Capítulo 13

126 39 9
                                    

Karina está chorando ao meu lado enquanto os instrumentos são tocados. Ainda é a abertura e, apesar dos sons serem graves e de repente suaves, causando deslumbre, não é para tanto.

— Ah! — ela descansa a cabeça em meu ombro e segura o meu braço. — Eu adoro esses concertos! Fico sempre muito emocionada. Que bom que estou com você, Thales.

Dou uma olhada na sua ação de se aconchegar em mim. Sei que ela é sensível e está mais ainda pelo luto, mas não posso deixar de notar que seus toques são duradouros demais para uma amizade.

— Eu também gosto muito — me inclino para falar mais perto por causa dos sons. — Desde moleque. A minha mãe que gostava e, por ser o mais novo, ela me carregava junto. Demos match os concertos e eu.

Karina está com os olhos claros brilhando por causa das lágrimas.

Ela sorri e morde o lábio inferior.

— Igual a nós dois. Demos match de primeira! — diz.

— Nossa amizade — enfatizo com um sorriso e volto a prestar atenção no evento, que está perfeito, não me dando motivos para reclamação.

— Você está conhecendo alguém? — Karina indaga.

— Conhecendo alguém?

— Sim — sua mão em meu braço exerce uma pressão e logo uma carícia. — Você sabe... Alguém que você queira conhecer mais e mais, para depois quem sabe namorar.

Preciso rir, balançando a cabeça em negativa ao mesmo tempo.

— Não estou.

— Hum... — Karina se mostra desanimada. — Mas quem sabe você já conheceu esse alguém, né? Só precisa que a paixão desperte nesse seu coração apático.

Eu a olho.

— O meu coração não é apático — esclareço.

Ela me devolve um olhar não amistoso, que me faz erguer as sobrancelhas.

Esse assunto parece estar deixando-a brava e também indo por um lugar tendencioso.

— Então o que é preciso para ele ficar conquistável? — quer saber.

Dou risada outra vez.

— Olha, Karina — me viro para ela o quanto consigo —, no momento eu não estou querendo ser conquistado, entende?

Ela faz um bico e respira fundo.

— Entendi — assente e cruza os braços, destinando sua atenção ao concerto.

Também volto a assistir, torcendo para que ela realmente tenha entendido.

Vai ser um alívio para nós dois.

°°°


Quando chego ao trabalho no dia seguinte e adentro a sala, sinto imediatamente o perfume de Lia e depois a vejo em seu lugar. A cadeira vazia ao seu lado me espera.

— Bom dia, aniversariante — cumprimento, dando um sorriso. Também emendo sobre a minha curiosidade a respeito do nosso assunto de ontem. Não que me interesse de verdade, apenas quero saber. — Resolveu sobre o seu convidado?

Vou deixando a maleta em cima da mesa e tirando a peça principal do terno, que caminho para colocar nas costas da cadeira que vou trabalhar hoje.

Mais um dia no inferno...

— Sr. Wade, bom dia — Lia não está com uma animação contagiante. — Não pensei que fosse se lembrar disso.

— Disso o quê? — me sento e puxo a maleta para pegar meu notebook de dentro.

Minha Tentação tem Nome - Os Wade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora