Capítulo 3

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O defeito que você percebe imediatamente em alguém que acabou de conhecer deve estar em você também.
Se não estivesse,
você não o teria percebido tão rápido.
- Haemin Sunim
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Luke voltou para sua mesa com um sorriso discreto, mas cheio de satisfação. O humor que antes estava pesado e confuso havia se transformado completamente. Ver Nicola, e especialmente ver como ela reagiu à sua presença, de alguma forma o acalmou. Sentia que, apesar do momento desconfortável, ele havia recuperado o controle de uma situação que começava a sair do seu alcance.

Ele se acomodou de volta na cadeira, ignorando os olhares curiosos dos executivos que o acompanhavam no jantar. A presença de Marcos Rosales ao lado de Nicola já não parecia tão ameaçadora. Na verdade, o simples fato de tê-la visto, de ter interrompido aquele momento entre os dois e de ter falado com ela, o fazia sentir-se em vantagem.

O jantar prosseguiu com uma mudança notável no comportamento de Luke. Ele estava mais participativo, mais envolvido nas conversas e, acima de tudo, determinado a fechar o acordo que havia buscado por tanto tempo. As negociações fluíam com facilidade, e sua confiança, renovada pelo breve encontro com Nicola, transparecia em cada palavra que dizia.

Os executivos à mesa notaram a mudança, e o clima de tensão que pairava no início desapareceu. Luke conduziu as discussões com precisão, sua mente afiada de volta ao jogo. O acordo com a Ferrari, que antes parecia incerto, foi selado ali mesmo, com apertos de mão e sorrisos satisfeitos de todos os lados.

Ao final da noite, enquanto se despedia dos executivos, Luke não pôde deixar de pensar que aquele era apenas o primeiro de dois grandes negócios que ele planejava fechar. E o segundo, sem dúvidas, envolvia Nicola Coughlan.

— Vejo que a ida ao banheiro surtiu resultado — disse Thompson com um sorriso, enquanto eles se encaminhavam para a saída.

Luke soltou uma risada baixa, colocando as mãos nos bolsos do paletó.

— Às vezes, tudo o que precisamos é de uma pequena distração para ajustar o foco — respondeu, com um brilho de satisfação no olhar.

Thompson ergueu uma sobrancelha, claramente cético.

— Distração, hein? — provocou, sabendo muito bem o que Luke realmente queria dizer. — Parece que essa distração tem nome e sobrenome.

Luke sorriu, sem confirmar, nem negar. Ele sabia que aquela noite, apesar do sucesso nos negócios, tinha sido moldada por algo muito além do acordo com a Ferrari. Nicola Coughlan ainda ocupava seus pensamentos.

Luke se despediu de Thompson com um aperto de mão firme e um aceno discreto. Apesar do sucesso da noite, ele estava ansioso por um momento de silêncio para organizar seus pensamentos.

Enquanto dirigia pelas ruas iluminadas de Londres, a cidade parecia mais tranquila do que o habitual. A parceria com a Ferrari havia sido fechada com êxito, mas sua mente continuava voltando para Nicola. A imagem dela sorrindo durante o jantar com Marcos Rosales o incomodava de uma forma que ele não estava acostumado a lidar.

Chegando em sua casa, Luke estacionou o carro na garagem e ficou um momento no veículo, observando o vazio ao seu redor. Por mais que tivesse conquistado tanto naquela noite, havia uma sensação de inquietação que ele não conseguia sacudir. Em vez de entrar em casa, ele deu meia volta com o carro e saiu.

Nicola voltou à mesa com um sorriso controlado, mas por dentro sentia um turbilhão. Assim que se sentou, percebeu que continuar ali seria inútil. Sua cabeça estava uma bagunça, e o breve encontro com Luke havia desestabilizado tudo. O sorriso que ela forçou para Marcos Rosales já não escondia mais seu desconforto.

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