11: A Morte

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"Você me bateu?!" Eu perguntei exasperada.

"Me desculpe! Eu não fiz de propósito!" Ele disse prontamente, se aproximando de mim, mas eu dei um passo para trás, "eu só quero que entenda, você é minha, eu perdi a linha me desculpe!"

Eu não tive forças para responder. Com passos inicialmente tímidos, fui me afastando até que corri em direção a escada. Ouvi os seus passos atrás de mim e meu medo cresceu. Ele já tinha jogado um pé-de-cabra na minha direção antes, o que impediria aquele homem de me matar?

"VERÔNICA, VOCÊ PRECISA ENTENDER: VOCÊ É MINHA! EU NÃO TE DEI OPÇÕES!"

Corri até o quarto e tranquei a porta, mas o seu peso bateu contra ela logo em seguida, meu coração batia rápido em meu peito, meus olhos lacrimejaram e eu me afastei da porta, cogitando todas as saídas possíveis.

"VERÔNICA!" ele bateu com força na porta, "Verônica, abra a porta, por favor," ele disse baixo, quase manso, senti ainda mais medo e pânico,"Verônica, abra a porta!" Ele bateu com força mais uma vez.

"CALA A BOCA!" Gritei.

"EU SEI QUE ESTÁ COM MEDO! Tudo bem, eu também já estive também, mas eu posso te livrar disso, só não faça entrar aí!" Ele avisou e eu comecei a cogitar pular a janela, "VERÔNICA, ABRE ESSA MERDA!" ele chutou com força e tive medo que a madeira velha não fosse resistente, "EU VOU CONTAR ATÉ TRÊS!"

Senti um súbito desespero crescer em mim e corri até a janela, abrindo e avaliando a queda, mas decidi que era um risco que eu estava disposta a correr quando ouvi Tim gritar "UM!". Levantei a saia do vestido preto e coloquei uma perna para fora, meu coração batia rápido e descompassado, senti que a qualquer momento eu poderia facilmente morrer, tanto de ansiedade quanto pela gravidade da situação. Torci que caso eu quebrasse algo, que fossem os braços, não as pernas, para poder correr. Ouvi Tim contar dois e passei a outra perna, ficando sentada ali, o mais puro medo, assumindo todo o controle.

"TRÊS!" ele deu três chutes seguidos que derrubaram a porta, a última coisa que vi antes de começar a cair foi seu rosto contorcido em ódio.

Por algum milagre, eu aterrissei em um arbusto, que amenizou a queda, mas me feriu um pouco. Não liguei para nenhum daqueles arranhões, decidi que aquele arbusto era minha árvore favorita pelo resto da minha vida.

Porém, minha alegria foi cortada quando percebi que Tim havia descido e saído de casa, agora estava correndo em minha direção. Prontamente, corri na direção contrária, mas eu me arrependeria profundamente mais tarde, ali era aquela densa Mata Atlântica.

A cada segundo que passava, eu estava mais perdida. Senti que já estava longe  suficiente para tentar ir andando, foi quando percebi que estava naquele lago onde Tim havia me afogado da última vez. Eu sabia voltar apartir dali, porém, eu avistei aquele ser com rosto desfigurado mais uma vez.

"Nós nos conhecemos," ele disse, "você precisa lembrar..." A voz daquele homem foi interrompida por uma mão sendo posta sobre minha boca. Mordi aqueles dedos como se fossem comida e voltei a correr, porém, depois de alguns segundos, algo que eu não esperava aconteceu: algo bateu contra meu rosto.

"Verônica..." Eu ouvi uma voz abafada e eu continuei tentando correr enquanto tudo girava. Sangue descia pela minha testa e não conseguia enxergar nada direito, algo bateu contra meu nariz, logo percebi que ele também estava sangrando, mas nada podia me fazer parar de correr. Logo eu pude ver a luz de um poste e eu finalmente cheguei na cidade. Avistei a igreja e me arrastei até lá, onde bati na porta. Enquanto esperei Padre Ulisses abrir, avistei Tim, com sua máscara, andando lentamente até mim. Percebi naquele momento que se eu não me escondesse rápido aquele seria meu fim.

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