Capítulo 16 | Vivendo o presente

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Depois de ver o sorriso mais lindo no qual eu já tinha posto os olhos, minha mãe me cumprimentou e deixou eu e Dul sozinhos na varanda.

Assim que me sentei ao lado dela, ela levantou a caneca para me mostrar o que bebia.

– Café. – ela disse. – Sua mãe que fez.

Eu sorri para ela.

– Minha mãe faz o melhor café do mundo.

Ela sorriu e virou-se para sua caneca, a segurando com as duas mãos e bebericando mais um pouco. Ela parecia envergonhada, me olhando de soslaio e corando quando via que eu não tirava os olhos dela.

Eu pigarreei para chamar sua atenção.

– Então, dormiu bem essa noite? – perguntei, lembrando da sua agitação na cama.

Ela assentiu de leve.

– Sim.

Eu mordi o lábio. Eu não sabia se ela estava dando uma resposta sincera ou me poupando do pior.

– Que bom. – respondi.

Ela assentiu e repetiu a pergunta.

– Você dormiu bem? Desculpe por tirar sua cama de você.

Eu ri de leve.

– Não se preocupe, eu estou bem.

Era uma mentirinha branca, porque eu estava morrendo de sono, mas eu podia deixar pra lá por um minuto.

Ela sorriu e eu aproveitei o momento para dizer a ela a ideia de Maite.

– Então... Maite e Anny estiveram pensando em levar você para passear amanhã. – eu disse.

Ela franziu a testa, numa expressão adoravelmente confusa.

– O que é passear?

– Você sabe, sair por aí, ver as coisas... – eu disse, gesticulando.

– Ah, sim. Claro. – ela corou. – Mas... eu não seria reconhecida?

– Aí é que está. Com exceção das duas turmas do último ano, ninguém além do pessoal do Aquário viu você. Mas mesmo assim, Maite pensou em disfarçá-la.

Ela tinha aquele olhar confuso de novo, e eu expliquei.

– Maite pensou em mudar sua aparência, assim não vão reconhecê-la se você sair com elas.

Ela pareceu assustada.

– Eu não quero mudar minha aparência.

Eu me apressei a explicar.

– Não, não. Não é pra sempre. É temporário. Maite pensou em colocar um cabelo falso por cima do seu e colocar um pouco de maquiagem, assim você ficaria um pouco diferente do que você é. Mas tudo isso sai. – Eu assegurei.

Então eu percebi que Dul já parecia um pouco diferente. Sua pele parecia mais pálida, mas num tom humano. Ela parecia mais humana agora. Era como se a pele dela tivesse mudado de textura.

– Ah. – ela assentiu, parecendo entender. – Maite acha que isso vai funcionar?

– Sim.

– E você, acha que é uma boa ideia? – ela me perguntou, olhando bem nos meus olhos. – Eu gostaria muito de conhecer o seu mundo, Christopher, mas não quero ser presa de novo.

Eu suspirei, sorrindo pra ela em simpatia, tentando não me perder em seus olhos.

– Não se preocupe. Não vamos colocar você em qualquer perigo. Eu acho uma boa ideia. Eu quero te mostrar meu mundo. Eu quero te mostrar que nem todos os humanos são idiotas raptores de sereias.

O canto da SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora