CAPÍTULO 06

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Matteo Cohen

Fui até a loja de conveniência ao lado da minha casa. Já eram 1h20 da manhã e eu estava cansado demais para cozinhar. Peguei uma caixa de batatas e decidi esquentá-las no micro-ondas de lá mesmo. Enquanto caminhava e comia, percebi que isso parecia uma terapia. O rio da avenida estava calmo, o céu estrelado e um vento suave soprava, criando uma atmosfera perfeita.

Ao me aproximar de um ponto de ônibus, vi uma senhora sentada.

— Olá, meu jovem — ela disse com um sorriso.

— Boa noite — respondi de forma simples.

— Você está procurando a sua namorada? É aquela ali? — ela apontou para uma loira de costas.

— Minha namorada? Não, não! Minha namorada... ainda não a conquistei.

— Oh, me desculpe, me enganei!

— Está tudo bem — ri um pouco para quebrar o gelo.

— E onde ela está?

— Não faço ideia.

— E o que você está fazendo sentado aqui? Vá atrás dela!

Pensei por um momento.

— Mas não compensa... não temos nada.

— Como se chama, meu jovem?

— Matteo Cohen.

— Bom, eu tenho que ir, mas não a deixe escapar, Matteo!

Antes que eu pudesse me despedir, ela desapareceu como um espírito da madrugada. Voltei para casa e sentei na porta para refletir sobre tudo isso e sobre Emma.

De repente, escutei passos saindo da casa ao lado e, ao olhar na direção do som, vi que era Emma. Ela estava linda sob a luz suave da lua. Nossos olhares se cruzaram e senti meu coração acelerar. O que eu deveria dizer? A senhora tinha razão; eu não poderia deixá-la escapar.

— Olha quem está aqui! — exclamei, tentando quebrar o clima tenso.

Ela pulou de susto pois não tinha me visto por total.

— Aiii, idiota!

— Somente seu cerejinha — brinquei com um sorriso.

— Aff, já vai começar...

— O que você está fazendo a essa hora na rua?

— Não te interessa! Mas te pergunto o mesmo.

— Só refletindo... vem se juntar a mim se quiser.

— Eu não...

— O convite você já tem!

Ela sentou ao meu lado e ficamos olhando para o horizonte. O silêncio entre nós era confortável.

— Estou cansada — disse ela, apoiando a cabeça no meu ombro e fechando os olhos lentamente.

Enquanto contemplava as estrelas, uma pergunta surgiu na minha mente: "Por que Adam acha que vou fazer com você igual ao Junior?" Essa dúvida pairou no ar como uma nuvem pesada.

Eu sabia que Adam tinha suas razões; talvez ele estivesse preocupado com os riscos do amor ou com os erros do passado. Mas eu queria mostrar à Emma que era diferente. Que eu queria algo verdadeiro com ela.

Respirei fundo e disse suavemente:

— Emma, eu não sou o Junior. Moveria terras por você.

Ela ainda estava lá dormindo em meu braço, e a brisa do Lago pairando em nossos rostos.

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Luz de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora