estou novamente naquela delegacia levando um tapa na cara. Ele caminha na nossa direção e eu me preparo, quando está a poucos passos de nós o Pran entra na minha frente, o meu pai para e fica encarando o Covinhas, assim que a surpresa passa ele continua vindo, antes que faça alguma coisa eu pego a mão do Pran e tento segurar os seus dedos se movem sem parar, fico mais nervoso com o seu nervosismo, do que com o meu pai que parece prestes a ter um ataque, puxo o Pran para ficar atrás de mim, ele aperta a minha mão como um aviso, mas não me impede, quando o meu pai levanta a mão pra me bater eu sou empurrado para o lado quase caindo no chão, olho para o Pran que segura o seu pulso do meu pai ainda levantado.

— Dessa vez eu apenas te impedi, mas a próxima vez que tentar tocar nele eu vou mostrar como um homem de verdade faz.

Tudo no Pran deixa claro que ele está falando sério, a sua raiva, o seu olhar, a sua postura, acho que se o meu pai tentasse alguma coisa agora mesmo o Covinhas daria um soco nele e o fato dele usar as palavras do meu pai contra ele, falando sobre como um homem de verdade faz as coisas... Ele não está pra brincadeira.

Eu vou até eles e seguro a mão do Covinhas, aceno quando me olha, então ele solta o meu pai.

— O que você pensa que está fazendo, Pat? É por isso que você não está indo pra casa?

— Eu estou trabalhando, pai, não é lugar pra isso, a noite eu vou pra casa e...

— Você vai pra casa agora!

— Você não decide isso, pai, por favor, não faz isso aqui.

— Não fazer isso aqui? Você não pode... Com esse...

Ele está muito vermelho e inchado agora, fico preocupado dele passar mal e tento me manter calmo.

— Eu tenho que trabalhar, pai, a noite nós conversamos.

— Você não vai fazer nada! — Ele vira para o lado e olha para o engenheiro chefe que assiste tudo curioso. — Matthew, nós vamos embora, sinto muito, mas o meu filho não vai mais trabalhar com você.

— Ming, se acalma, o Pat está certo aqui não é lugar pra isso.

— Não é lugar para nada disso, mas você deixou acontecer debaixo do seu nariz, Matthew.

O Covinhas solta a minha mão e se afasta, quero ver aonde ele vai, mas volto a ouvir a conversa, só falta essa, o meu pai fazer me tirarem do estágio, ou pior, fazer algo pra prejudicar o Pran.

— Vamos entrar, Ming.

O meu pai me olha irritado, mas segue o amigo, eu procuro pelo Pran, mas não vejo ele em lugar nenhum, quando penso em ir procurá-lo ele sai da lateral do prédio e vem na minha direção estalando os dedos e o pescoço, ele está no limite e eu odeio não poder fazer nada pra ajudar.

— Pat?

Eu fecho a mão e mantenho a calma, mas a minha vontade é mandar tudo pro inferno e levar o Covinhas pra casa.

— Pat!

— Só vai embora, pai!

O meu pai e o chefe me olham surpresos quando eu grito, mas eu já não ligo mais, vou rápido até o Pran e seguro o seu rosto com as duas mãos, antes que eu diga alguma coisa o Covinhas fala baixo.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo!

Ele sorri como se soubesse de algo que eu não sei, passa por mim e vai para o prédio, por um segundo eu fico perdido, mas uma coisa eu sei, eu vou para onde ele for.

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