A Maldição do Nunca Mais - Zhuilingyi

Capítulo 6

Eu estava perdido em meus próprios pensamentos, observando Shen Daiyu correr pelos corredores como uma sombra fugaz. Ela era um verdadeiro enigma. Nunca a via conversando com ninguém, exceto Wei Wuxian e Lan Jingyi, e este último apenas para dar broncas quando a comida desaparecia misteriosamente da cozinha. Enquanto refletia sobre isso, tão distraído, não percebi que vinha alguém na minha direção até que o impacto aconteceu.

Esbarrei em algo firme e, quando olhei para cima, senti o sangue congelar nas veias. O General Fantasma. Wen Ning.

Por um instante, senti como se o mundo estivesse desabando sobre mim. As histórias sobre ele sempre me faziam estremecer. Antes que eu conseguisse abrir a boca para pedir desculpas, ele falou primeiro.

— D-desculpa... — Wen Ning gaguejou, os olhos evitando os meus. — Eu não estava olhando por onde andava.

Eu pisquei, surpreso. O General Fantasma se desculpando? E de um jeito tão... nervoso?

— Ah, não, a culpa foi minha — corrigi rapidamente, tentando minimizar o momento constrangedor. — Eu que não vi você.

Um silêncio desconfortável se instalou entre nós. Não era a primeira vez que o via, mas era a primeira vez que trocávamos palavras. Sempre imaginei Wen Ning como alguém imponente, aterrorizante. No entanto, ali estava ele, tão constrangido quanto eu, talvez até mais.

— Você está... bem? — perguntei, hesitante, tentando quebrar o gelo.

— Sim, sim... — Ele coçou a nuca, visivelmente desconfortável. — Só estava com pressa de entregar algo.

— Entendo... — murmurei, sem saber muito bem o que dizer. Mas algo na maneira gentil como ele se comportava me deixou mais à vontade. Aquele não era o Wen Ning que eu esperava encontrar.

Caminhamos juntos, quase sem direção, e eu, intrigado, não consegui resistir em puxar mais assunto.

— Nunca tinha falado com você antes — confessei. — Sempre ouvi muitas histórias sobre... o que você é.

Wen Ning parou por um segundo, seus ombros tensionados ao ouvir isso, mas ele apenas sorriu, tímido e um pouco triste.

— As histórias.... são exageradas — ele disse, sua voz suave carregada de um peso que parecia antigo. — Mas sei que não são fáceis de esquecer.

Fiquei em silêncio, refletindo. Sempre pensei que Wen Ning fosse um monstro, mas agora, andando ao seu lado, ele parecia apenas... humano, mais humano do que as pessoas da vila.

— Sabe, você não é nada do que eu imaginei — admiti, meio sem jeito. — Sempre achei que você fosse... perigoso. Mas agora... parece ser tão... gentil.

Ele me olhou, surpreso, antes de sorrir de forma quase tímida.

— Obrigado... eu acho. — Ele soltou uma risada nervosa. — Eu tento ser. Não gosto de assustar ninguém, mas entendo que às vezes é inevitável, por causa de...bem.... da minha aparência.

Como alguém poderia ter amaldiçoado uma pessoa como ele? Ainda mais algo tão horrível.

— Obrigado... — murmurei de repente, sem conseguir conter a gratidão. — Por me salvar e me trazer para cá.

Wen Ning me olhou surpreso, como se não esperasse isso.

— Não precisa me agradecer... — ele balançou a cabeça suavemente. — Só fiz o que achei certo.

Nós dois paramos perto de um corredor que levava de volta aos quartos. O silêncio que pairava agora era mais confortável.

— Foi bom conversar com você, Jin Ling — ele disse com um sorriso leve. — Se precisar de qualquer coisa, pode falar comigo. Ficarei feliz em ajudar e .... conversar.... se.... se você quiser.