Capítulo 19: É hora do jogo virar

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Capítulo 19: É hora do jogo virar

O calor suave do dia abraçava Emma e Yoko enquanto caminhavam pela calçada, o sol filtrando-se pelas árvores e lançando sombras dançantes ao redor delas. O aroma de sorvete fresco pairava no ar conforme se aproximavam da sorveteria. Emma sentia uma ligeira tensão, uma mistura de desconfiança e alívio por estar fora da mansão. A presença de Yoko, no entanto, trazia uma leveza inesperada. Ainda assim, Emma não deixava de se perguntar por que a garota estava tão interessada em sua companhia.

Ao chegarem, Yoko fez o pedido rapidamente e se sentou à mesa de frente para Emma, um sorriso despreocupado no rosto enquanto brincava com sua colher.

"Então, como você está se sentindo em relação a tudo isso que está acontecendo?" Yoko perguntou casualmente, mas seus olhos mostravam uma curiosidade genuína.

Emma suspirou, pegando um pedaço do sorvete com desdém. "Confusa e cansada... Confusa demais! Eu não sei mais nada sobre a minha própria vida. Jenna controla tudo ao meu redor! E o pior de tudo... isso nunca deveria estar acontecendo comigo. Essa dívida é do meu pai, não minha. E Jenna faz parecer que eu sou a culpada por tudo." Sua voz transbordava frustração. "Ela me passa tanta raiva!"

Yoko balançou a cabeça em compreensão. "Jenna sempre foi complicada. Seu pai não tinha como pagar, e ela teve que ir atrás de quem podia... no caso, você. Filha dele, certo?"

Emma franziu o cenho. "Não faz sentido! Eu também não tenho como pagar, principalmente porque a querida Ortega não me deixa trabalhar! Se o objetivo dela é me humilhar ou me fazer sofrer para 'pagar' a dívida, então por que ela não fez isso com meu pai? Se não é dinheiro, qual é o objetivo?"

Yoko deu de ombros, uma expressão pensativa no rosto. "Nesse ponto, concordo com você... Acho que a Ortega se interessou por você."

Emma olhou para ela, surpresa e confusa. "Como assim, interessou?"

Yoko deu uma risadinha. "Jenna tem um jeito peculiar de lidar com os sentimentos. Às vezes, as ações dela falam mais alto do que qualquer coisa."

Emma quase deixou o sorvete cair. "Não, não, não! Yoko, você está completamente enganada. Eu e Jenna não temos nada a ver uma com a outra! Até agora, ela só mostrou que quer o meu pior, só mostrou que está disposta a acabar com a minha vida. Ela é o quê? Sadomasoquista, maluca ou doente? Não tem como alguém se interessar por outra pessoa assim, sem nem conhecer!"

Yoko arqueou uma sobrancelha, divertida. "E quem disse que ela não te conhece? Estamos falando de Jenna Ortega, querida. Acha mesmo que ela não conhece cada detalhe da sua vida?"

Emma hesitou, um calafrio percorrendo sua espinha. "Mesmo assim, seria loucura."

Yoko sorriu de forma enigmática. "A vida é uma loucura, Emma. Por que não aproveitar? Você pode virar o jogo, sabia?"

Emma ficou em silêncio, tentando entender o que Yoko queria dizer. "Como?"

"Se a Ortega estiver realmente interessada em você, use isso ao seu favor. Quanto mais próxima você estiver dela, mais chances tem de virar o jogo. Pense nisso."

Emma se inclinou para frente, os olhos estreitos. "Isso é um absurdo, Yoko. Não tem como."

Yoko deu uma risadinha divertida. "Emma, acorda, querida. Nada é impossível. Veja mais filmes, vai te ajudar a pensar fora da caixa."

Emma cruzou os braços, cética. "Estamos na vida real, Yoko."

"Independente disso," Yoko retrucou, brincando com sua colher. "Se você se aproximar da Ortega, pode conseguir muito mais do que imagina. Talvez até a sua liberdade."

Emma parou, as engrenagens de sua mente girando a todo vapor. "Talvez... isso até possa funcionar... mas..." Ela fez uma pausa, olhando desconfiada para Yoko. "Por que você está me dizendo tudo isso? Você faz parte desse ciclo. É amiga de Jenna. Como eu poderia confiar em você?"

Yoko olhou para ela com uma expressão sincera. "Eu sou diferente, Emma. Já passei por coisas que não desejo para mais ninguém. O que quero é evitar que outras pessoas passem pelo que eu passei."

Emma a observou por um longo momento, tentando decifrar as intenções por trás das palavras suaves de Yoko. A garota parecia genuína, mas algo dentro dela a alertava para ser cautelosa. Mesmo assim, a ideia de usar Jenna a seu favor era tentadora. Afinal, ela já estava envolvida nesse jogo perigoso. Talvez fosse hora de começar a jogar suas próprias cartas.

Enquanto terminavam o sorvete e começavam a caminhar de volta, Emma pensava nas palavras de Yoko. Por mais absurdas que parecessem, havia algo ali que fazia sentido. Talvez fosse realmente hora de virar o jogo.

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Continua...

Entre o Poder e a Queda ( Jemma )Onde histórias criam vida. Descubra agora