O que se passa na sua cabeça?

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Roberto Pov's
Fui direto para a minha sala, fechei a porta e minha cabeça não parava. Eu nunca havia sentido nada parecido, eu amava Rosane, mas minha atração por ela nunca havia sido tão intensa como com a Alana, tudo nela me chamava atenção, sua inteligência, sua bondade, seu corpo, seu rosto, seus tiques com o cabelo em ficar fazendo cachinhos, o modo como ela se entregava pra mim como se nos conhecêssemos a anos. O pior é que comecei a sentir mais do que atração e sim, foi tudo muito rápido.
Sempre tenho tudo sob controle, mas ela foi totalmente fora do controle, o que me deixava mais louco ainda. Eu não queria me envolver com ninguém depois do que aconteceu com a Rosane, estávamos separados a relativamente pouco tempo, em uma noite cheguei do serviço e gritei com ela por conta do cansaço e a cobrança que ela colocava em cima de mim para sair do BOPE, na manhã seguinte acordei e ela já havia ido embora. No final das contas foi melhor assim. Não nos suportávamos mais, estávamos nos aturando apenas pelo Rafael e isso não é uma relação, não nos amávamos mais, sequer gostávamos um do outro. Não transávamos mais e ela inclusive, por saber que eu gostava muito da coisa, disse que estava liberado para transar com outras mulheres desde que me protegesse e assim eu fiz e ela também, com um esquerdista nojento pra caralho e já esta noiva desse filho da puta que fica fazendo a cabeça do meu filho.
Peguei meu celular e entrei no WhatsApp, clico no contato de Lana e vejo sua foto. Como alguém poderia ser tão linda? Como alguém como ela poderia corresponder a todas as vezes que eu tentava algo? Todas as vezes ela se entrega de uma forma que nunca vi antes. Já estive com muitas mulheres, na maioria das vezes, eu não vou atrás, elas que vem e sempre querem repetir, então reconheço que sou um cara bom de cama, afinal eu me esforço e sempre tento deixar a pessoa contente com os resultados, mas com Alana é insano, coisa de outro mundo, tudo acontece de maneira automática, tudo se encaixa.
Uma batida na porta me faz voltar a realidade, era Neto, um dos meus mais dedicados policiais, porém um moleque que ainda tem que aprender muito.
-Licença, senhor.
-Entre, por favor.- eu falo e vejo o mais novo fazendo.- feche a porta.
-Sim, senhor.- ele diz e fecha a porta atrás de si.
-Como posso ajudar?- eu pergunto cruzando os braços e prestando atenção no que o Neto tinha a dizer.
-Senhor, sobre a busca do Alemão essa noite, alguns dos rapazes que não foram escolhidos estão querendo ajudar, pediram para que eu viesse pedir para o senhor.- ele diz e limpa a garganta com uma tosse fraca- e se me permite senhor, minha humilde opinião. Seria de grande ajuda, essa missão vai ser uma batalha das feias, esse Alemão é um dos piores que já vi.- ele diz e fica atento a minha resposta.
-Neto, policial não selecionado, é policial ruim. Esse verme desse Alemão está preparado diariamente para não conseguirmos pegar ele. Precisamos de gente preparada, bons policiais. Essa missão já vai ser difícil por si só, não precisamos de ninguém nos atrasando ou fazendo merda.- eu falo e vejo o mais novo a minha frente assentir.- Estamos entendidos?.
-Sim senhor, Capitão!- ele diz firme.
-Fala para esses merdinhas que você não é treinado para passar recado, se quiserem falar comigo, que venham até aqui.- eu completo.- se for só isso, está dispensado.
-Licença, capitão.- ele diz e abre a porta saindo.
Alemão era o bandido mais filho da puta que já havia visto, dos mais imundos e eu queria acabar com ele com minhas próprias mãos. O cara pegava até criança pra fazer o corre, mas criança mesmo e se não fizesse direito, ele matava ou sei lá o que pior. Descobrimos isso após uma mãe vir dedurar depois do seu filho de 6 anos ter desaparecido, final da história, após a mãe vir até aqui, ela também sumiu.
Sabendo do que esse lixo é capaz, vai ser olho por olho, dente por dente. Ele vai se ver comigo.
Vejo outra pessoa entrar na sala sem nem bater, agora uma figura feminina e muito familiar, essa eu conhecia até ao avesso.
-É verdade o que estão falando?- Alana pergunta fechando a porta atrás de si.- Porra, Roberto! Você está louco de subir o morro pra pegar um cara da pesada sendo que está tendo ataques de pânico lá?- ela diz gesticulando, aparentemente furiosa e como caralhos ela sabia do que acontecia lá em cima?
-Quem te disse isso? Eu não sei nem o que é ataque de pânico, garota.- nessa eu sei que ela não vai cair.
-Roberto, está todo mundo preocupado com você. Por favor, manda alguém no seu lugar, você é um ótimo capitão, com certeza alguém já aprendeu com você.- ela diz puxando a cadeira em frente a minha mesa e se sentando. Agora sua voz já estava suave mas carregada de preocupação.
-Isso não é da conta de ninguém, eu estou ótimo. Nunca estive tão pronto pra matar alguém, pode confiar.- eu falo e cruzo os braços.- você acha mesmo que já não tentei achar alguém pra ficar no meu lugar? Porra, eu tenho um filho, quando o moleque ia nascer tudo o que eu mais queria era estar presente e pra isso, eu precisava estar vivo.- ela me olhava no fundo dos olhos, sua respiração mais acelerada e no seu olhar: preocupação.- Olha, fica tranquila e não vem com essas ideias pra cima de mim, eu vou subir aquele morro e quem vai descer morto vai ser o covarde que está escondido lá.- eu termino fazendo a mesma ficar boquiaberta.
-Você é muito ignorante. Parece que só seu trabalho importa.- ela retruca e na hora lembrei de Rosane e de todas as vezes que ela cuspia isso na minha cara.
-Não se mete na minha vida, pirralha. Você não sabe de porra nenhuma e de nada que eu faço.- eu sei que exagerei nas falas porque na hora a mesma se levantou e saiu da sala batendo a porta.
Eu já estou cansado de mulheres falando sobre meu trabalho e achando que sabem sobre algo, eu já vi que se eu não fizer, esse batalhão vai por água abaixo. Já quase deixei na mão de Matias e o filho da puta tomou um tiro porque entrou no beco sem olhar, todo confiante. Graças a Deus conseguimos salvar o moleque mas ele não sobe mais o morro comigo.
Neto, apesar de treinar muito, é incapaz de ir a uma missão como meu braço direito, esse já se meteu em muita encrenca.
Alana errou feio em vir falar do meu trabalho, eu admito que gosto da garota e não queria tratar ela assim, mas se tem uma coisa que eu não admito é se meter no meu batalhão. De fato, eu sei que eu deveria me arriscar menos, mas minha missão envolve isso, envolve riscos e por isso mesmo, eu não liguei quando a Rosane foi embora e por isso, eu tento evitar sentir algo por Lana, mas só vejo que é uma tentativa em vão porque ver aquela garota sair pela porta daquela forma e ver que o nosso dia de hoje foi baseado em briga, mexe comigo. Merda.
Eu precisava ficar tranquilo e descansar para hoje a noite. Decido ir até a padaria mais próxima para tomar um café e pensar no melhor no plano.
Indo até o carro vejo Alana entrar no projeto de bandidinho dela, aquele i30. A mesma me olhou depressa e entrou no carro já dando partida no mesmo e saindo.
Eu espero não ter feito cagada, mas é bom que ela entenda que no meu trabalho, ninguém se mete.
Entrei no meu carro e fui em direção a padaria, já lá pedi um expresso forte para me manter acordado e em alerta.
Horas depois
Sem notícias da Alana, sem nenhuma mensagem, foquei totalmente no meu plano de pegar o Alemão. Repassei a ideia novamente com meus homens e assim, chegou a hora. Pegamos as viaturas, eu sempre na frente e atento a tudo, chegando no morro, vi alguns PM'S subindo, era inadmissível aqueles corruptos subirem.
-Não vai subir ninguém, não vai subir ninguém, porra!- falei firme apontando para eles e comecei a subir o morro junto a meus policiais treinados.
Era possível ouvir várias pessoas correndo desesperadas, entrando em casa fechando a porta e os alertas entre os moradores: "o bope!", "corre, porra! O bope está subindo".
Assim seguimos, já lá em cima, paramos um pouco para verificarmos a região. Com o binóculo vi um dos capangas do Alemão conversando com dois PM's, além de trocar informações, estavam entregando droga para os bandidos e recebiam dinheiro.
-Capitão, estão na mira.- ouço meu braço direito daquela missão falar. Seu fuzil apontado e eu com sangue nos olhos.
-Então senta o dedo nessa porra.- mandei e ouvi os disparos acertando os PM's e os bandidos. Todos vermes, menos corruptos para atrapalhar nosso trabalho.
-Vamos seguir em direção a leste, assim vamos achar aonde aquele filho da puta está escondido.- falei me levantando e pegando meu celular para verificar se havia algo, mas nada que fosse de meu interesse. Essa garota, essa pirralha está fodendo minha cabeça, em plena missão estou pensando nela.
Seguindo em direção a o provável esconderijo do Alemão, sempre atentos, alguns corpos já haviam sido abatidos e não podíamos parar até concluirmos a missão.
Chegando em frente ao local, já podíamos ouvir vozes vindo de dentro, fiz sinal para os homens começarem a ir para trás da casa e chegando lá, arrombamos a porta. Tinham uns 20 caras lá dentro, todos armados até os dentes e no meio deles, Alemão.
-Que porra é essa?- ouvir o tal dizer.
- Todo mundo jogando as armas no chão, quem não jogar, vai tomar bala na cabeça!- falei e alguns jogaram a arma e se renderam colocando a mão na cabeça, já outros olharam para o Alemão com cara de assustados e outros apontaram as armas para nós.
-Vai se render ou seus cachorrinhos vão para o chão, Alemão.- eu disse cruzando os braços olhando para o mesmo.
-Capitão Nascimento, que honra você aqui no meu barraco. Você é uma lenda, sabia? A galera foge de você.- o Alemão diz dando um leve passo a frente.
-Sei, tô sabendo, mas não vim aqui pra ficar de conversinha com você.- dito isso, um disparo veio do lado de fora acertando a perna de um dos meus homens e assim, um tiroteio se instalou no local, nos escondíamos da forma que dava, atrás de sofá, atrás de móveis que já estavam destroçados.
Vi o Alemão correr para o lado de fora e fiz sinal para um dos rapazes vir comigo e assim fomos atrás dele, mas o malandro era bom, sabia onde ir, conhecia cada pedacinho daquela favela. Após muitas tentativas, conseguimos achar o filho da puta que estava escondido em um barraco de madeira que parecia abandonado. Eu podia ouvir sua respiração acelerada no lado de fora, mas acho que ele também notou nossa presença porque disparou um tiro que me acertou de raspão, com o calor do momento, não me importei e consegui, finalmente, acertar um tiro na cabeça do desgraçado.
Entramos na casa e meu parceiro verificou que havíamos abatido o verme. Meu braço doía, sangrava.
-Recolhe o corpo, eu vou descer, preciso estancar isso aqui.- dou as ordens já saindo da casa.
Minha visão estava um pouco embaçada, eu tremia e suava igual um porco. Merda.

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Tomara que nosso homem fique bem :( nesse cap conseguimos entender um pouco sobre o que se passa na cabeça do capitão. O próximo cap vai estar só o fogo no parquinho 🔥🔥🔥🔥 espero que vocês gostem

Minha vida com o capitão do BOPE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora