Capítulo 9

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Minha campainha toca enquanto estou virando os bifes na frigideira. Estão com uma aparência e cheiro incríveis. Não gosto muito de cozinhar todo dia, mas de vez em quando tenho de fazê-lo. E apesar de gostar da profissional que vem aprontar minhas marmitas do mês, nem sempre estou apto a comidas congeladas.

Vou até a porta, conferindo na câmera ao lado na parede quem está do outro lado. Abro a porta antes de me deixar ter alguma reação.

Patrick e Jeremy, meus irmãos, não esperam um convite para entrar. Simplesmente o fazem.

— Que porra é essa? — questiono, fechando a porta outra vez. — Reunião na minha casa agora? Devo esperar nossos pais chegarem também?

Jeremy já está a caminho da cozinha e, como já não usa mais a roupa formal do trabalho, suponho que está vindo da própria casa. Patrick, por outro lado, parece me esperar e está sorrindo, como naturalmente o faz.

— Está de TPM? — questiona.

— Vai se foder — caminho também para retornar à cozinha, vendo meu irmão Jeremy abrindo os armários em busca de alguma coisa específica. — O que você está procurando?

— Uma guloseima — ele responde, batendo a porta do armário em questão, então solta um chiado de desânimo. — Não tem um doce nessa casa?

Patrick o olha e reprova.

— Vai comer uma mulher, elas são doces do mesmo jeito que açúcar — diz.

Volto para a frigideira, ignorando meus irmãos e desligando o fogo depois de conferir os bifes prontos.

Vou buscar a salada na geladeira e um prato no armário, então coloco a salada e bife no prato, indo me sentar no banquinho da ilha para comer.

— Não estou com fome, obrigado por perguntar — Patrick ralha.

— Vocês sabem que podem fazer, é só pegar. Fiquem à vontade — informo, mesmo que não tenha necessidade. Meus irmãos vêem minha casa como deles.

— Obrigado — Jeremy já está na geladeira e parece satisfeito quando acha a sobremesa que a cozinheira fez. Ele a traz para a ilha e assobia. — Achei o que estava procurando — me olha. — Se importa?

Balanço a cabeça em negativa e Patrick senta no banco ao lado do meu, com cara de quem quer me dizer alguma coisa.

Eu aguardo enquanto continuo comendo a salada.

— A sua chefe é traumatizada com relacionamentos.

Termino de engolir e o olho, indagando em silêncio o que eu tenho a ver com isso.

Na verdade, não estou surpreendido. Lia pareceu mesmo toda travada em se tratando do meu convite para a festa de confraternização. Algo que não é comum para mim: rejeição a um convite.

— Ela me disse "não" várias vezes — Patrick continua.

Jeremy dá um riso.

— Uma resposta nada doce para você, eu suponho — comenta.

Ou — Patrick emenda — existe também a possibilidade de ela ter ficado descrente porque você me mandou até ela sendo que não era o meu convite que ela estava esperando.

— Eu não te mandei até ela — digo de imediato. — Você que foi correndo que nem um cachorro.

Jeremy ri de novo.

— Pelo amor de Deus, tanta mulher naquele trabalho e vocês batendo boca por uma só? — indaga entediado e enfia mais sobremesa na boca.

— Eu não fui correndo que nem um cachorro — Patrick se defende. — Você deu a ideia.

— Eu não dei a ideia, eu sugeri uma outra companhia para você investir que não fosse uma amiga da sua ex.

— Um intrometido, estragou os meus planos.

— Não, cara. Te impedi de ser um babaca — rebato.

— Quem é a mulher da rejeição? Eu conheço? — Jeremy quer saber.

— Uma lá — respondo sem interesse, mas o meu irmão mais velho demonstra ter mais resposta.

— A que tem os peitos redondinhos.

— Como você sabe? — questiono, encarando-o. — Ela não aceitou o convite, mas te mostrou os peitos?

Patrick sorri.

— Não tive essa sorte, percebi pela blusa dela.

Bufo.

— Acho que vou tentar pela amizade. Não gosto da sensação de me sentir desprezado— Patrick pondera, soltando uma respiração pesada ao fim, como desanimado. — Odeio, na verdade. Muito mais quando vem de brinde um pacote de lembranças.

— Você tá falando de quem? — Jeremy pergunta exatamente o que eu ia questionar.

— Da patroa do Thales — Patrick responde na defensiva automática e estreito os olhos.

— Lia o nome dela — ressalto. — Mas ela não vem com um pacote de lembranças.

Meu irmão mais velho me encara por uns segundos e engole em seco, desviando do meu olhar para Jeremy; mas desiste de encará-lo também e confere a superfície da ilha.

— Deve ter lembrado de alguma ex — Jeremy alfineta e dá um sorriso implicante. — Foi rejeitado por alguma ex, que barra.

— É a ex que você ia pegar a amiga e hoje é casada? — quero saber, perguntando por perguntar. Não me interesso, na real.

— Não! — Patrick nega imediatamente, mas obviamente a resposta "SIM" está escrita em sua testa tal qual um letreiro reluzente. — Claro que não — enfatiza, dando um riso nervoso. — Eu não penso em nenhuma ex.

— Exceto a Amanda, nossa babá de dezoito anos que tirou a sua virgindade quando você tinha dezesseis — Jeremy argumenta com a boca cheia de sobremesa. — As primeiras nunca serão esquecidas, meu irmão. Verdade seja dita, doa em você ou em quem doer.

Patrick bufa e balança a cabeça.

— Nem me lembrava o nome dela — deixa claro. — Só lembro que foi com a babá.

Jeremy ergue as sobrancelhas, mas não parece surpreendido.

— Cara, a Lia disse não, então só dá meia volta e desiste — digo.

Patrick fica imediatamente espantado.

— Desistir? — questiona, então ri. — Eu não desisto de nada. Essa palavra não existe no meu vocabulário diário.

— E no semanal? — Jeremy interpela, me tirando um sorriso e frustrando nosso irmão mais velho, que se levanta com indignação e descrença.

— É melhor eu ir embora para não arrebentar um de vocês.

— Você? — finjo decepção.

Jeremy ri e Patrick sai sem uma despedida.

— O que deu nele? — Jeremy pergunta.

— Acho que está doído porque a ex se casou e ele ainda nutre sentimentos por ela — deduzo.

Meu irmão do meio ergue uma sobrancelha em estranhamento.

— Se ele ainda gostava dela, por que terminou?

— Isso só o próprio Patrick pode responder — deixo claro.




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Conte-me tudo, Patrick

Quem terminou com quem? 👀

Tenham uma boa noite, amores! 😘

Minha Tentação tem Nome - Os Wade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora