Regra 11: Finja Que Não Está com Ciúmes (Até seu Amigo Flertar com Ela)

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Guia de Suporte ao Leitor: Sentiu ciúmes da garota que você diz odiar? Desconte fodendo ela com seus dedos.

Ravy Miller.

EU ESTAVA ENCOSTADO NO BALCÃO do bar, segurando um copo com uísque que já estava quase vazio, mas eu me recusava tomar o resto. Mas, sinceramente, não era isso que me incomodava. Meu olhar estava fixo em Lilith, a poucos passos de distância, flertando com o Caleb. Cada risada dela era como um soco no meu estômago, e quanto mais eu via ela se inclinar para ele, mais eu me irritava.

Que diabos aquela garota infernal estava fazendo ali? Desde quando esses dois se conheciam? Que porra estava acontecendo? Em um dia ela estava sentada no meu colo tentando me matar enquanto eu dormia e no outro está praticamente se jogando em cima de Caleb.

Eu tinha me afastado faz um tempo, só observando eles de longe. Tive que me afastar, se não, juro por Deus que iria socar a cara daquele infeliz.

Deixei o copo em cima da mesa que eu me aproximei e fui em direção ao banheiro. Por algum motivo, o banheiro daquele bar era único, e, eu tive a sorte de não ter nenhum casal se pegando dentro dele. Tranquei a porta e fui até o pequeno espelho que tinha ali, que estava rachado no canto, quase não dava para ver meu reflexo. Bufo e me encaro. Meu rosto distorcido por conta do espelho rachado.

Não. Agora não.

Queria afastar o olhar olhar, mas eu não conseguia. Era como se o espelho estivesse me puxando, me forçando a encarar o que estava ali — ou o que sobrou de mim.

Meus olhos se fixaram nas partes distorcidas, cada fragmento me mostrando algo diferente, como se houvesse várias versões de mim ali. Uma delas tinha um olhar vazio, sem vida. Outra parecia raivosa, com mandíbula tensa, como se estivesse a ponto de explodir. E outra... outra simplesmente não fazia sentido. Meu rosto, meu corpo, tudo se misturava, se deformava no caos daquele espelho quebrado.

Respirei fundo, tentando manter o controle, mas minha cabeça estava em outro lugar. Tudo ficou silencioso por um momento. Só havia eu e aqueles pedaços de reflexo. Mas o silêncio não durou. De repente, vozes. Não vinham do bar. Elas vinham de dentro de mim, como se tivessem estado lá o tempo todo, esperando o momento certo para sair.

Você falhou.
Foi tudo culpa sua.
Você mereceu passar por aquilo.

Essas vozes ecoavam, ficando cada vez mais altas, cada vez mais reais. Minha respiração ficou mais pesada, meu peito doía como se uma tonelada estivesse pressionando meus pulmões. Tentei desviar o olhar, mas era inútil. Aquele espelho me segurava ali, me obrigando a encarar cada parte feia, cada parte quebrada.

Meus punhos se fecharam, as unhas se cravando no mármore da pia. Tinha que sair. Tinha que sair agora. Mas eu estava congelado, preso ali, diante de mim mesmo.

Uma risada ecoou — e ela não veio de mim. Ela veio de um dos reflexos, aquele com o olhar vazio. Eu sabia que não era possível, mas parecia tão real. A risada continuou, baixa, quase imperceptível no começo, mas foi crescendo, enchendo o quarto, até ser a única coisa que eu conseguia ouvir. Minha visão começou a embaçar, como se o espelho estivesse se desfazendo diante de mim, derretendo junto com o que restava da minha sanidade.

Meu coração batia tão forte que pensei que ia explodir. As vozes, os reflexos, o caos... eu estava à beira de perder completamente o controle. Senti a náusea subir e me inclinei, ofegante, tentando achar algum ponto de realidade, algum pedaço de calma.

Manual do Pecado VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora