Em meio à humilhações e agressões, Hiroki decide por um fim à tudo isso, e consegue pedir ajuda ao seu pai que o leva embora para sua nova família, Hiroki deve decidir qual caminho seguir, voltar ao passado e resolver pendências ou apenas seguir em...
O som dos golpes ecoava no ar, misturado ao barulho das respirações pesadas e ao ranger das madeiras do tatame. O dojo "Hungry Lions" era um local imponente, tanto por sua estrutura quanto pela atmosfera intensa que envolvia seus praticantes. As paredes estavam cobertas por faixas de conquistas e retratos de mestres antigos, ícones de uma tradição que o trio respeitava e almejava superar. Naquele dojo, os alunos não estavam apenas treinando artes marciais - estavam moldando seus espíritos.
Hiroki, Hiruma e Léo já haviam se trocado e agora aqueciam seus corpos, preparando-se para mais uma sessão exaustiva de treinamento. A luz suave que entrava pelas janelas amplas iluminava o espaço de forma quase sagrada, refletindo o suor que começava a brilhar em suas peles. O barulho constante de pés deslizando e punhos acertando alvos enchia o ambiente, criando uma cadência que era familiar a todos ali.
- Hoje, vamos treinar resistência! - anunciou o sensei, sua voz firme cortando o ar. Ele era um homem de porte robusto e olhar severo, uma figura que impunha respeito instantâneo.
Os três amigos se entreolharam. Sabiam o que isso significava: dor, cansaço e, acima de tudo, superação. Era o tipo de treino que separava os fracos dos fortes, e nenhum deles pretendia ser deixado para trás.
- Vamos dar o nosso melhor! - murmurou Léo, tentando manter o otimismo, embora soubesse que as próximas horas seriam implacáveis.
Hiruma apenas assentiu, focado, enquanto Hiroki estalava os dedos das mãos, se preparando mentalmente. Ele adorava o karatê, mas sabia que o dojo exigia tudo de si, tanto física quanto mentalmente. E, no fundo, ele se perguntava se algum dia seria realmente capaz de estar à altura dos mestres cujas imagens os observavam das paredes.
O sensei se posicionou no centro do tatame, sinalizando o início do treinamento.
O sensei Haku era conhecido por sua habilidade incrível e seu rigor meticuloso, mas, por mais duro que fosse, havia uma certa gratidão por ele estar substituindo o sensei Kaito. O sensei Kaito não só levava os alunos ao limite do corpo humano, como também dobrava suas exigências para quem falhasse, impondo o triplo de trabalho no dia seguinte. O treinamento com Haku, embora severo, parecia quase uma pausa comparado à intensidade que Kaito exigia.
- Hiroki! Na frente - a voz imponente do sensei Haku ecoou pelo dojo, agora em completo silêncio, interrompendo os murmúrios que circulavam entre os alunos.
O tatame estava cercado de observadores atentos. Hiroki respirou fundo. Mesmo que já tivesse enfrentado aquele teste várias vezes, o nervosismo nunca deixava de se manifestar. Suas mãos suavam, mas ele manteve a postura firme.
- Sim, sensei! - respondi com o máximo de determinação que consegui reunir, apesar da tensão que percorria meu corpo.
O sensei me fitou com seus olhos penetrantes antes de perguntar: - Hiroki, você sabe como o teste funciona, certo?
Respondi rapidamente: - Sim, sensei!
O teste de resistência era brutalmente simples na teoria, mas quase impossível na prática. O aluno precisava se defender dos ataques do sensei por três minutos inteiros sem ser atingido uma única vez. Sem contra-atacar. Apenas esquivar, bloquear e resistir. Muitos já haviam tentado, e todos falharam. O sensei Haku, apesar de não ser tão implacável quanto Kaito, ainda era um adversário incrivelmente rápido e forte.
- COMECEM! - gritou o aluno responsável por cronometrar o tempo.
Em um instante, o sensei Haku avançou. Sua velocidade era assustadora. Chutes rápidos e socos precisos vinham em minha direção, forçando-me a usar tudo o que tinha para me defender. Eu me esquivava por pouco, bloqueando os golpes que conseguia, mas a cada movimento, ele parecia aumentar o ritmo. Os chutes vinham com mais força, os socos com mais precisão. Eu estava completamente na defensiva, lutando para não ser atingido.
Consegui segurar um de seus chutes e, em um ato desesperado, tentei aplicar uma rasteira. Mas seu equilíbrio era impecável; sua perna nem sequer vacilou. Antes que eu pudesse reagir, Haku contra-atacou com um chute de cima para baixo, rápido demais para que eu evitasse. Senti o impacto me acertar com precisão, jogando-me ao chão.
- FIM! - gritou o aluno, enquanto o cronômetro marcava o tempo. - Hiroki resistiu por 2:30 minutos!
O sensei estendeu a mão, me ajudando a levantar com um leve sorriso no rosto. - Foi bem, garoto. - Ele dizia isso com uma sinceridade rara.
- Obrigado, sensei! - Respondi, abaixando a cabeça em respeito, antes de me retirar do tatame e sentar-me ao lado de Hiruma e Léo.
- Você foi muito bem, Hiroki - disse Léo com um sorriso de incentivo. Hiruma apenas assentiu, mas eu sabia que, para ele, isso era um elogio.
Eu sabia que tinha me saído bem. Na verdade, esse foi o meu recorde. Nenhum aluno dessa geração havia passado no teste de resistência, e Hiruma era o que mais havia chegado perto, com 2:48 minutos. Nem mesmo ele conseguiu vencer.
Dizem por aí que nossa geração, apelidada de "Geração S", é um fracasso. A geração mais desprezível do dojo. Mas eu odeio isso. E vou provar que, apesar das críticas, podemos ser os melhores.
Continua.
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