Capítulo 2

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Quando se joga com fogo, pode-se queimar os dedos.
– Friedrich Nietzsche
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Nicola chegou ao gabinete na manhã de segunda-feira e, ao abrir a porta, ficou paralisada por um instante. Sua sala estava repleta de vasos de tulipas, cada uma posicionada cuidadosamente em diferentes pontos. As flores cobriam sua mesa, o aparador ao lado das janelas, e até pequenos vasos decoravam as prateleiras de livros. O aroma fresco invadia o ambiente, criando uma atmosfera delicada, mas também opressiva, como se o gesto fosse impossível de ignorar.

Ela caminhou lentamente até sua mesa, onde o maior dos arranjos estava posicionado com destaque, um cartão repousando sobre ele. Nicola pegou o cartão com um suspiro, já sabendo de quem era, mas se perguntando até onde ele iria com aquilo.

Claudia, que havia entrado logo atrás dela, observou em silêncio, conhecendo bem o olhar contido de Nicola, enquanto a senadora analisava cada detalhe com uma expressão impassível, mas com algo indeterminado brilhando em seus olhos.

— Nossa, ele exagerou! — disse Nicola, com um leve sorriso enigmático nos lábios.

Claudia, que sempre conhecia o estado de espírito da amiga, deu de ombros, mas sem disfarçar o divertimento.

— Mas me parece que ele já desistiu, Nic. Não chegou flores hoje..

Nicola suspirou.

— Talvez ele queira entregá-las pessoalmente.

Claudia a olhou sem entender.

— Como assim?

Nicola guardou o cartão com calma enquanto olhava para o maior dos arranjos.

— Ele aparecerá aqui hoje.

Claudia, que estava organizando alguns papéis sobre a mesa, parou no meio do movimento e franziu o cenho, surpresa.

— Ele... vai aparecer aqui hoje? — perguntou, cruzando os braços e se aproximando da mesa. — E como isso aconteceu, exatamente?

Nicola soltou um suspiro e deu um leve sorriso antes de pegar o celular e o mostrar para Claudia.

— Eu o intimei — disse com simplicidade, seus olhos brilhando de astúcia. — Mandei uma mensagem na sexta-feira, direta e sem rodeios. Quero ver se ele é tão corajoso e persistente quanto parece ser com essas flores.

Claudia ficou boquiaberta por um momento, absorvendo a informação. Ela conhecia Nicola o suficiente para saber que aquilo não era apenas uma resposta a um flerte. A senadora estava testando Luke, e agora, as coisas estavam prestes a ficar realmente interessantes.

Claudia riu baixinho.

— Você é implacável, Nic. Será que ele vai encarar o desafio?

Nicola levantou o olhar, confiante.

— Logo saberemos.

Nicola deixou sua bolsa de lado e se sentou à mesa, pegando a primeira pilha de documentos. Seu olhar sério varreu os papéis, mas havia uma tensão no ar, como se estivesse se preparando para mais do que apenas revisões.

— Preciso analisar esses documentos, Clau — disse, sem desviar o olhar do trabalho à sua frente. — Não quero ser interrompida, a menos que seja o Sr. Newton.

Claudia, encostada na porta, observava a cena com um sorriso de quem entendia o que se passava.

— Claro, sem problemas — respondeu, tentando esconder o leve tom de diversão. — Vou me certificar de que ele entre diretamente.

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