Basta.

123 12 9
                                    

Lana pov's

Acordei pela manhã com meu celular vibrando na mesinha de cabeceira ao lado da cama, o despertador indicava que estava na hora de acordar ou me conhecendo bem, iria me atrasar.
Levanto da cama já me espreguiçando e sinto meu corpo todo doer, pedir arrego, latejar e assim lembro do Capitão. Isso não estava certo, estava indo tudo muito rápido e eu não sou assim, claro que já estive em baladas ou festas e acabava pegando alguns caras sem nem mesmo saber o nome deles, mas eu não era mais assim, eu não era mais adolescente ou uma universitária em uma sexta a noite qualquer. Eu era uma psicóloga formada, concursada, longe de casa e me "envolvendo?" com o capitão do BOPE. Cujo o mesmo não conversa comigo, só sei parte da sua vida porque eu sou terapeuta dele e isso me deixa totalmente confusa porque não sei se eu deveria estar me envolvendo com meu paciente e muito menos me entregando dessa forma.
Como um homem que não conheço direito, entra na minha casa a qualquer momento e me come em todos os cantos? E eu deixo! Para piorar a confusão mental que o Roberto está me trazendo, ontem a noite ele ainda pediu comida pra mim e essa é a melhor maneira de me conquistar.
Eu precisava impor limites, estava parecendo uma adolescente com o primeiro amor e dessa forma, eu ia sair machucada porque eu aposto que ele sabe o que está fazendo, mas já eu, não. Não sei onde estou me metendo.
Caminho em direção ao banheiro e tomo um banho um pouco mais demorado pois precisava lavar meu cabelo, após sair, finalizo o mesmo como de costume e vou em direção ao meu guarda roupa para escolher o que vestir no dia de hoje:

Caminho em direção ao banheiro e tomo um banho um pouco mais demorado pois precisava lavar meu cabelo, após sair, finalizo o mesmo como de costume e vou em direção ao meu guarda roupa para escolher o que vestir no dia de hoje:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Resolvo não ousar no look, nada de decotes ou pernas de fora para talvez então evitar o Nascimento e assim finalizo com uma maquiagem simples e perfume.
Saio às pressas do apartamento e caminho direto para o elevador na intenção de ir até o carro.
Eu já estava atrasada noto ao olhar no relógio que estava em meu punho e assim então, meu celular toca. Na tela "Capitão Nascimento". Atendi pois a preocupação falou mais alto.
"-Bom dia, doutora"- ouço a voz mais espetacular e excitante do mundo.
-Bom dia, Capitão. Como posso ajudar?- eu respondo tentando manter a pose e nisso eu já caminhava em direção ao meu carro.
"Acredito que a senhorita esteja ciente do seu atraso. O que houve?"- Ele responde da forma mais Roberto Nascimento possível, o que me deixa indignada.
-Estou ciente e peço desculpas, já estou dentro do carro a caminho. Tive que lavar o cabelo porque um certo alguém é um pouco agressivo e deixou meu cabelo cheio de nós ontem à noite.- pauso entre minha fala e ouço uma leve risada abafada no outro lado da linha.- mas não se preocupe, eu moro perto do batalhão, não sei se sabe, 13 minutos estou aí.- terminei e com uma grande ironia, certamente.
-Tenho um certo conhecimento sim, doutora. Irei enrolar seu próximo paciente, mas não se acostume. Não corra e tome cuidado com o caminho.- após sua fala, ouço a ligação se encerrar e novamente, eu me sentia boba pelo capitão. Como ele fazia isso eu não sei, mas não podia ficar assim. Roberto era certamente era o homem mais difícil que eu já havia me envolvido, aliás, isso se posso chamar de envolvimento, mas também era o mais charmoso, em tudo. Algo nele era diferente, seu jeito mandão, agressivo e cuidadoso. Sua voz intensa... eu não devia estar pensando nele.
Após alguns minutos e poucos sinais vermelhos, chego a base do batalhão, sem precisar me identificar pois meu carro já estava registrado, eu só entro ja buscando a mesma vaga de sempre, que era ao lado de uma certa BMW preta, perfeitamente higienizada e com um brilho incomparável. Seu dono era perfeccionista. Roberto era perfeccionista.
Saio do carro trancando o mesmo e indo em direção ao meu consultório, meus passos eram acelerados o que causava barulhos estridentes do salto se chocando no chão, chamando mais atenção do que eu gostaria e ali alguns militares já me cumprimentavam. Em frente ao meu consultório vejo uma figura familiar conversando com meu primeiro paciente do dia, ao chegar mais próxima da sala, os dois olham para mim.
-Bom dia, rapazes. Peço desculpas pelo atraso, houve algumas complicações.- falo já destrancando a sala sendo observada pelos dois. O que eu acho que era meu paciente, sorria simpático. - Irei organizar a sala e te chamo, tudo bem?- falo adentrando a mesma e já procurando o controle do ar-condicionado.
-Claro, doutora. Não se preocupe.- ele diz e volta a conversar com Nascimento que apenas me olhava, aliás, me comia com os olhos.
Ligo o ar-condicionado, o notebook e procuro a ficha do paciente que me aguardava e assim que acho, sento atrás da mesa e o chamo. Ouço suas últimas palavras com o capitão e não pude evitar de ficar apreensiva.
"Mas hoje pegamos ele, capitão. Nem que isso custe nossa vida, mas a morte dele vai ser pior"
O trabalho desses homens envolvia uma missão muito difícil: voltar para casa vivo. Confesso que, um dos meus maiores medos de sentir algo pelo Roberto, era isso. Não saber se ele voltaria para casa.
Sua ex mulher com certeza era muito forte por aguentar isso diariamente e ainda ter um filho com ele, tem que ter uma estabilidade mental maravilhosa.
Atendi meu primeiro paciente do dia e o coitado era completamente perturbado, mas o bom foi que ele se abriu, contou tudo, contou exatamente como funcionava o BOPE. Após o término da consulta, eu sentia minhas mãos trêmulas.
Flashback
"Na nossa última missão, eu jurava que não íamos voltar... foi muito cansativo, mas na hora não pensamos nisso, só pensamos em pegar os desgraçados. Nenhum de nossos homens se foi, graças a Deus e a liderança do capitão, mas perdi as contas de quantos corpos deixamos no chão. Quando cheguei em casa e vi meu moleque na cama dormindo, eu fiquei pensando nas crianças que tivemos que tirar a vida. São tudo farinha do mesmo saco, aqueles ali não tem solução, não queriam entregar o chefão de jeito nenhum. O Nascimento fica louco com isso, foi a primeira vez que vi nosso capitão daquela maneira, ele tremia, estava fora de si e achei que fosse perder o controle e se ele perde o controle, nós morremos"
Flashback off
Esse era o tipo de situação que o Roberto devia me contar durante as consultas, ele provavelmente já está tendo ataques de ansiedade ou pânico no morro e isso já não é bom normalmente, imagina com um fuzil na mão e tentando não tomar tiro de bandido.
Tomo um pouco de água e procuro a agenda para verificar o próximo paciente: Roberto Nascimento.
Resolvo chamá-lo e hoje eu ia tentar descobrir algo, eu precisava ajudá-lo.
Vejo o mais alto abrir a porta a minha frente e vir em direção a cadeira que o paciente anterior estava sentado.
-Tudo bem, Roberto? Gostaria de uma água, um café?- eu ofereço mexendo em sua ficha para atualizar a data.
-Agradeço, doutora.- ele diz me olhando. Eu sentia seus olhos penetrando minha alma.
-Bom, me conte sobre sua semana, como foi?- eu pergunto já com a caneta em mãos para anotar qualquer coisa que fosse interessante.
-O mesmo de sempre- ele faz uma pausa- pegamos uns caras da pesada, novamente não vi o Rafael e comi uma psicóloga gostosa algumas vezes.- ele termina a última fala me fazendo quase engasgar.
-Nossa, pelo visto foi agitado.- eu falo tomando um gole d'água, e ele me observava com um sorriso de canto.- mas me conte, como foi sua última missão? Boatos que foi super intenso.- eu pergunto o olhando dessa vez e pude notar ele ficando desconfortável no mesmo instante.
-O mesmo de sempre, correria, tiro pra todo lado, marginal do chão, saco cheio de sangue, tapa na cara e no final, missão cumprida. Nada demais.- ele diz como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Escutei um pouco sobre o "saco" que era usado na tentativa do bandido falar algo, dedurar alguém. Era repugnante, era medonho saber que o cara a minha frente, um ser tão lindo que parecia celestial, ao entrar na favela colocava sacos plásticos na cabeça de pessoas, até sangrarem e sufocarem.
-Tudo bem sobre isso? Tudo certo? Como você se sentiu?- eu pergunto tentando arrancar algo dele, mas o homem era mais difícil do que eu pensava.
-De boa. Já estou acostumado. Somos treinados para isso.- ele diz e arruma sua postura na cadeira.- mas e você, doutora? Como estão as dores?- ele pergunta e sinto uma malícia em sua fala, eu já sabia que ele perguntava sobre como ele havia me deixado.
-Estou muito bem, Capitão. Obrigada por perguntar.- respondo como se não soubesse do que se tratava.
-Então está pronta pra hoje?- ele diz e meu coração dispara. Eu precisava falar com ele.
-Roberto.- eu digo afastando sua ficha para o lado.- isso não pode continuar assim, você não fala comigo, não sei nada sobre você. Não pode simplesmente chagar na minha casa, me comer como se eu fosse uma puta e não trocar uma palavra direito comigo. Você está me deixando confusa.- disparo palavras e ao olhar para a cara do mais velho, estava confuso.
-Ta, tudo bem.- ele diz e levanta as mãos em rendimento.- podemos ir para a minha casa hoje.
-O que?- eu pergunto sem entender.
-O problema é te comer no seu apartamento? Então, vamos para a minha casa.
-Eu não acredito que você vai se fazer de sonso, Roberto.- eu falo seria.
-O que você quer, Alana?- ele pergunta com a voz mais séria.- Me fala o que você quer.- ele fala chegando mais próximo da mesa, me olhando nos olhos.
-O que você quer comigo?- eu pergunto retrucando o olhar.
-Você. Não está óbvio? Desde o maldito dia que você pisou nesse batalhão, você virou minha vida de cabeça para baixo, eu perdi o controle.- ele diz e eu pude sentir raiva em sua voz. O mesmo se levanta passando a mão no cabelo.- Eu não quero te meter na minha vida, é uma merda. Eu nunca sei se vou voltar pra casa vivo, eu não tenho controle da minha raiva, minha ex mulher não conseguiu lidar comigo, meu filho me odeia, mas eu não consigo ficar longe de você. Eu me sinto aqueles viciados de merda que eu mato todo dia.- ele dizia com a voz um pouco alterada.- Merda!- ele caminha em passos rápidos até a porta e sai da sala.

Eu fiquei paralisada, sem entender, mas minha vontade era de ir atrás dele.

———-///———-
Rapaz, esses dois são confusos demais, se comam logo.
Peço desculpas pela demora pra postar, tive um bloqueio criativo e muita coisa acontecendo, mas e aí, o que estão achando? O próximo capítulo já está sendo feito 💖

Minha vida com o capitão do BOPE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora