Positivo.

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Lana Pov's

23 dias se passaram desde a minha última conversa com o Roberto, ele não foi mais as consultas e soube que ele tomou um tiro de raspão na missão do Alemão, por mais bem sucedida que tenha sido, o parceiro dele me contou que ele passou mal, tremia, suava e dizia que parecia que o coração ia pular para fora do corpo, mas não aceitou ajuda.
Pensei em conversar com ele, várias vezes. Afinal, trabalhamos no mesmo local, eu vejo ele pelo menos umas 3/4 vezes por dia, ele sempre me olha mas nunca fala comigo e eu do jeito que sou orgulhosa, também não vou até ele.
Sim, ele é irresistível, mas é um ignorante, nossa última conversa resultou em uma briga e eu sei que não vou conseguir mudar o modo de pensar dele e se é assim que ele quer, nada eu posso fazer.
Hoje pela manhã eu me senti muito enjoada, o que resultou em mais tempo na cama, um rabo de cavalo, nada de maquiagem e um macacão social com uma sapatilha qualquer. Três dos meus pacientes perguntaram se eu estava bem, acredito que seja a falta de um corretivo nas olheiras. Na hora do almoço, não consegui nem pensar em comer, estava a base de água e tentando digerir uma maçã que comi mais cedo que insistia em querer voltar. Ouço três batididinhas na porta mas não me atrevi a levantar por medo de vomitar no meio da sala.
-Pode entrar.- juntei minhas forças para falar
-Não vai almoçar?- ao ver a porta abrir, ouço a voz que me causava arrepios.- Caralho, o que aconteceu com você? Está tudo bem? Vem, eu vou te levar na enfermaria.- Roberto vem em passos rápidos em minha direção.
-Se você me levantar, eu vomito em você, não duvide.- eu falo colocando a mão em sua frente como sinal de "pare".- não é possível que eu esteja tão feia assim.- eu falo abrindo a câmera do meu celular e dando cara com uma visão terrível. Boca branca, olheiras marcadas e parecia que eu estava prestes a desmaiar.- caraca, tô feia sim.
-De jeito nenhum, mas está com cara de doente.- Roberto diz se abaixando ao meu lado e levando sua mão a minha testa para provavelmente verificar se havia febre.
-Não estou doente, só enjoada.- eu falo pegando minha garrafinha para tomar mais água.
-Enjoada?- dessa vez o tom veio mais preocupado e confesso que me preocupei na hora também, eu não tomava nenhum meio contraceptivo, não usamos camisinha nenhuma das vezes e foram muitas.
-Fica tranquilo, eu acho que comi alguma coisa ruim só.- falo e Roberto me olhava atento.- Como está o braço?- eu pergunto já procurando a ferida ou cicatriz.
-Bem, foi de raspão.- ele diz passando a mão na cicatriz que se formava.- Pelo visto, as noticiais correm.- ele fala enquanto se levanta. Eu acabo dando uma leve risada.
-Aqui só tem policial fofoqueiro.- ao terminar de falar, ouço Roberto rir.
-Você tem meu número, se precisar de algo, é só me chamar.- o mais velho diz caminhando em direção a porta, eu apenas assenti confirmando.
Eu ainda tinha mais duas consultas, mas meu coração batia acelerado e eu podia sentir minhas mãos trêmulas. Se eu estiver grávida, não é uma surpresa.
Cerca de 15 minutos depois, Roberto surge na minha sala com uma salada de frutas em sua mão.
-Come pelo menos isso, é levinho, não vai te fazer mal.- ele diz vindo em minha direção e deixando o copinho cheio de frutas na mesa.- Tenho que ir para uma operação, mas se você precisar de algo, me liga.- ele fala já saindo da sala. Merda, aqueles olhos de cachorrinho abandonado mexiam demais comigo e eu não tinha como evitar sentir algo.
Essa bipolaridade de Roberto me deixava louca, ele me trata como se não se importasse, depois como se importasse muito.
Atendi o restante dos pacientes que estavam agendados, não era meu melhor dia, eu só conseguia pensar em ir pra casa logo. A sensação de mal estar não passava.
17h30 finalmente, bati o ponto e fui rapidamente para o carro, fui para casa o mais rápido que podia e ao chegar, direto para o banheiro. Mal tive tempo de abrir a tampa do vaso sanitário e já coloquei tudo pra fora, escovei os dentes e fui tomar um banho para tentar relaxar um pouco, após cerca de 20 minutos resolvi sair. Coloquei um pijama no estilo americano:

e fui até a sala para deitar no sofá, liguei a TV mas a única coisa que passava na minha cabeça era: "grávida do capitão do BOPE"

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e fui até a sala para deitar no sofá, liguei a TV mas a única coisa que passava na minha cabeça era: "grávida do capitão do BOPE". Eu sei que parece que é um mar de rosas, afinal o cara tem um ótimo emprego, respeitado, ganha bem, bonitão, mas ainda sim, é o bope. Roberto corre perigo 24 horas por dia, tanto os bandidos quanto os polícias querem a cabeça dele e só de pensar em ter um filho com uma pessoa que eu nunca se sabe se volta para casa, é angustiante.
Algumas horas se passaram, eu havia conseguido comer um sanduíche natural e estava assistindo um filme de comédia romântica que estava passando. Já se passava da 00h00 e eu não sentia um pingo de sono, apenas a ideia de estar gerando um filho martelava minha cabeça. Sem pensar duas vezes, coloquei meu chinelo da hello kitty que era o que estava mais próximo e chamei o elevador, sim, eu estava indo até a farmácia de pijama. Eu não tinha tempo de ir trocar de roupa, isso na verdade me daria tempo para pensar e chegar na conclusão que estou ficando doida, que é impossível eu estar grávida, mas fala sério, eu sem querer escorreguei e cai na pica do capitão do BOPE sei lá quantas vezes? Claro que não. Se eu era adulta o suficiente pra isso, eu era adulta o suficiente para lidar com a verdade.
Abri o carro e saí em direção da farmácia mais próxima, na dúvida, peguei um teste de cada marca e fui pagar. Claramente a farmacêutica estava me julgando.
-É o primeiro?- ela pergunta enquanto bipava o teste.
-O que?- pergunto sem entender nada.
-Primeiro filho.- ela explica.
-Ah, sim, não. Não sei. Se der positivo, sim.- eu respondo confusa enquanto pegava meu cartão pra pagar.
-Ta' animada?- ela diz enquanto pega a maquininha.
-Animada não é a palavra certa.- ela ri baixinho.
-O pai está animado, com certeza. Todas as vezes eu estava torcendo por um negativo e meu marido torcendo por um positivo.- ela diz passando já o cartão na maquininha.
-O pai ainda não sabe, só desconfia.- eu completo.- não temos nenhum relacionamento, é complicado.- eu falo dando uma leve risada.
-Jura, mulher?- ela pergunta cruzando os braços pronta pra ouvir uma fofoca.
-É o capitão do BOPE e eu sou psicóloga dele.- falo pegando a sacolinha cheia de testes.
-O QUE? O Roberto Nascimento?- ela diz levando a mão na boca que formava um perfeito "O".
-Boa noite, bom trabalho.- falo dando tchauzinho.
-Volta aqui depois, viu?- ouço a mesma gritar enquanto eu já caminhava para fora do estabelecimento.
Voltando para casa decidi que não ia esperar até a manhã para fazer os testes, ia fazer assim que chegasse.
Chegando em casa, virei uma garrafa de suco de laranja para a bexiga encher. Dito e feito, poucos minutos depois eu já estava sentada na privada com um teste em mãos. Decidi fazer o de fitinha primeiro, após fazer, coloquei na pia e fechei os olhos. 3 minutos depois, dois tracinhos, positivo.
Meu coração parecia que ia sair pela boca, não pensei e já saí correndo com o teste na mão e liguei para Roberto.
-Oi Lana, tá tudo bem?- ouvi do outro lado da linha.
-Preciso do seu endereço, agora! Já estou indo para o carro.-eu falo sem nem ao menos responder sua pergunta.
-Ai caralho, tá, é rua: xxxx, n:30.- eu sabia que ele já imaginava o que estava acontecendo.
Desligo a chamada e vou correndo até o endereço que ele passou, não era muito distante dali, estava dando 7 minutos. Graças ao bom Deus, nenhum sinal vermelho, senão eu teria que furar.
Chegando no endereço, parei em frente a casa. Uma rua super calma, com bastante árvores, a casa do capitão tinha um portão baixo que dava para ver toda a garagem grande juntamente com a casa que também aparentava ser grande.
Assim que desci do carro, Roberto apareceu abrindo a porta e caminhando até mim, ele parecia ter acabado de chegar, ainda usava seu uniforme.
-Você está de pijama?- ele perguntou abrindo o portão com o cenho franzido provavelmente por nunca ter me visto daquela maneira.
-Não tive tempo de trocar de roupa.- respondi já entrando na casa. Esperei ele fechar o portão e o acompanhei até dentro de casa.
-Então, o que aconteceu?- ele perguntou e não pude deixar de reparar na sua casa muito bem organizada, espaçosa e com o cheiro do seu perfume.
Eu decidi não dizer nada e apenas entregar o teste em sua mão. Nascimento ficou alguns segundos olhando, até que se sentou no sofá ainda com o teste em mãos.
-Acredito que isso seja um positivo...- ele diz olhando pra mim.
-Isso. Até onde eu sei sim.- respondi tentando manter o humor mas na real, estava desesperada.
-Senta aqui.- ele diz e bate em uma de suas coxas.
Pensei um pouco mas não lutei contra a vontade e sentei no seu colo, ele coloquei uma de suas mãos em volta da minha cintura e eu apoiei meu braço em volta de seu pescoço.
-Ta tudo bem, vamos cuidar desse bebês juntos, ok?- ele disse e beijou minha testa. Era um Roberto totalmente diferente do que eu conhecia.
-O que vamos fazer? Eu acabei de começar a trabalhar no batalhão, você sobe e desce morro praticamente todo dia tentando não morrer, matando gente, liderando um batalhão todo. Tem gente querendo te matar o tempo todo, Roberto.
-Nunca conseguiram chegar perto de mim, eu sempre estive pronto e sempre vou estar. Eu vou estar lá por você e por esse bebê. Eu prometo que vou cuidar de vocês, não duvide de mim.- ele disse olhando nos meus olhos e pude sentir firmeza em sua voz.- Amanhã vamos cedo fazer um exame pra ver como está esse pequeno e sua mamãe, depois vamos para o batalhão dar a notícia para o coronel. Ele não pode fazer nada, fica tranquila, ninguém mexe comigo e ninguém vai mexer com a minha mulher.

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Dois caps em um dia? Que isso? Gente, como diz o resumo da fic, ela se trata justamente de uma gravidez que o pai é o Nascimento. Então já quis falar sobre isso logo sem enrolação. Me contem o que estão achando

Minha vida com o capitão do BOPE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora