- 6 - TALENTO

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Capítulo 6 - TALENTO

Ainda me recuperando da luta, cada músculo do meu corpo latejava enquanto me sentava ao lado do tatame. A adrenalina começava a ceder, mas o orgulho de ter segurado tanto tempo contra o sensei Kaito me fazia esquecer a dor. Porém, antes que eu pudesse me acomodar, algo inesperado chamou minha atenção. Ali, no centro do tatame, estava Yudi — meu irmão mais velho.

Ele tinha chegado sem que eu percebesse, já vestido em seu uniforme de treino. Os outros alunos ao redor murmuravam, reconhecendo sua presença com respeito. Afinal, Yudi não era qualquer um. Ele era conhecido como o terceiro mais forte do dojo, um lutador nato, apesar de sua natureza preguiçosa. E agora, diante de todos, ele estava prestes a desafiar o sensei Kaito no mesmo teste que eu acabara de enfrentar.

— Ele realmente vai tentar? — alguém sussurrou próximo a mim.

Eu mesmo estava surpreso. Yudi raramente participava desses treinos, sempre inventando alguma desculpa para faltar. Mas ali estava ele, se posicionando diante do sensei com a postura relaxada, porém confiante. Era típico dele. Yudi sempre carregava aquele ar despreocupado, mas todos sabíamos que, quando ele se dedicava, seu talento natural era imbatível.

— Vamos ver se toda essa preguiça vai servir de algo hoje, — pensei comigo, curioso para saber o que aconteceria.

O sensei Kaito sorriu levemente, como se estivesse prestes a se divertir.

— Yudi Mori, você veio lutar sério desta vez? — perguntou Kaito, sua voz firme, mas com um tom provocador.

— Sério o suficiente, — Yudi respondeu com um meio sorriso, entrando em posição de combate.

O teste começou, e no primeiro instante, Yudi já demonstrou o motivo pelo qual era tão respeitado. Diferente de mim, ele não apenas reagia aos golpes de Kaito, mas parecia antecipá-los. Seus reflexos eram incrivelmente rápidos, e sua capacidade de adaptação, impressionante. Cada movimento de Yudi era preciso, quase fluido, como se estivesse um passo à frente do mestre.

Enquanto eu observava, ficou claro que ele não dependia de força bruta ou treino constante. Yudi tinha algo que muitos de nós no dojo não possuíam: um talento natural que parecia não ter limites. Cada defesa era perfeita, cada esquiva calculada, como se ele estivesse no controle o tempo todo.

O sensei Kaito aumentou a intensidade dos golpes, mas Yudi não cedia. Ele se movia com uma leveza e agilidade que faziam parecer que o teste era fácil, algo que nenhum de nós conseguia fazer. Todos no dojo observavam em silêncio, impressionados com o que viam. Era o talento de Yudi em sua forma mais pura, e pela primeira vez, ele parecia estar levando a sério.

Mas, apesar de sua performance impecável, eu sabia que o sensei Kaito não era alguém a ser subestimado.

Enquanto o teste avançava, a tensão no dojo crescia. Yudi não apenas se defendia — ele começava a ditar o ritmo da luta. Seus movimentos eram precisos, rápidos e eficazes. A cada golpe do sensei Kaito, ele encontrava uma maneira de esquivar ou bloquear com perfeição. O silêncio no dojo era palpável, todos os olhos estavam fixos neles.

Eu observei com admiração crescente. Yudi estava superando todas as expectativas. Mesmo eu, que conhecia seu talento natural, não esperava que ele fosse tão longe. Do outro lado, Léo e Hiruma, também surpresos, trocavam olhares inquietos.

— Cara... ele tá destruindo! — Léo murmurou, incapaz de desviar os olhos. — Como é que ele faz parecer tão fácil?

— Esse é o Yudi... — Hiruma respondeu, sério. — Ele nunca treina, mas quando quer, é imparável. Não dá pra competir com alguém assim.

O sensei Kaito também parecia notar a diferença. Seu sorriso desvanecera, e sua postura ficou mais séria. Ele começou a aumentar ainda mais o ritmo dos ataques, mas Yudi mantinha a calma, desafiando cada um deles. Era quase como se ele estivesse estudando os movimentos de Kaito, procurando uma brecha.

O sensei atacou com um chute giratório, rápido e letal. Yudi abaixou o corpo no último segundo, esquivando com precisão milimétrica. Quando Kaito tentou um soco direto logo depois, Yudi bloqueou com o antebraço e, então, pela primeira vez no dojo, algo inédito aconteceu.

Yudi contra-atacou.

Com uma velocidade impressionante, ele avançou antes que o sensei pudesse reagir, desferindo um soco direto no estômago de Kaito. O impacto foi brutal, um som seco ecoou pelo tatame. O sensei Kaito recuou dois passos, claramente afetado pelo golpe. Por um segundo, todos ficaram em choque. Era como se o tempo tivesse parado.

— Ele acertou o sensei Kaito! — Léo exclamou, incrédulo. — Ninguém nunca fez isso!

Eu, por minha vez, fiquei estático, sem conseguir acreditar no que acabara de presenciar. Hiruma também parecia atônito, mas um sorriso surgia lentamente em seu rosto.

— Yudi... ele conseguiu. — Hiruma murmurou, impressionado.

O sensei Kaito se recuperou, endireitando a postura. Por um momento, uma tensão silenciosa pairou no ar, enquanto ele olhava para Yudi, avaliando o jovem lutador. Então, algo inesperado aconteceu — o sensei sorriu. Não um sorriso de ironia, mas de respeito.

— Muito bem, Yudi. — disse Kaito, sua voz agora mais suave, quase respeitosa. — Você me acertou. Parece que subestimei seu talento.

Yudi, no entanto, não parecia surpreso. Ele apenas se afastou, respirando profundamente e soltando a tensão de seus músculos.

— Obrigado, sensei. — respondeu ele, com sua habitual calma, embora um brilho de satisfação fosse visível em seus olhos.

O dojo inteiro parecia estar em choque. Ninguém nunca havia acertado o sensei Kaito daquele jeito. Aquilo era uma vitória sem precedentes.

O tempo do teste ainda não havia acabado, mas o sensei levantou a mão, encerrando a luta.

— Chega por hoje. — declarou ele, virando-se para os alunos. — Todos vocês deveriam observar e aprender com o Yudi. Ele é o exemplo de que talento e dedicação podem levá-los longe, mas sem o trabalho duro, isso não se sustenta. E Yudi... — o sensei olhou diretamente para meu irmão. — Não desperdice esse talento.

Yudi apenas assentiu, enquanto todos os outros no dojo o encaravam com uma mistura de respeito e espanto. Eu, ainda atordoado, sentia uma mescla de orgulho e inveja. Ele havia conseguido o que ninguém mais conseguiu. Agora, ele não era apenas o irmão mais velho preguiçoso. Ele era Yudi, o lutador que derrotou o sensei Kaito.

— Ele realmente fez isso... — murmurei para mim mesmo, tentando absorver tudo o que tinha acabado de acontecer.

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