♠️Solução♠️

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Boa leitura


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I think I'll take my whiskey neat
My coffee black and my bed at three
You're too sweet for me
Hozier - Too Sweet 

...

Mais um copo de uísque descia pela minha garganta, queimando como se pudesse incinerar toda a raiva que borbulhava dentro de mim. A sensação se espalhava por meu corpo, lenta e traiçoeira, um fogo que consumia cada parte do meu ser. Uma parte de mim sabia que não havia bebida forte o suficiente para aplacar a fúria que crescia no meu estômago, mas ainda assim continuei, copo após copo, buscando um alívio que não viria.

O barulho abafado do ambiente ao redor não me distraiu, nem os risos distantes ou o murmúrio de conversas que enchiam o salão. Eu estava absorto demais em minha própria tempestade interna, em meu próprio rancor.

— Min Yoongi. — A voz de Patrick Conway, meu chefe, cortou meus pensamentos. Ela soou alta e familiar, irritantemente confiante, como se ele tivesse algum tipo de autoridade sobre mim.

Levantei os olhos lentamente, meus dedos ainda firmes ao redor do copo de uísque vazio. Lá estava ele, Patrick, o sorriso inconfundível estampado nos lábios. Mesmo no meio daquela festa corporativa, ele parecia pronto para um show, como sempre. No entanto, minha raiva só se intensificava com a visão daquele homem à minha frente.

— Senhor Conway. — Respondi, com uma simpatia forçada. Eu sabia que meu rosto traía minhas palavras; minha carranca estava fechada o suficiente para que ele soubesse que eu não estava para brincadeiras.

Ele se aproximou, os olhos cintilando com o que parecia ser satisfação. Era como se ele soubesse algo que eu não sabia, e isso me deixava ainda mais irritado.

— Você saiu nos jornais novamente. — Ele comentou, sem nem ao menos tentar esconder o tom malicioso na voz. Eu podia sentir o gosto do veneno em suas palavras.

Engoli a raiva e dei de ombros, como se isso não me incomodasse.

— Sim, mas você sabe que não passam de boatos. — Falei, tentando parecer desinteressado. Eu estava acostumado com os tabloides. Eles sempre arranjavam alguma coisa para falar, e eu não tinha tempo para me preocupar com cada fofoca infundada que surgia.

Patrick franziu o cenho, e o sorriso desapareceu de seus lábios, substituído por um semblante sério. De repente, ele parecia menos um colega e mais um superior prestes a dar más notícias.

— Sabemos que não é verdade. — Ele afirmou, como se estivesse me fazendo um favor ao dizer aquilo.

"Sabemos", ele disse. Mas quem é "nós"? E por que isso importava, afinal? Não importava que a verdade estivesse do meu lado, o dano estava feito. No mundo corporativo, a verdade era moldada pela percepção, e eu estava lutando contra uma imagem que não parecia disposta a desaparecer.

Respirei fundo, mantendo o controle.

— Bom, independente dos boatos, sou o melhor advogado da firma. Não será minha reputação que tirará esse mérito, ainda mais depois que eu assumir como CEO. — A confiança em minha voz era inabalável. Eu sabia o quanto havia trabalhado, o quanto me esforcei para estar onde estava. Ninguém, nem mesmo Patrick, podia contestar isso.

Patrick fez uma pausa, seu olhar se tornou distante por um momento, como se estivesse medindo suas palavras.

— Eu queria falar com você sobre isso. — Sua voz assumiu um tom grave, o tipo de tom que qualquer um no meu lugar teria reconhecido como o prenúncio de más notícias. — Optei por outro advogado.

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