Capítulo 10 | A aliada

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Era ela.

Minha sereia.

A nova descoberta do desgraçado do Dr. Najera. Ele tinha encontrado minha sereia e a prendido como uma maldita conquista.

De repente todos os meus sonhos onde ela era perseguida faziam sentido. Eu estava tão em sintonia com ela desde que a vira pela primeira vez que tinha praticamente sentido o que ia acontecer. Mas como?

Ela parecia tão aterrorizada.

– Ah meu Deus... – eu ouvi Maite sussurrar em completo espanto, sua voz baixa demais para alguém além de mim ouvir. – É uma sereia. De verdade.

As conversas aumentaram de volume, todos impressionados e agitados. O nosso professor voltou a falar.

– Sim, é uma sereia. – ele confirmou com um sorriso que me deu vontade de bater nele.

– Ela é tão linda. – disse Maite, completamente encantada.

– Dr. Najera a encontrou nadando distraidamente na costa, e foi esperto o suficiente para conseguir capturá-la. – disse um funcionário do aquário. – Ela tentou resistir e por isso ficou um pouco ferida nos braços, mas está bem.

Ferida? Tinham capturado e machucado ela? Eu estava seriamente furioso agora.

– No momento, tudo que sabemos sobre ela é que ela não come muito. Nada do que servimos para os outros animais a fez comer. – Um dos funcionários do aquário continuou. – Também pode ser o choque. Animais recentemente apreendidos tendem a passar um tempo sem comer.

Ela estava com fome? Que tipo doentio de ser humano fazia isso com uma criatura tão bela?

– Que horrível... – disse Maite, e eu fiquei aliviado que ela pensasse parecido comigo naquele momento.

– Ela ainda será submetida a alguns testes de DNA, assim como outros testes que fazemos nas novas criaturas para que possamos obter algumas respostas. – disse o funcionário.

– Há quanto tempo ela está aqui? – alguém perguntou. Não me virei para ver quem era, mas estava grato pela pergunta.

– Desde que foi apreendida, pouco mais de uma semana. – disse o funcionário.

Isso explicava o tempo dela sumida.

Eu comecei a respirar rápido, sem acreditar no que estava acontecendo. Desesperado para ir até ela e fazê-la se mexer, tirar o olhar de puro pânico em seu rosto enquanto olhava para todos.

– Muito bem, gente. Podem observá-la por cinco minutos e então estamos saindo. – disse o professor.

Todos estavam ocupados demais chegando perto do tanque para reclamar pelo pouco tempo.

Eu cerrei os punhos de ciúmes enquanto via os rapazes babando pela beleza dela. As meninas a achavam linda também, mas de uma forma mais admiradora e solidária, eu acho.

Eu fiquei parado no meu lugar, porque se eu chegasse perto demais, eu poderia socar alguém.

Enquanto eu via as pessoas apontando, rindo e se deleitando na visão dela, meu coração doeu. Eu queria tirá-la de lá. Eu precisava tirá-la de lá.

As pessoas começaram a se afastar, indo para a lanchonete, mas roubando alguns olhares para a sereia enquanto saíam.

– Você vem? – perguntou Maite.

Eu assenti, engolindo em seco.

– Eu vou. Apenas... me dê uns minutos.

Ela me olhou por dois segundos a mais que o necessário antes de dar de ombros e seguir o fluxo de estudantes.

O canto da SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora