Pátria, Palco & Possessão

Voltam como verdades amanhã

CAPÍTULO 7

Park estava em cima da cama, com o cabelo molhado e uma camiseta cinza junto ao short de moletom preto, muito mais confortáveis que as roupas que usava antes. Já teria jantado, sozinho na enorme mesa do palácio. Seu pai ainda não havia respondido nenhuma de suas mensagens e, quando ligou para sua mãe, recebeu a notícia de que só voltariam amanhã de tarde. Aquilo não era muito estranho para Nolasco, ele já estava acostumado a ficar sozinho em casa, e por mais que seu pai nunca tenha ficado incomunicável consigo, já teira recebido algumas advertências dele e conhecia bem Márcio quando estava irritado.

Agora, estava deitado na cama ao lado de João Pessoa, esperando o show começar. O cachorro caramelo aproveitava as mordomias que Park lhe dava, afinal, mais ninguém na casa permitia que ele entrasse nos quartos e pudesse deleitar da cama. Enquanto isso, os olhos do loiro estavam atentos á tela do celular, com o perfil de Jungkook aberto no Instagram.

Depois da pergunta da Coral ele percebeu que conhecia muito pouco sobre Jeon. Precisava saber mais se fosse pra fazer essa campanha dar certo, pelo menos era essa a sua justificativa para estar rolando a tela do celular.

Havia chegado a algumas conclusões:

Jungkook gostava muito de postar as fotos de seus shows, que sempre tinham uma estrutura surreal;

Seu feed era bem versátil, mesclava-se de fotos de eventos importantes até uma embalagem de pão com um filtro estiloso;

Não era novidade encontrar fotos suas sem camisa;

Parecia adorar coisas perigosas e sempre postava suas irresponsabilidades;

Ele ficava muito bem de preto.

Enquanto Park assistia um dos destaques do cantor, onde ele estava dentro de um carrinho de supermercado sendo empurrado por outro alguém – que por sinal era outro cantor famoso – dentro de um estacionamento, os comentaristas apareceram na televisão, indicando que o show iria começar. Leya e William se apresentaram e então a imagem do palco, iluminado por luzes vermelhas com todos os telões tomados por serpentes rastejantes apareceu.

A música de abertura começou e, em alguns segundos, Jungkook surgiu do chão com um pulo fazendo a plateia inteira ir a loucura. Ele usava uma roupa ousada, toda de látex preto, formada por uma calça folgada e um cropped apertado que subia até seu pescoço e deixava sua barriga de fora. Ele também estava coberto por correntes, no cinto, colares, brincos e um colete que usava, com correntes prateadas.

Ele correu pelo palco, começando com os primeiros versos da música enquanto brincava com a multidão, exibindo um típico sorriso de quem não presta.

ㅡ Ele começou com uma ba-i-ta presença ㅡ a voz do comentarista, William, sobressaiu a do show ㅡ Esse look chegou com tudo, a plateia está ficando louca!!

ㅡ E pelo visto ele está seguindo o cronograma de músicas certo dessa vez, e seguindo muito bem viu, olha só essa coreografia! ㅡ Leia completou.

Os gritos e câmeras o filmando não pareciam retraí-lo, pelo contrário, ele amava aquilo. Dançava com passos ágeis, que nem todo mundo saberia repetir com tanta maestria, mas que seus dançarinos o faziam como clones. Quando a segunda música começou ele dançou mais livremente, andando pelo palco, interagindo com os fãs, e em determinado momento parou na frente de uma das câmeras, dançando sensualmente, deslizando as mãos pela sua barriga até levantar o cropped, que revelou mais de seu peitoral.

ㅡ Exibido ㅡ Park resmungou para o João Pessoa, roendo suas unhas sem tirar os olhos da tela.

Jungkook cantou mais uma música depois disso. Jimin tinha que confessar que não conseguia tirar os olhos da tela, a produção do show era ótima, as coreografias eram surreais e os efeitos de luz deixava tudo ainda mais surpreendente, mas as letras ainda eram terríveis para si. O fato dele ter que aturar Jeon Jungkook olhando diretamente para a câmera – ou para ele – enquanto cantava milhões de baixarias que ele jamais teria coragem de sequer sussurrar estava sendo torturante demais. E ainda por cima, seu filho, João Pessoa, estava presenciando toda aquela obscenidade. Céus.