Capítulo 14 | Explicações

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POV Dulce María

🧜🏻‍♀️


Eu mordi de volta a risada que queria sair da minha boca ao vê-lo tão chocado. Honestamente, eu também estava um pouco chocada – ter pernas e poder falar entre humanos era tão surreal que parecia que eu estava sonhando.

Mas a cara dele, do meu humano curioso e incrivelmente gentil, estava mais chocada do que eu jamais tinha visto alguém ficar.

– Ela também fala! – o grandalhão com jeito de criança que trabalhava no Aquário se impressionou de novo.

Eu mordi o lábio e assenti devagar, não muito segura de falar novamente.

A mãe do humano – Christopher, eu tinha que aprender a usar seu nome depois de ter ouvido tantas vezes – foi a primeira a sair do choque, ou pelo menos, a primeira a fingir que nada tinha acontecido.

– Bem, isso é realmente impressionante. Bem-vinda à nossa casa, Dulce. – ela me disse com um sorriso gentil, olhos surpresos, mas também calorosos.

Eu assenti de leve novamente, sentindo o olhar de Christopher perfurando minha carne.

– Obrigada.

– Agora, vamos todos para a cozinha. Tenho certeza que Christopher pode ajudar Dulce a descer sozinho, certo? – ela perguntou, mas de alguma forma parecia que ela não estava sugerindo.

Depois de segundas e terceiras olhadas em minha direção, estávamos sozinhos novamente no quarto, e eu olhei tentativamente para Christopher.

Seu olhar de pura adoração e carinho me tirou o fôlego, e eu lhe dei um sorriso pequeno. Ele riu de leve em retorno.

– Uau. Eu nunca imaginaria. Por que não falou antes? – ele perguntou, parecendo apenas um pouco chateado pelo fato.

– Eu disse a você. – eu sorri. – Não podia falar.

– E como pode agora? – ele perguntou.

Eu abri a boca para explicar, mas de repente minha visão ficou turva e minhas novas pernas fraquejaram. Se não fosse Christopher ali, eu teria tombado no chão.

– Ah meu Deus, deixe as explicações pra depois. Você precisa comer alguma coisa. – ele disse, me pegando nos braços da mesma forma que tinha me levado ao quarto.

Eu enrolei meus braços em torno de seu pescoço para me apoiar, e ele desceu as escadas de sua casa devagar e silenciosamente.

Quando chegamos à cozinha, todos estavam aos sussurros ao redor da mesa. Não era preciso perguntar o tópico, estava mais do que óbvio que era de mim que estavam falando, principalmente depois que Christopher chegou comigo e todos se calaram.

Ele me colocou em uma superfície de quatro pernas, igual a que os outros estavam sentados. As paredes do lugar giravam e eu tinha dificuldades de me concentrar nos detalhes do ambiente.

– Ela precisa comer alguma coisa. – disse Christopher, sua voz urgente. – Ela quase desmaiou agora.

Vi a mãe dele se mexer ao redor do lugar com rapidez, e logo uma coisa redonda e vermelha estava na minha frente.

Tentei falar, mas minha voz quase não saiu. Christopher sentou do meu lado e segurou a coisa vermelha na minha frente.

– Eu não sei o quanto do nosso mundo você sabe. Essa é uma maçã, uma fruta muito gostosa. Coma, por favor. Se você não gostar do sabor, podemos procurar outra coisa.

Ele aproximou a tal maçã do meu rosto e eu a mordi devagar, tentativamente, confiando nesse humano estranho que tinha essa conexão incrível comigo. A fruta quase derreteu na minha boca, e eu a mastiguei devagar, gostando do sabor. Peguei o restante com minhas próprias mãos e continuei comendo até o centro.

O canto da SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora