O que fiz ao ver Christopher chorando foi instintivo. Eu me aproximei e o abracei, sentindo seu choque por um momento antes que ele enrolasse seus braços ao meu redor me abraçando de volta.
Eu não falei. Ele não falou. Mas seus soluços diminuíram para fungados, e logo ele estava calmo o suficiente.
- Vamos pra casa. - eu disse devagar, sem soltá-lo. - Sua mãe deve estar preocupada.
Ele me afastou e eu pude ver seu rosto. Seus olhos, vermelhos, estavam tristes, mas ele me deu um pequeno sorriso e acenou.
- Vamos lá - disse Maite atrás de nós. - eu levo vocês em casa.
Me despedi de Alfonso, Christian e Anahí e entrei no carro de Maite com Christopher, e nenhum de nós falou uma palavra o caminho inteiro.
Eu esperava que Christopher tivesse seu próprio passado, e assim como eu tinha meus segredos, ele tinha os dele, por isso, não o pressionei.
Me despedi de Maite no carro e entramos na casa silenciosa com cheiro de café. Na mesa da cozinha, Christopher pegou um pedaço de papel e leu por um momento.
- Minha mãe precisou sair. Mas nos fez café e muffins. Está com fome?
Eu balancei a cabeça em afirmativa. Comida humana era tããão deliciosa. Eu não poderia possivelmente ter o suficiente.
Christopher assentiu e jogou sua mochila de qualquer jeito no sofá da sala, antes de voltar pra cozinha e pegar a cesta com muffins de canela e a garrafa de café. Ele nos serviu e sentamos em silêncio, comendo sem dizer nada.
Finalmente, Christopher suspirou em pesar.
- Você deve estar querendo saber sobre o que foi tudo aquilo.
Dei de ombros enquanto pegava meu terceiro muffin.
- Eu quero, mas você não precisa me contar.
Seu olhar disparou para cima para me olhar.
- O quê?
- Christopher... - eu comecei, colocando meu delicioso muffin no prato enquanto eu falava. - Eu estou sim curiosa, não posso mentir sobre isso. Curiosidade é meio que meu defeito fatal. - eu dei uma risada sem humor. - Mas está tudo bem. Você não precisa me contar se não quiser porque eu entendo. Certas coisas são melhores se as deixarmos pra trás.
Ele me olhou por um longo minuto antes de suspirar e se recostar na cadeira.
- Eu sinto que devo te contar.
Eu apenas o olhei.
- Só se você estiver confortável com isso, Christopher. Você não precisa se explicar pra mim.
- Eu devo. - ele insistiu. - Eu prometi a mim mesmo que seria honesto com você, uma relação como a nossa não pode ter segredos.
Eu engoli seco, pensando nos meus próprios.
Christopher suspirou e deu uma mordida no seu muffin enquanto organizava os pensamentos. Continuei comendo em silêncio até que ele estivesse pronto, sabendo que não adiantava pressioná-lo ou insistir para que ele não falasse. Ele queria me dizer sobre o que Mike tinha falado, queria me contar quem era Ana.
E se era isso que ele queria, eu o deixaria fazer isso.
Finalmente, porém sem olhar pra mim, ele começou a falar.
- Quando eu tinha 14 anos meus pais me colocaram num acampamento de música que acontece todo ano em Acapulco. Era um acampamento de férias para jovens e crianças apurarem suas habilidades em música, e como eu toco piano desde os seis anos de idade, meus pais me fizeram ir pra lá.
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O canto da Sereia
FanficToda noite, Christopher é atraído pela canção que vem do mar. E toda noite, ele se aproxima mais para ouvi-la. Um dia, ouvir não é o suficiente. Ele precisa ver a cantora. E quando ele a vir, nada mais será como antes. 🧜🏻♀️ ⚠️ | Peço encarecidam...