O capitão instável

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•Lana pov.

Meu primeiro dia de trabalho no batalhão do BOPE se iniciava cedo, acordo já olhando a tela do celular e verifico a temperatura lá fora e como imaginava, o Rio de Janeiro continuava quente. Ainda não havia me acostumado com essa temperatura, em São Paulo as vezes eu ainda conseguia usar calças, já aqui ou eu trabalho de saia ou de vestido.
Levanto indo direto para o banheiro, ligo o chuveiro no frio para me refrescar e lavo meu cabelo pensando em como seria o dia de hoje.
Saio do banho a procura de uma roupa para o dia de hoje, decido pegar um vestido tubinho preto e um scarpin da mesma cor. Passo uma maquiagem simples apenas para realçar mais meus contrastes, coloco alguns acessórios e estava pronta. Pego a chave do meu carro, a bolsa e saio apressada com medo de me atrasar. Chamo o elevador e desço no estacionamento já apontando a chave para meu carro para abri-lo, adentrei o mesmo sentindo o cheiro de novo.
Tenho um i30 preto, com teto solar, estava novinho em folha, peguei todas minhas economias e comprei o mesmo no segundo dia que estava no Rio de Janeiro, devo admitir que fiquei com medo de andar de ônibus por aqui. No mesmo dia que cheguei, quando estava vindo para meu apartamento que havia alugado através do um aplicativo de locação de imóveis,
ouvi que o ônibus da frente estava sendo assaltado e os passageiros sendo feitos de refém.

*Flash Back on*

Minutos depois a rua estava cercada de policiais e o próprio BOPE. Lembro-me que havia colocado a cabeça para fora do Uber e ver o capitão com um mega fone em frente ao seu rosto, a voz grave me chamou a atenção no mesmo segundo. Ele dizia de forma direta e reta "aqui é o capitão Nascimento, comandante do BOPE. Não vai ter papo, não vai ter acordo. Vocês descem agora, se rendem ou eu entro aí com os meus homens e não vai restar um bandidinho de merda pra contar história".
Não pude ver muito bem seu rosto porém senti meu corpo inteiro se arrepiar. A maria batalhão que habita em mim estava aos berros.
Após cerca de meia depois o BOPE adentrou no ônibus, 8 homens e o capitão sempre na frente com seus fuzis apontados. Pude ouvir disparos, minutos depois, dois corpos sendo arrastados por um policial do BOPE negro e um policial também do BOPE mais musculoso. Segundos se passaram e por fim, vejo o capitão descendo empurrando um dos bandidos com a cara toda ensanguentada, o mesmo tropeçou o último degrau da pequena escada do ônibus e caiu já no asfalto da rua pedindo por misericórdia para o capitão que disparava tapas no rosto do bandido. Naquele minuto, pude ver a face mais linda que já havia visto, capitão Nascimento era simplesmente lindo. Seu rosto perfeitamente desenhado, seu corpo alto naquela farda, sua boina de lado com a caveira. Tudo era perfeito e por um momento o refrão de west coast de Lana Del Rey tocou em meus pensamentos. Uau.
Porém meus pensamento foram quebrados quando o motorista do Uber pediu gentilmente para eu colocar a cabeça novamente para dentro do carro.

-Senhorita, acho melhor colocar a cabeça de volta para dentro do carro. Vou fechar os vidros, o BOPE está muito próximo e esse Nascimento aí não é brincadeira... você não é daqui, né?- o senhor que me olhava pelo retrovisor pergunta.

-Não, sou de São Paulo, é meu primeiro dia aqui.- respondo já fechando a janela e perdendo totalmente a visão do capitão.

O motorista da uma leve risada, ele também não parecia de lá. Seu sotaque me lembrava talvez que fosse nordestino.

-Seja bem vinda ao Rio- ele diz e eu só sorrio sem lhe responder.

*Flash Back off*

Indo até a base do batalhão eu só conseguia pensar: "será que irei vê-lo?". Confesso que a ideia me dava borboletas no estômago. A música Promiscuous da Nelly Furtado tocava no rádio do meu carro e o refrão mexia comigo. Após cerca de 15 minutos dirigindo, vejo meu novo local de trabalho, me identifico na entrada para um dos policiais que pergunta meu nome e o que eu ia fazer lá. Minha entrada foi autorizada após verem minha documentação e estaciono em uma das vagas disponíveis. Pego minha bolsa, borrifo um pouco do meu perfume no meu corpo e na roupa para fixar mais, olho pelo espelho do carro para verificar como eu estava e saio fechando o mesmo e guardando a chave na bolsa.
Lembro que por e-mail eu havia conversado com o coronel e ele pedia para que assim que eu chegasse fosse até sua sala para ele me entregar a chave da minha sala e me conhecer; assim eu fiz.
Vejo a sala do coronel e bato na porta. Consigo ouvir um "entra". Rodo a maçaneta e vejo um homem com uma camiseta preta do BOPE, ele parecia ler algo na tela do computador na sua frente e assim que me vê, sua atenção é direcionada para mim.

Minha vida com o capitão do BOPE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora