Capítulo 4

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Mas no segundo em que ela abriu os olhos e olhou para mim, eu soube. Ela ia ser a minha morte ou ela seria a pessoa que finalmente me traria de volta à vida.
- Collen Hoover
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Luke abriu os olhos, piscando contra a luz suave que invadia o quarto. Os primeiros raios de sol atravessavam as frestas das cortinas, projetando sombras dançantes pelo ambiente. Ele respirou fundo, sentindo o cheiro envolvente de Nicola que parecia pairar pelo ar, misturado com o perfume dela impregnado nos lençóis. Ela estava ali ao seu lado, ainda adormecida, os cabelos espalhados pelo travesseiro, uma expressão serena no rosto. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu uma calma incomum, quase hesitante, como se a presença dela fosse a pausa que ele nem sabia precisar.

O calor do corpo de Nicola pressionado contra o dele era uma sensação quase hipnotizante.
Luke percebeu que sua mão ainda repousava suavemente sobre o seio dela, como se a noite inteira tivesse sido um instante congelado, e ele não quisesse se desfazer daquela conexão.
Com cuidado, deslizou os dedos pela pele dela, sentindo a suavidade que contrastava com sua própria intensidade. Observando o rosto de Nicola, agora tão sereno e vulnerável no sono, ele se pegou sorrindo. Era algo novo, quase desconcertante.

Enquanto observava Nicola dormindo, Luke se perguntou como tudo havia acontecido tão rápido. Ele nunca foi do tipo impulsivo, e ainda assim, naquela noite, tudo o levou a ela. Ele lembrou do instante em que hesitou em entrar em casa; ao invés disso, virou o carro e pegou o celular. Ligou para Simone, que atendeu num tom de sono interrompido.

— Flores? Agora? — a assistente questionou, ainda tentando entender.

— Isso mesmo, Simone. Eu preciso de tulipas. E o endereço da senadora Coughlan — ele respondeu com firmeza.

Houve uma pausa do outro lado da linha. Talvez Simone estivesse tentando entender o que realmente estava acontecendo com seu chefe. Mas, sem mais perguntas, ela o ajudou.

E foi a partir daquela ligação que o improvável começou a tomar forma. Luke foi até a floricultura de um conhecido de Simone, que, apesar do horário, concordou em abrir as portas especialmente para ele, já que morava logo acima da loja.

Com o buquê de tulipas em mãos e a cabeça cheia de incertezas, Luke dirigiu até o endereço da senadora. Havia algo na ideia de surpreendê-la que o impulsionava, um desejo inexplicável de estar perto, de fazer-se presente na mente dela.

E agora, ele a contemplava, admirando cada detalhe enquanto ela dormia ao seu lado. Nicola parecia algo etéreo, uma visão que mesclava beleza e delicadeza de maneira arrebatadora.

Luke ainda mal acreditava que um simples gesto — um buquê, um flagrante — o havia levado até aquele instante tão íntimo e intenso, ao lado dela, exatamente onde sentia que sempre deveria estar.

Ele se inclinou, depositando um beijo suave nas costas dela, deixando seus lábios repousarem ali por um instante. O calor da pele dela parecia aquecer algo dentro dele, e ele fechou os olhos, absorvendo aquele momento.

Nicola começou a despertar devagar, sentindo o calor dos braços firmes de Luke ao redor de seu corpo. Um leve sorriso surgiu em seus lábios enquanto ela se acomodava melhor, sem abrir os olhos, aproveitando o toque reconfortante e a segurança que aquele abraço inesperadamente lhe trazia.

Ao perceber que ela havia despertado, ele passou a ponta dos dedos pela pele macia de seu ombro, desenhando círculos leves, como se quisesse se certificar de que ela estava ali de verdade. Nicola abriu os olhos devagar, encontrando o olhar dele, cheio de uma intensidade que ela ainda não tinha visto. Por um instante, ninguém disse nada, e eles apenas se encararam, sem precisar de palavras.

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