𝘆𝗼𝘂 𝗮𝗴𝗮𝗶𝗻?! - 𝗄𝖺𝗀𝖾𝗁𝗂𝗇𝖺

9. unha e carne.

 
  Kageyama sempre foi conhecido por suas fortes opiniões. Se não gostasse de alguém, não iria querer vê-lo nem pintado de ouro. Se concordasse com algo, permaneceria com aquilo até o fim. Justamente por ser tão decidido, em seu último no ensino médio, tudo ao seu redor pareceu desabar.

Na teoria, tudo já estava resolvido. Já tinha algumas possíveis carreiras para seguir em mente, havia arranjado um emprego jovem aprendiz e juntava dinheiro para seu tão sonhado curso. Nada parecia pronto para atacá-lo e acabar com todos os seus planos. Nada além de uma pessoa...

  Hinata Shoyo,
era seu melhor amigo desde que iniciaram o ensino médio. Kageyama podia até não afirmar em voz alta, mas ele era fortemente grato por aquilo ter acontecido.

Naquela altura do campeonado, os dois se tornaram inseparáveis. Como unha e carne ou qualquer comparação boba que fosse, nada superava seus sentimentos pelo garoto. Isso de estendeu até que os problemas começassem a surgir.
Ele podia se lembrava da primeira vez em que reparou em seus sentimentos.

Os dois garotos se encontravam na grama do quintal da casa de Tobio, deitados sobre as estrelas. Pra outras pessoas, podia soar um tanto estranho a quantidade de vezes que eles repetiam aquilo durante a semana. No entanto, nenhuma delas entendia a importância daquele lugar. O moreno nunca teve facilidade para conversar sobre seus sentimentos. Sempre que tentava comentar sobre coisas que sentia, a vergonha parecia querer arrastá-lo para dentro de si novamente. Isso até conhecer Hinata e a conexão deles aumentar. Com Shoyo, tudo era mais simples. Por isso, quando estavam com problemas bastava dizer

"Vamos nos ver essa noite? Preciso contar algo às estrelas"

e um sorriso brotava nos lábios de Shoyo instantaneamente. Em cada uma daquelas noites, Tobio se sentia mais envolvido pelo ruivo. Cada conselho, riso e desabafo que tinham juntos, nada parecia irrelevante. A maneira em que virava de frente pra si e a luz da lua iluminava seu olhar, fazia-o questionar se de fato era de verdade. Se aqueles sentimentos que nunca havia sentido também eram de verdade.

— Kags, você já se sentiu... enjoado com alguém? - o mais baixo perguntou olhando no fundo de seus olhos escuros, mordendo os lábios de maneira lenta e nervosa.

— Em que sentido você quer dizer? - o som do vento forte nas árvores parecia acompanhar cada uma de suas palavras.

— Bom, eu também não sei. - pausou, cruzando os braços em cima do corpo - Acho que não é algo ruim.

— Não é?

— Não. É um nervosismo bom.

— Nervosismo bom? - perguntou Tobio.

— É. Vai ficar só repetindo o que digo? Não vai responder? - brincou, os dois sorriram de leve.

— Eu me sinto assim com você, sabe? Um nervosismo bom. - afirmou, de repente. As bochechas do ruivo arderam.

— Você é bobo? Por que falou isso do nada? - bateu em sua barriga, levando um tapa na cabeça como vingança.

— Pensei que tivéssemos jurado às estrelas que só contariamos a verdade diante delas. — completou, dando de ombros.

— Omitir não é mentir, de qualquer forma.

Kageyama virou-se bruscamente para o garoto ao seu lado.