Capítulo 12 | Amigos são para essas coisas

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Quinta-feira demorou pra chegar e chegou num piscar de olhos ao mesmo tempo. No dia que levou para Christian acessar o sistema do Aquário da casa dele, eu puxei a grande caixa de metal dos fundos da oficina do meu pai para fora, me certificando que era do tamanho certo.

Eu cabia dentro da caixa, o que queria dizer alguma coisa. Eu suspeitava que a sereia fosse menor do que eu, mesmo com a cauda, mas ela também poderia ser mais pesada por causa dela. A caixa não tinha puxadores, e eu amaldiçoei enquanto peguei as ferramentas necessárias para fazê-los. Nós não poderíamos tirá-la de lá sem um apoio por onde puxar.

Decidi fazer quatro puxadores, dois para cada canto da caixa. Fazê-los foi fácil e rápido, e eu estava colocando o terceiro quando meu pai apareceu na oficina.

– Christopher? O que está fazendo? – ele perguntou me olhando torto.

Eu gelei. O que eu deveria dizer agora? Pensa rápido!, eu disse a mim mesmo.

– Ahm... Trabalho de biologia! – eu disse, me amaldiçoando por não pensar em algo melhor.

Meu pai franziu.

– O que no mundo vocês estão fazendo? – ele perguntou desconfiado.

– É pra uma peça. – eu falei, me xingando de novo.

Ele franziu novamente, mas depois balançou a cabeça.

– Bem, que seja. Pelo menos você vai dar um destino pra essa caixa inútil. – ele disse com um sorrisinho.

Eu ri nervosamente.

– É.

Ele pegou uma lixa de madeira e saiu da oficina com apenas um aceno em minha direção, enquanto eu tentava me concentrar em colocar os últimos puxadores na caixa sem mutilar meus dedos.

Consegui por pouco.



🧜🏻‍♂️


Alfonso passou para pegar a caixa de noite, quase à meia-noite. Juntos nós a colocamos na van, que ele tinha tirado os bancos antes, e eu fiquei aliviado ao ver que cabia.

– Tirar os bancos foi uma boa ideia. – ele disse.

– É. – eu suspirei. – Só espero que essa loucura dê certo.

– Eu também. – ele suspirou fechando a porta da van sem fazer muito barulho. – Tem que dar certo.

– Onde vamos colocá-la quando sairmos do Aquário? Levamos ela direto pro oceano? – perguntei.

Alfonso franziu.

– Pode não ser uma boa ideia.

Eu olhei para ele confuso.

– Por que não?

Ele suspirou, passando a mão no rosto como se estivesse cansado.

– Eu não sei. Acho que seria o primeiro lugar onde procurariam, nas redondezas do oceano. Mesmo que o mar seja enorme, não sei. E se eles perceberem que ela sumiu logo? Acho mais seguro levarmos ela para outro lugar antes de devolvê-la ao mar.

Eu pensei por um momento em sua proposta, sabendo que ele tinha um fundo de razão. Suspirei.

– Vamos ver como tudo vai se desenrolar amanhã, então decidimos com o resto do pessoal. – eu falei.

– Certo. – ele disse. – Amanhã na escola acertamos tudo. Por mensagens. Maite disse que não quer arriscar sermos ouvidos.

– Ok. – eu respondi. – Faz sentido.

O canto da SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora