CAPÍTULO 08

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Matteo Cohen

Nesse momento, a sala estava repleta de tensão. Um homem barbudo, aparentando ter cerca de 58 anos e vestindo um terno, dizia:

— Essa reunião é extremamente importante. Para unirmos nossas economias, precisamos arranjar um casamento que una duas potências, equilibrando assim a economia.

— Poderíamos juntar as famílias Cohen e Fiebig — sugeriu outra pessoa na mesa.

— Sim, poderia ser Adam Fiebig com Pérola Cohen — o homem barbudo se referia à minha prima.

— Não acho que esse casamento nos levaria a algo bom, pois a menina tem uma mentalidade péssima. Ela poderia estragar nossos planos para o grande futuro — retrucou o homem.

— Eu ofereço meu filho — Stefan, meu pai, disse sem olhar para mim.

— Como assim? — minha mãe sussurrou, claramente surpresa.

— Por favor, Jennifer — respondeu ele, enquanto ela se mantinha quieta, olhando para mim.

— Além de seu filho e da união das duas economias, o que mais você oferece? — perguntou um dos presentes.

— Minha área no litoral latino — respondeu meu pai.

— Interessante — disse Klaus, pai de Adam.

— E você, senhor Klaus? O que acha da oferta dos Cohen? — indagou outro convidado.

— É interessante e tentadora. Mas estou compreendendo — Klaus respondeu.

As reuniões do Parlamento costumam ser marcadas por longos silêncios como esse. Somente meu pai e o senhor Klaus estavam discutindo meu futuro e talvez o da senhorita Pérola.

De repente, o homem barbudo anunciou:

— Então está negociado: alguma senhorita da família Fiebig irá se casar com Matteo.

Eu não pude me conter e interrompi:

— E será?

— Bom... será Emma Fiebig — ele disse.

Fiquei em choque. Não conseguia acreditar que ia me casar com a mulher que sempre desejei. A ideia de finalmente poder chamá-la de minha esposa me encheu de alegria e esperança. Mas ao mesmo tempo, uma sombra de preocupação pairava sobre mim. Isso não era apenas sobre nós; era um acordo entre famílias e interesses econômicos.

Enquanto a reunião avançava, a atmosfera se tornava cada vez mais pesada. Eu olhava para Emma, que estava sentada ao lado de Klaus, e percebia que ela também estava em choque. Seus olhos se encontraram brevemente, e uma centelha de compreensão parecia passar entre nós, mas logo foi ofuscada pela tensão do momento.

O homem barbudo continuou a falar, detalhando os próximos passos do acordo. "Emma e Matteo não terão escolha a não ser aceitar essa união", disse ele com um tom autoritário. As palavras ecoaram na sala como um trovão. Meu coração disparou. A ideia de que nosso destino estava sendo decidido sem nossa opinião era aterrorizante.

Emma, embora visivelmente abalada, não podia esconder uma pequena expressão de curiosidade que surgia em seu rosto. Ela mordeu o lábio inferior, como se estivesse lutando internamente contra seus próprios sentimentos. O nervosismo pairava no ar, e eu podia sentir a ansiedade crescendo em mim.

— E se eles não aceitarem? — perguntou alguém na mesa, quebrando o silêncio tenso.

— Não há plano B — retrucou meu pai com firmeza. — Este é o caminho que precisamos trilhar.

O olhar de Emma se tornou mais intenso, e eu percebi que ela estava começando a entender a gravidade da situação. Havia algo em seu olhar que indicava um conflito interno: uma mistura de choque e uma emoção que ela tentava reprimir. No fundo, talvez houvesse uma parte dela que gostasse da ideia de estar ligada a mim — mesmo que fosse por obrigação.

A sala ficou em um silêncio sepulcral enquanto todos aguardavam sua reação. Emma respirou fundo e finalmente falou:

— Então é isso? Estamos sendo tratados como mercadorias?

Suas palavras cortaram o ar como uma faca afiada. O nervosismo aumentou à medida que todos os olhares se voltaram para ela. A tensão era palpável; era como se o tempo tivesse parado por um instante.

Ela olhou para mim novamente, e eu pude sentir a luta dentro dela. Havia um desejo oculto de rebelar-se contra esse destino imposto, mas também uma curiosidade que ela não conseguia ignorar. Poderia ser que essa união fosse mais do que apenas uma transação econômica?

Em meio ao caos emocional, percebi que estávamos presos em um jogo maior do que nós dois, mas talvez houvesse uma centelha de esperança escondida nas sombras dessa aliança forçada.

Luz de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora