Capítulo 3

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Depois de secar as lágrimas e reunir o pouco de coragem que me restava, segui ao lado de Lan Sizhui e Lan Jingyi pelo enorme jardim. O cheiro da grama molhada e das flores, misturado ao ar fresco, me ajudava a manter os pensamentos em ordem, mas ainda assim, tudo parecia pesado. O peso daquelas revelações, o peso de tudo o que eu estava descobrindo.

— Qual é a história do General Fantasma? — perguntei, mais por não aguentar o silêncio do que por curiosidade genuína. Algo me dizia que a resposta não seria simples, mas eu precisava distrair minha mente de algum jeito.

Lan Sizhui olhou para mim de forma tranquila, como sempre fazia, antes de responder.

— A maldição de Wen Ning é... complicada. Não posso te contar todos os detalhes ainda, mas a verdade é que a maldição dele foi diferente das nossas. Ele pode sair da casa, não está preso como os outros. Inclusive, foi ele que te encontrou e te trouxe pra cá.

Minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa. Então, Wen Ning, o General Fantasma, tinha sido o responsável por me salvar? Isso me deixou mais confuso ainda sobre quem ou o quê ele realmente era. Meus pensamentos foram interrompidos quando Lan Sizhui continuou:

— Wen Ning está... meio morto, meio vivo. Não é fácil de explicar, mas assim como os outros de nós, ele nunca vai envelhecer, nunca vai mudar.

"Por que a maldição dele é diferente?" pensei. Eu não entendia o que fazia Wen Ning ser especial, ou o que exatamente ele tinha se tornado. E quanto mais eu pensava nisso, mais me sentia afundando em perguntas sem respostas.

Lan Jingyi, sempre mais descontraído, riu suavemente e acrescentou:

— Ele gosta de ficar na floresta, longe de todo mundo. Já foi flagrado algumas vezes por outros, o que acabou criando as lendas sobre o General Fantasma.

A ideia de Wen Ning vagando solitário pelas sombras das árvores me deu um arrepio. Era difícil imaginar uma vida assim, metade preso ao mundo dos vivos, metade ao mundo dos mortos.

— Não existe nenhum jeito de quebrar essa maldição? — perguntei, com uma ponta de esperança na voz. Eu queria acreditar que havia uma saída, um jeito de mudar tudo aquilo.

Lan Sizhui balançou a cabeça, os olhos calmos mas sérios.

— Não. E é melhor assim. Não sabemos o que aconteceria com nós se a maldição fosse quebrada. Talvez fôssemos atingidos pelos anos que passaram, talvez... algo pior. É impossível prever.

As palavras dele pareciam definitivas, como uma parede que eu não podia atravessar. O ar no jardim parecia se tornar mais denso ao redor de mim, e um grito formou-se em minha garganta. Eu queria gritar contra a injustiça disso tudo, contra a maldição que parecia nos prender em uma existência vazia e eterna.

Mas tudo o que consegui fazer foi caminhar em silêncio, tentando sufocar aquele grito que ecoava dentro de mim.

Entramos em casa, e mal tive tempo de me preparar antes de nos depararmos com Lan Wangji no corredor. Meu corpo ficou tenso instantaneamente. Não importava quantas vezes eu já o tivesse visto, o ar ao redor dele sempre parecia mudar, quase como se ele trouxesse uma gravidade própria. O olhar dele pousou em mim por um segundo, e depois se voltou para Lan Sizhui, sua voz soando surpreendentemente suave:

— Já foi explicado?

Lan Sizhui assentiu imediatamente.

— Sim, foi.

Lan Wangji apenas fez um gesto sutil com a cabeça e saiu em silêncio, sem dizer mais nada.

Eu soltei a respiração que nem percebi que estava segurando, e antes que pudesse processar o que havia acabado de acontecer, Lan Jingyi começou a rir, com os olhos brilhando de diversão.

A Maldição do Nunca Mais - Zhuilingyi Onde histórias criam vida. Descubra agora