Boa Leitura
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Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira-mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Diga Sim Pra Mim - Desejo de Menina...
O tempo era meu pior inimigo, eu tinha certeza disso. Em 29 anos de existência, ele nunca havia corrido tão rápido. Ontem mesmo estávamos na festa dos Kim, fingindo um romance que não existia, e num piscar de olhos, estávamos na terça-feira, o dia do casamento.
Maldita mentira.
Minha mente praguejava enquanto eu terminava de abotoar o terno. Cada botão parecia pesar, como se me prendesse um pouco mais nesse teatro que eu mesmo aceitei encenar. Sentia o estômago reclamar e um nó subia pela garganta; o casamento era em algumas horas, e o nervosismo parecia me devorar por dentro. Seria uma cerimônia simples, no cartório, com duas testemunhas aleatórias. Sem festas, sem grandes gestos — só uma encenação de um "para sempre" que não existia.
Minhas mãos suavam, os dedos levemente trêmulos enquanto eu olhava meu reflexo no espelho. O terno branco me caía bem, ajustado nos ombros e na cintura, mas parecia apertar meu peito de um jeito que ia além do tecido. Minha pele estava quente demais, aquele calor febril que eu conhecia bem — e tinha esquecido de novo de comprar o remédio, o que só tornava meu corpo uma fornalha. Como se não bastasse a ansiedade, ainda havia esse detalhe me lembrando da minha condição frágil.
Yoongi havia saído cedo, e até agora, nenhuma notícia além de uma mensagem rápida avisando que estaria no cartório no horário certo. Como sempre, ele era pontual e direto, sem floreios, sem sinais do que estaria sentindo. Se é que ele sentia algo.
Suspirei profundamente e ajeitei o terno mais uma vez. A aparência era tudo o que eu precisava sustentar hoje. Mas, ao mesmo tempo, meu peito reclamava, como se lutasse contra cada camada de tecido e mentira que me prendia. Porque, de alguma forma, bem lá no fundo, eu queria me libertar disso. Queria poder respirar sem pensar em máscaras, contratos, nem em aparências.
Maldito contrato.
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Eu rodei a cidade inteira, passando por onze casas de repouso até encontrar a certa. Assim que passei pelas portas, todos os olhares vieram direto para mim, curiosos e avaliativos. Uma enfermeira se aproximou rapidamente.
— Posso ajudar? — perguntou ela, com um sorriso educado.
— Estou procurando a vovó Ella. Ella Jung, suponho.
— Temos uma vovó Ella por aqui — ela respondeu com um tom mais amistoso. — Posso perguntar o que o senhor deseja?
— Sou o noivo do neto dela.
A surpresa estampou o rosto da enfermeira, e eu não pude evitar que um certo orgulho inflasse meu ego.
— Você é noivo do Hoseok? — ela repetiu, como se precisasse confirmar.
— Isso mesmo — respondi, mantendo o tom casual.
— Então acertou em cheio. Ela ama tulipas — disse, observando o buquê que eu segurava. Em seguida, indicou que eu a seguisse pelos corredores, guiando-me até um quarto espaçoso e bem iluminado. O ambiente era impecável, cheio de aparelhos modernos, uma sala dedicada a fisioterapia e tudo que ela precisava. A estrutura contrastava drasticamente com a simplicidade do apartamento de Hoseok.
Dentro do quarto, uma senhora de cabelos grisalhos estava concentrada em um quadro próximo à janela, pincelando com cuidado as cores da tela. A enfermeira bateu de leve na porta.
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Contrato de Aparências
FanfictionSinopse: Min Yoongi é conhecido tanto por seu talento na advocacia quanto pelos escândalos que o rodeiam. Após se cansar das promessas vazias de se tornar CEO na empresa onde trabalhou por anos, ele decide mudar para a Kim's Enterprise, uma concorre...