Trinta e dois

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Mostrei no aparelho as mensagens que haviam sido trocadas a uma hora atrás e a reação automática do cacheado foi checar seu bolso.

— Louis cadê meu celular? - Harry perguntou olhando para mim e em seguida, vasculhando seu bolso novamente.

— Bem pra ser sincero eu não sei, mas que diferença faz? - Perguntei olhando para ele e depois para o local para ver se via o aparelho.

— Quer me ouvir explicar? - Harry disse desistindo de achar o celular.

— Comece.

— Lou, eu havia chegado no trabalho fazia alguns minutos e fui pra cozinha, voltei pro estoque e ouvi a porta fechando, quando eu me virei pra sair senti um soco e logo a ardência do meu nariz.  A risada do Nick tomou conta do ambiente e eu senti mais socos sendo disparados contra mim depois você me encontrou. - Harry disse e depois respirou fundo por ter falado tanto.

— Foi Nick que te deu os socos?

— Não, foi outro garoto.

— Então seu celular está com o Nick, é bem simples.

— Eu vou pegar o que é meu de volta. - O cacheado disse prestes a se levantar da cama pequena do hospital.

— Não, quem vai sou eu.

Levantei-me da cama deixando um beijo em sua testa e avisei que estava saindo.

Liguei para Zayn e ele saberia como me ajudar.

— Alô?

— Zayn?

— Sou eu.

— Preciso da sua ajuda.

— Manda ai.

— Nick serve?

— O que esse filho da puta fez dessa vez?

— Depois eu te explico você tem suas fontes, certo? Preciso de informações sobre onde ele pode estar nesse exato momento.

— Deixa comigo, já te ligo para passar.

— Obrigado.

Guardei o aparelho e sai em disparada pela avenida. Eu não sabia no que eu estava me metendo, mas por Harry eu faria algo em relação a isso.

Andei contra o vento que deixava meus cabelos despenteados por quase 1 hora até chegar próximo a minha casa, logo senti meu celular vibrar e então atendi.

— Zayn?

— Consegui informações.

— Me passe, por favor.

— Nick é bem previsível, ele está indo agora para o beco onde eu ia.

— Você acha que eu devo ir?

— Sim, mas antes passe aqui, eu vou com você.

— Ok.

Durante o percurso eu concluí que sou um ser engraçado, minha força vem de dentro e muitas vezes nada do externo me destrói, mas as vezes um simples tocar me derruba. Não eu não passei a ter ódio de Nick ou coisa assim, eu apenas queria que ele sumisse de uma vez por todas, não que morresse, mas sim que achasse alguém que o fosse fazer feliz.

Pode parecer engraçado, mas Harry durante esse tempo que está comigo cativou coisas novas. Ok Louis, mas todos dizem isso, no meu caso é diferente, até meses atrás eu me olhava no espelho e a vontade de ver meu sangue escorrer era imensa, hoje eu olho no espelho e sinto vontade de abraçar o Harry. É,  Louis, as coisas realmente mudaram.

Cheguei a frente da casa de Zayn e ele já me esperava pronto para irmos. Eu tremia e não sabia se era de frio, mas poderia garantir que o medo dominava. Conforme íamos andando para as partes baixas da cidade a tarde ia chegando.

O beco cheirava a cigarro, bebida e maconha, eu queria sair dali correndo, mas se ali se encontrava algo que me pertencia então eu iria ficar.

— Eai cara, quanto tempo, quem é esse tampinha? – Um garoto meio barbudo disse olhando para Zayn e depois dando um leve tapa na minha cabeça.

— Esse é meu amigo Louis, eu quero saber de Nick, como estão os programas dele?

— Estão bem, deu sorte dele hoje ter horário, pode entrar, você já sabe o caminho certo?

— Claro, depois na saída eu pago.

Zayn foi adentrando o espaço e puxando o meu braço, logo empurrando uma porta onde pude ver a silhueta de Nick parada em uma janela.

— O que desejam? – Ele perguntou sem se virar em nossa direção.

— O que é de Harry de volta, serve? – Zayn cuspiu ríspido e fez com que as costas de Nick ficassem eretas de repente.

— Ainda não se conforma que eu fodi com o seu amorzinho não é mesmo, Louis? – Nick disse rindo fracamente e eu apenas me encolhi, não sendo capaz de respondê-lo.

— Você está rindo da própria piada? Afinal isso não é verdade, mas vamos ao que interessa, devolva o celular de Harry. - Zayn disse dando um passo curto até Nick que continuava de costas para nós dois.

— Vai me bater caso eu não devolva?

— Eu posso.

— Eu tenho reforços.

— Não, você não tem.

— RICK! VENHA AQUI!

Alguns segundos se passaram e ninguém apareceu, Zayn tinha razão.

— Eu disse que ninguém viria, agora você vai agir e entregar da melhor forma ou vai querer que as coisas piorem?

— Eu entrego, vocês me deixam aqui quieto depois disso?

— Claro que sim, mas eu não quero apenas que você entregue e sim que suma da vida de Harry e Louis. Se você é mal amado a culpa não é deles, tente se amar em primeiro lugar e talvez quem sabe alguém te ame. – Zayn esticou a mão e logo foi depositado um aparelho prateado na mesma virou as costas saindo e deixou um papel na mão de cada um dos “seguranças” que ficavam na porta.  Acenou para um tal de Rick, ao menos era o que a estampa da blusa dizia, e logo após pegou um pacote voltando em direção a entrada.

Caminhamos pra longe dali por um tempo e então eu resolvi fuçar o celular de Harry, que ainda deixava uma foto nossa em sua tela de bloqueio. Mesmo com o medo do momento anterior, meu coração se encheu ao ver aquela imagem e meu pensamento voou a ele que estava naquela cama do hospital.

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