Alastor já estava do outro lado da sala, agarrando Vox pelo pescoço. A mão do radialista apertou com força, erguendo Vox da cadeira como se ele fosse um pedaço de papel.
— Por que diabos você foi abrir a boca, Vox?! — Alastor rosnou
— A-Al... Alastor... — Vox tentava falar, mas estava claramente sufocando. Sua tela piscava descontroladamente, sinais de estática e interferência surgindo ao redor — Foi só... uma... brincadeira...
— Brincadeira?! — Alastor apertou mais forte, inclinando-se sobre Vox até ficarem cara a cara — Eu quase perdi Angel por causa dessa sua “brincadeira”!
— Calma... c-calma... Vamos... c-com convers... ar... — Vox começou a gaguejar, seus olhos arregalados enquanto começava a perder o ar
Antes que Alastor pudesse apertar ainda mais seu aperto, a porta do escritório de Vox se abriu com um estrondo, e Angel entrou correndo, ofegante.
— Alastor! — Angel exclamou, correndo até eles. — Solta ele, agora!
Com um suspiro irritado, Alastor soltou Vox, que caiu pesadamente no chão, tossindo e engasgando enquanto tentava recuperar o ar.
— Maldição, Alastor... — Vox murmurou, com a voz rouca — Eu disse que era só uma brincadeira...
Valentino entrou logo em seguida, sua expressão em choque. Ele olhou a cena de Vox no chão e Alastor ainda bufando de raiva, com Angel ao lado dele, segurando seu braço carinhosamente. Valentino ergueu as sobrancelhas e adotou seu tom dramático e escandaloso de sempre.
— Que diabos está acontecendo aqui? — Valentino perguntou, observando Vox no chão
— Isso... isso é tentativa de homicídio! — Vox conseguiu falar entre os engasgos
— Infelizmente, mal sucedida... — Alastor murmurou com raiva, cruzando os braços enquanto observava Vox tossir
— Alguém vai me explicar por que o veado radialista está tentando matar o meu namorado? E... — Seus olhos se estreitaram ao notar Angel com Alastor — Espera aí... É verdade que você e o Alastor estão... juntos?
— É... a gente... tá junto, sim. — Ele olhou para Alastor, depois para Valentino, e finalmente assentiu lentamente, ainda segurando o braço de Alastor como se fosse a âncora que impedia o radialista de explodir de raiva
Valentino deu uma risada alta, claramente surpreso.
— Não me diga! — Valentino colocou uma mão sobre o queixo, como se fosse um detetive desvendando um mistério — Então o senhor radialista tem um coração, afinal! Eu nunca pensei que veria o dia... — Ele riu ainda mais, batendo palmas — Sabe, Alastor, já que agora você é o novo namorado de Angel, talvez pudesse me dar a honra de filmar um trabalho a três com vocês dois. Seria um grande sucesso, sem dúvida!
Alastor imediatamente estreitou os olhos, sua expressão de raiva voltando como uma tempestade. Ele deu um passo à frente, mas Angel o segurou, impedindo-o de avançar.
— Ah, Valentino... — Alastor começou, sua voz fria como gelo — Você só está respirando porque Angel não disse nada de ruim sobre você até agora. E eu sugiro que não teste a sorte novamente, caso contrário, eu garanto que não vai ser apenas uma tentativa de homicídio da próxima vez.
Valentino, apesar de ainda sorrindo, deu um passo para trás, levantando as mãos em um gesto de rendição, mas não sem deixar de soltar outra risada nervosa.
— Certo, certo, já entendi, Alastor. Brincadeira de mau gosto, ok — Ele balançou a cabeça, ainda se divertindo com a cena
Finalmente em casa, com as luzes do quarto de Alastor se acendendo assim que os dois passaram pela porta, Angel se deixou cair na cama, soltando um suspiro profundo de cansaço.
Alastor, porém, permaneceu de pé, cruzando os braços e fitando a parede com uma expressão sombria. Pensamentos obscuros rondavam sua mente, como a ideia de que, se tivesse acabado com aqueles dois, Angel seria apenas dele.
— Se eu tivesse acabado com aqueles dois idiotas... — ele murmurou, apertando os punhos — Seria tudo muito mais simples...
Angel, deitado na cama, olhou para Alastor e não pôde evitar um risinho ao ver a expressão irritada do radialista. Ele se levantou devagar e se aproximou, até ficar diante de Alastor. Sem dizer nada, Angel se inclinou e deixou um beijo leve na bochecha dele, um toque gentil que suavizava a tensão no ar.
— Eu te amo, Al... — Angel murmurou, sua voz suave e os olhos brilhando com carinho
Alastor manteve a expressão fechada por um momento, mas era impossível não ceder ao toque e às palavras de Angel. Mesmo que ele não quisesse admitir, aquele gesto derretia qualquer raiva que ainda fervesse em seu peito.
Meses se passaram...
Angel agora estava no quarto de Alastor, terminando de organizar suas coisas. Ele soltou uma risadinha ao ver suas roupas coloridas e chamativas misturadas com os ternos escuros e vermelhos de Alastor no armário. A mistura parecia improvável, mas de alguma forma fazia sentido para eles.
Angel se aproximou da cabeceira da cama, onde uma foto chamava sua atenção. Era uma imagem dos dois em frente a um arco de flores, ambos sorrindo, Alastor com um brilho nos olhos que só parecia surgir quando estava ao lado dele. A lembrança do casamento, realizado há poucos dias, ainda era viva e calorosa em sua mente.
Ele olhou para a aliança dourada em seu dedo e sorriu.
Alastor entrou no quarto, seu olhar logo pousando em Angel, que estava distraído admirando a foto. Ele não pôde evitar um sorriso ao vê-lo assim. Aproximando-se, Alastor entrelaçou os dedos com os de Angel, sentindo o frio da aliança de ambos se tocar.
— Ainda não acredito que você aceitou, meu querido... — Alastor murmurou
— E eu não acredito que você pediu... — Angel respondeu com um sorriso enorme e sincero iluminando seu rosto
Então, Alastor notou uma caixa branca sobre a cama, decorada com um laço elegante. Ele arqueou uma sobrancelha e apontou para o pacote.
— E isso, Angel? O que é? — Alastor perguntou com curiosidade
— Chegou para você hoje. Achei que fosse algo importante — Angel deu de ombros
Intrigado, Alastor desfez o laço e abriu a caixa, revelando um frasco familiar com um líquido rosado e cintilante. Ele imediatamente reconheceu o conteúdo: a mesma poção do amor que havia dado início a toda a confusão meses atrás. Alastor revirou os olhos dramaticamente ao ver o frasco, enquanto Angel soltava uma gargalhada alta, apoiando-se nele.
— Ah, claro... — Alastor murmurou com sarcasmo, pegando o bilhete que estava junto à poção e lendo em voz alta
"Caso o amor acabe, aqui está uma nova dose! Com carinho, Vox."
Alastor balançou a cabeça, um sorriso irônico surgindo em seus lábios, enquanto Angel continuava rindo ao seu lado, quase se dobrando de tanto rir.
— Aquele desgraçado... — Alastor comentou, colocando a poção de lado e puxando Angel para mais perto — Eu não preciso de uma poção para amar você, meu querido.
Angel, ainda rindo, deixou um beijo suave no rosto de Alastor, seu sorriso cheio de alegria enquanto se aconchegava nos braços dele.
— Eu sei, Al. E eu também não preciso de poção nenhuma... porque eu já sou completamente seu.
Alastor segurou Angel firme em seus braços, os dois rindo juntos enquanto a luz suave do quarto os envolvia.
— Sabe, Angel... Eu poderia matar Vox por esse presente — Alastor comentou com um sorriso divertido
— Mas você não vai, né? — Angel provocou, dando um beijo rápido nos lábios de Alastor
— Só desta vez... — Alastor riu, beijando Angel de volta, mais profundamente, enquanto o puxava para perto de si.
E naquele momento, nada mais importava.
Fim
Obrigado a todos que acompanharam essa fic! Cada leitura e cada comentário significam muito para mim. Espero que tenham se divertido.
Até a próxima!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Efeitos colaterais | RadioDust
FanfictionQuando a nova formula da Poção do Amor, criada por Velvet e Valentino acaba nas mãos de Alastor, a vida no hotel nunca mais foi a mesma! Um pequeno acidente faz com que Alastor ingira a poção, o demônio da rádio se encontra afetado por ela de uma fo...